O QUE ESTÁ EM CAUSA?
"Isto é um roubo", acusa-se na publicação em causa, remetida ao Polígrafo para verificação de factos. O valor do prejuízo diário foi registado no primeiro semestre e o valor a receber do Estado será pago até ao final do ano. Estão corretos? "Sabia que... A TAP com prejuízo diário de 1,1 milhões de euros vai receber, até ao final do ano, mais 900 milhões de euros dos contribuintes portugueses. Isto é um roubo!" Assim se destaca num post de 24 de agosto no Facebook que suscitou dúvidas a leitores do Polígrafo.
De facto, no dia 23 de agosto, a TAP - Transportes Aéreos Portugueses emitiu um comunicado de divulgação de resultados - remetido à Comissão do Mercado de Valores mobiliários (CMVM) -, através do qual informou que, no segundo trimestre de 2022, "o resultado líquido melhorou 47,6 milhões de euros, em comparação com o segundo trimestre de 2021, para -80,4 milhões de euros, apesar do impacto líquido negativo das diferenças cambiais de 58,2 milhões de euros resultante da evolução desfavorável do Euro".
Somando os prejuízos do primeiro trimestre de 2022, que ascenderam a -128,1 milhões de euros, chegamos ao valor total de -202,1 milhões de euros no primeiro semestre de 2022. E dividindo esse valor pelos 180 dias (correspondentes a seis meses) resulta em cerca de 1,1 milhões de euros de prejuízos por cada dia, tal como está indicado na publicação sob análise. Ainda assim representa uma melhoria substancial em comparação com os prejuízos do primeiro semestre de 2021, quando a TAP registou um resultado líquido negativo de -493,1 milhões de euros.
"No primeiro semestre
de 2022, as receitas atingiram 1.321,2 milhões de euros, um aumento de
245% em relação ao primeiro semestre de 2021. Juntamente
com o maior nível de atividade (ASK aumentou 217%), também os custos
operacionais registaram um aumento significativo de 73% para 1.316,8 milhões de
euros, levando a um EBIT positivo em 4,4 milhões de euros, um aumento de
381,7 milhões de
euros em relação ao primeiro semestre de 2021",
salienta-se no mesmo documento.
"O EBIT Recorrente,
excluindo os itens não
recorrentes de -3 milhões de
euros, também foi positivo em 1,4 milhões de euros. Os juros líquidos e a evolução cambial desfavorável, particularmente
no segundo trimestre, levaram a um resultado líquido em -202,1 milhões de
euros, ainda assim 291,1 milhões de euros melhor do que no mesmo
semestre de 2021", acrescenta-se.
Quanto aos "mais 900 milhões de euros dos contribuintes portugueses", na realidade são 990 milhões de euros de verba destinada à TAP e inscrita no Orçamento do Estado para 2022. Aliás, o Plano de Reestruturação da TAP, aprovado pela Comissão Europeia no final de 2021, prevê um apoio do Estado à TAP de 3,2 mil milhões de euros no total. Avaliação do Polígrafo: VERDADEIRO (Poligrafo, texto do jornalista Gustavo Sampaio)
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