domingo, setembro 18, 2022

Portugal é o 8.º pior na lista de países com maior risco de pobreza ou exclusão social

A pandemia fez com que Portugal subisse de 13.º para 8.º na lista de países europeus com maior risco de pobreza ou exclusão social. O primeiro ano da pandemia criou 230 mil novos pobres. A pandemia, já se sabia, fez subir para 2,3 milhões os portugueses em risco de pobreza ou exclusão social, o equivalente a 22,4% da população. Os dados divulgados esta quinta-feira pelo Eurostat confirmam este agravamento, mas vão ainda mais longe: mostram que Portugal passou a ser o oitavo pior da União Europeia na lista de países com maior risco de pobreza ou exclusão social em 2021. Antes da pandemia, a taxa de pobreza ou exclusão nacional era a 13.ª mais elevada. Agora, Portugal sai-se bastante pior nesta fotografia comparativa, porquanto este aumento de 2,4 pontos percentuais representa o pior agravamento nas condições de vida das famílias a nível europeu. Os dados relativos ao bloco europeu permitem perceber que, apesar da pandemia, 12 países conseguiram diminuir a taxa de pobreza. Em termos médios, a taxa de pobreza e exclusão social subiu para 21,7%, numa ligeira subida face aos 21,6% do ano anterior, afectando agora 95,4 milhões de pessoas. Nos extremos da lista estão a Roménia, que soma 34,4% da sua população em situação de pobreza ou exclusão, e, no outro lado, a República Checa, com apenas 10,7% da sua população ameaçada por estes problemas.

Este agravamento comparativo não devia surpreender ninguém. O Inquérito ao Rendimento e Condições de Vida do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgado em Dezembro de 2021 e referente aos rendimentos do ano anterior, já mostrava que o primeiro ano da pandemia fez 228 mil novos pobres, o equivalente ao número de cidadãos do Porto.

Analisadas as contas daquele que foi então o primeiro retrato das condições de vida pós-pandemia, 18,4% dos portugueses estavam já abaixo da linha de pobreza (mais 2,2 pontos percentuais do que no ano anterior). Tratou-se do maior agravamento desde 2003, numa inversão da tendência decrescente que se vinha registando desde 2015.

Quando ao risco de pobreza somamos o da exclusão social, aumentam para 2,3 milhões os portugueses em maus-lençóis. Recorde-se a este propósito que a categorização estatística rotula como estando em risco de pobreza todos os que são obrigados a viver com menos de 554 euros líquidos por mês. Já o risco de pobreza ou exclusão social abarca ainda todos aqueles que vivem em agregados familiares com intensidade laboral per capita reduzida (que trabalham em média menos de 20% do tempo de trabalho disponível) ou em situação de privação material e social severa, isto é, com dificuldade em aceder a pelo menos cinco de um conjunto de 13 itens: que abarca desde a dificuldade em custear uma refeição de carne ou peixe de dois em dois dias, manter a casa aquecida ou custear o acesso a roupa e calçado.

Sem surpresas também, as mulheres foram as mais prejudicadas, a par dos desempregados e das famílias monoparentais. Entre estas, duas em cada três famílias com crianças são pobres, o que traduz um agravamento em 5% da pobreza, dos anteriores 25% para 30%. Do mesmo modo, o aumento da pobreza entre as mulheres foi de 2,5 pontos percentuais (passou dos 16,7% de 2019 para os 19,2 por cento de 2020), acima do agravamento de 1,9 pontos percentuais entre os homens.

Não menos preocupante foi o agravamento da pobreza entre os trabalhadores: entre 2019 e 2020, o número de trabalhadores pobres subiu de 9,6% para 11,2%. O Governo não ignora esta realidade, porquanto fez constar do seu programa, que entrou em Abril na Assembleia da República, o propósito de retirar 660 mil pessoas da pobreza até 2030, entre as quais 170 mil crianças e 230 mil trabalhadores (Publico, texto da jornalista Natália Faria)

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