sábado, fevereiro 25, 2023

Assembleia da República: Negócio com Airbus, indemnizações e gestão vistos à lupa

Serão três meses de striptease da companhia na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP. Privatização de Passos e reversão de Costa serão escrutinadas. A gestão da TAP a partir de 2020, as indemnizações e prémios dos quadros de topo, a privatização de 2015 e a que agora irá avançar, e a atuação política nos últimos anos vão estar sob escrutínio durante os próximos três meses no Parlamento. O tiro de partida da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da TAP SGPS e TAP SA, foi dado na quarta-feira. Houve novidades: vai ser analisado o negócio da troca de frota feito entre David Neeleman e a Airbus, antes do investidor norte-americano se ter tornado acionista da TAP, algo que não era objeto da proposta inicial do Bloco para a CPI. “Queremos toda a documentação que diz respeito à decisão de Neeleman de trocar a frota de aeronaves, e usar os recursos [conseguidos junto da Airbus com essa operação] para pagar a própria TAP na privatização, em 2015”, explicou Mariana Mortágua, membro efetivo da CPI. Foi na sequência dessa negociação que a Airbus pagou a uma empresa de Neeleman 226,75 milhões de dólares — dinheiro que o empresário usou para entrar na transportadora portuguesa e ficar com 61% do capital. A fórmula usada por Neeleman para capitalizar a TAP (o chamado pagar com o pelo do cão) era do conhecimento do Executivo de Passos Coelho.

Venezuela de Maduro reata relações diplomáticas com o Brasil de Lula

O Governo de Nicolás Maduro cortou relações diplomáticas com o Brasil, depois do ex-Presidente Jair Bolsonaro ter reconhecido o líder da oposição como chefe de Estado. Os dois países partilham fronteiras. O Presidente venezuelano Nicolás Maduro, celebrou o restabelecimento das relações diplomáticas entre a Venezuela e o Brasil, suspensas desde 2019, após o então Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, reconhecer o opositor Juan Guaidó como “legítimo líder” do país. “Boas notícias! Está aberto o caminho para o reinício das relações diplomáticas entre a República Federativa do Brasil e a República Bolivariana da Venezuela. Saúdo a nova etapa de fraternidade e cooperação entre dois povos irmãos”, escreveu Maduro na sua conta da rede social Twitter. A mensagem de Nicolás Maduro refere uma outra do Ministério dos Negócios Estrangeiros brasileiro que anuncia que “a secretária-geral das Relações Externas, a embaixadora Maria Laura da Rocha (Brasil), recebeu das mãos do embaixador da Venezuela, Manuel Vadell, cópias das suas cartas credenciais. Abordaram a normalização das relações bilaterais e a reabertura das respetivas embaixadas”. As relações entre o Brasil e a Venezuela foram reatadas com o regresso de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência do ‘gigante’ sul-americano. Após os primeiros contactos, a Assembleia Nacional (NA, parlamento venezuelano), de maioria chavista, aprovou por unanimidade a nomeação de Vadell como embaixador do país no Brasil, depois de o Governo brasileiro lhe ter concedido credenciais diplomáticas. Entretanto, a Venezuela recebeu, a 18 de janeiro, o encarregado de negócios do Brasil no país caribenho, Flávio Macieira, com o que ambas as nações deram mais um passo em direção à normalização das suas relações (Lusa)

Público: Ministério da Cultura pediu avaliação da Colecção Berardo em 2018 até agora desconhecida

A avaliação foi feita por um historiador português a pedido do então ministro da Cultura. Pedro Adão e Silva, hoje na pasta, desconhece a sua existência revelada por parecer novo pedido por Berardo. O historiador de arte e crítico Bernardo Pinto de Almeida realizou para o Ministério da Cultura, há cinco anos, uma avaliação da Colecção Berardo que se manteve desconhecida até hoje, revela um parecer elaborado a pedido da Associação Colecção Berardo a que o PÚBLICO teve acesso.

O novo parecer foi pedido no início deste ano ao professor da Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto pelo advogado André Luiz Gomes, considerado o braço-direito jurídico do empresário José Berardo, e foi entregue, segundo o jurista, a 17 de Fevereiro no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa. O documento está integrado num requerimento pedindo a revogação da acção de arresto judicial que em Julho de 2019 visou a colecção de arte moderna e contemporânea do empresário depositada no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, desde 2006.

Sondagem Católica: Reivindicações dos professores consideradas justas e sindicatos com avaliação positiva

Uma sondagem conduzida pela Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e Público, revela que 84% dos inquiridos consideram as reivindicações dos professores justas. Na avaliação média de desempenho, os sindicatos surgem com uma avaliação melhor do que a do Governo. O inquérito da Universidade Católica foi realizado entre os dias 9 e 17 de fevereiro de 2023, já depois de se terem iniciado os protestos dos professores e com alguns deles ainda a decorrer.

Neste enquadramento, os inquiridos nesta sondagem respondem pela justiça dos argumentos dos professores. 84 por cento consideram que são justas e apenas 12 por cento consideram que são injustas. Na categoria “não Sabe/não responde” estão 4 por cento dos inquiridos. Este inquérito foi realizado entre os dias 9 e 17 de fevereiro de 2023. Foram obtidos 1002 inquéritos válidos, com margem de erro de 3,1% e nível de confiança de 95%

Neste assunto, 57 por cento dos inquiridos consideram que têm sido os sindicatos que têm tido a melhor postura para se chegar a uma solução. 20 por cento consideram que essa postura tem sido assumida pelo Governo. Espontaneamente, 12 por cento consideraram que nenhum deles tem tido uma postura de acordo e dois por cento consideraram que ambos têm tido uma postura para se chegar a uma solução. Nove por cento ou não sabem ou não respondem.

Sondagem Católica: Maioria dos inquiridos prefere ver TAP privatizada

Para 61 por cento dos inquiridos na sondagem conduzida pela Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e Público, o melhor cenário para o país seria o de ter a TAP privatizada. Questionados sobre o desempenho de várias personalidades no que toca à gestão da transportadora aérea, ninguém reúne uma avaliação média positiva por parte dos inquiridos. Apenas 27% das respostas a esta sondagem apontam para uma vantagem para Portugal em ter a TAP como empresa pública. 61% considera que devia ser privada e 12% das respostas inserem-se na categoria do “Não sabe/não responde”. Este inquérito foi realizada entre os dias 9 e 17 de fevereiro de 2023. Foram obtidos 1002 inquéritos válidos, com margem de erro de 3,1% e nível de confiança de 95% Questionados sobre a avaliação do desempenho de várias personalidades na gestão da TAP, numa escala de 0 a 20, a nota máxima obtida é de 7,5, atribuída a António Costa, o primeiro-ministro em funções. Ainda assim, longe dos 10, valor a partir do qual a avaliação média seria positiva. A nota mais baixa é a que os inquiridos atribuem à administração da TAP, de 5,6, na escala de 0 a 20. O anterior ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, consegue um pouco mais, 6,4, na mesma escala. O ministro das Finanças, Fernando Medina, chega aos 7,1. A sondagem da Católica esmiuçou estes valores e dividindo o número de avaliações positivas (iguais ou superiores a 10), pelo total de avaliações, revela que António Costa tem 42% de avaliações positivas, Fernando Medina tem 38%, Pedro Nuno Santos tem 29% e a administração da TAP tem 27%.

Ficha Técnica

Este inquérito foi realizado pelo CESOP - Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena1 e Público entre os dias 9 e 17 de fevereiro de 2023. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 1002 inquéritos válidos, sendo 46% dos inquiridos mulheres. Distribuição geográfica: 29% da região Norte, 20% do Centro, 37% da A.M. de Lisboa, 7% do Alentejo, 4% do Algarve, 2% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários e região com base no recenseamento eleitoral e nas estimativas do INE. A taxa de resposta foi de 26%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1002 inquiridos é de 3,1%, com um nível de confiança de 95% (RTP)

Sondagem Católica: País pior do que há um ano e rendimento disponível no topo das preocupações

Uma sondagem realizada pela Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e Público mostra que as principais preocupações dos inquiridos se prende com o rendimento disponível, mas também com a Governação e confiança. Comparando com o questionário de há seis meses, há agora mais pessoas a considerar que o país está pior do que há um ano. As dificuldades financeiras agora sentidas estão a par das registadas há uma década, no tempo da troika.

No inquérito de opinião agora realizado, 72% das pessoas diziam que o Portugal está pior do que há um ano. Em julho, eram menos os pessimistas: 63% dos inquiridos é que afirmava então que o país estava pior do que no ano anterior. Este inquérito foi realizado entre os dias 9 e 17 de fevereiro de 2023. Foram obtidos 1002 inquéritos válidos, com margem de erro de 3,1% e nível de confiança de 95% Nesta sondagem, 17% dos inquiridos considerou que o país está “igual” (eram 24% em julho) e 9% diz que o país está melhor (eram 11% em julho). Dois por cento dos inquiridos não sabe ou não responde. Aos 1002 inquiridos nesta sondagem foi pedido que identificasse o principal problema do país, numa pergunta aberta, sem lista de potenciais respostas pré-definidas. Depois dos inquéritos concluídos, as respostas foram agregadas em temas.

Easyjet perspetiva "ano histórico" na Madeira e reforça 300 mil lugares no verão

A Easyjet quer transformar 2023 num “ano histórico” com mais de 300 mil lugares para a Madeira no verão, operando mais do dobro do que operava no último verão antes da pandemia. A companhia aérea de baixo custo Easyjet quer transformar 2023 num "ano histórico", ultrapassando uma oferta de 1,1 milhões de lugares, 300 mil dos quais no período de verão a preços acessíveis para a Madeira, foi esta sexta-feira anunciado. "O nosso número total de lugares na Madeira vai ultrapassar os 1,1 milhões, comparados com 600 mil antes da pandemia, e agora, no período de verão, no segundo semestre, vão ser mais de 300 mil", afirmou o diretor geral da transportadora, José Lopes, numa conferência de imprensa realizada no Funchal. O responsável salientou ser "uma oferta ampla, com muitos turistas a virem, a preços acessíveis", indicando que nesta fase de retoma da procura "é importante continuar a melhorar a relação qualidade/preços".

Opinião: EFERVESCÊNCIAS

 

Esta foi uma semana com demasiada "turbulência" informativa. Primeiro foi a saltada de Biden a Kiev para adiantar nada ao que já se sabia antes dela. Ficou o simbolismo da visita. Depois foram dois discursos de Putin para dizer a mesma porcaria mentirosa de sempre, vendendo aos russos, sem acesso a uma comunicação social livre, um país e um mundo que nada tem a ver com a realidade, negando o que todos sabemos ser a verdade, mas demonstrando que a capacidade de manipulação do regime totalitário de Moscovo, e a forte censura imposta, rende os frutos desejados.

A isto junta-se o discurso de Biden em Varsóvia, com poucas novidades, direccionado contra Putin e a guerra que ele construiu na sua loucura sanguinária, mas "esquecendo" habilmente a China, porque os EUA dificilmente conseguem enfrentar duas potências ao mesmo tempo.

Daqueles dois discursos de Putin ficou a decisão - perigosa mas que pode ser também uma tentativa de pressão sobre as opiniões públicas ocidentais e de propagação do medo - de suspender (diferente de abandonar) o último Tratado Start assinado pelos EUA e pela Rússia e que ainda se mantinha em vigor. Embora de pouco ou nada valendo, na medida em que o sucesso destes acordos sobre matéria nuclear, depende da confiança entre os subscritores. Neste momento é fácil concluir que essa confiança mútua entre EUA e Rússia é nula.

Confesso que me interrogo, e cada vez mais, sobre os efeitos da manipulação informativa, promivida pelos dois lados, sobre as opiniões públicas ocidentais e do discurso belicista da NATO e daquele patético secretário-geral - dizem que vai abandonar o cargo para ocupar um tacho na liderança de um banco na Noruega - e a qual a dimensão da mentira que todos "cheiramos" em cada declaração proferida.

Acho que todos nos lembramos do que os EUA e os seus aliados na coligação que invadiu o Iraque disseram sobre as armas de destruição massiva alegadamente existentes no Iraque de Saddam, que foram o pretexto para a invasão militar que depôs Saddam e destruiu economicamente um pais rico e cujas sanções ocidentais nenhum efeito tiveram. Factual é que essas tais armas nunca foram localizadas e todos desconfiam que nunca existiram. Ou seja, foi montada uma enorme teia de mentira e de manipulação para justificar uma invasão que já estava decidida muito antes, enganando até organismos internacionais como a ONU. Os mentores sabiam que as opiniões públicas ocidentais, depois da invasão do Kuwait pelo Iraque, nunca mais perdoaram Saddam. Era fácil “vender” qualquer teoria. E nem falo na fantochada da cimeira nos Açores que antecedeu a invasão... O "ambiente" de hostilidade ajudou essa patifaria bem montada.

Desconfio que a guerra na Ucrania esconde muitas histórias - a começar por pretensas tentativas de contactos falhados ou recusados para evitar a guerra... -  que estão por contar. Não me espantaria nada que estivessemos em linha com mais uma situação semelhante à que aconteceu no Iraque e no Afeganistão - de onde os EUA sairam de forma vergonhosa abandonando aquele povo ao radicalismo talibã que reassumiu o poder. Espero que tudo o que aconteceu na Ucrânia - onde depois desta guerra nojenta, destruidora e sanguinária é fácil, demasiado fácil, reunir ódios contra Putin, porque na realidade foi ele a invandir um pais independente e a matar pessoas e destruir bens - não se compare a estes casos que referi.

E  não vale a pena perguntar o que fizeram os "indignados" de hoje quando em 2014 a Rússia de Putin invadiu o Donbass, o mesmo Donbass que é hoje palco de combates violentos, ou quando a Rússia tomou de assalto a Crimeira reclamando-a como território russo.

Sim o problema tem a ver com a História, com o processo de desagregação da antiga URSS, com a criação de uma vintena de novos países independentes, a partir do imenso territorio da antiga URSS soviética e comunista. Sim, o problema reside no facto de que Putin, antigo agente secreto do KGB e que há mais de 25 anos deambula pelos corredores do poder em Moscovo, tomando mesmo de assalto os mais altos cargos do país - primeiro-ministro e Presidente - nunca aceitou essa decomposição territorial incentivada e apoiada pelos ocidentais, com os EUA e a Europa à cabeça, que apostaram e conseguiram fragilizar a Russia e tornar Moscovo insignificante no contexto da política mundial, Sim, o problema é que tudo isso mudou agora, e muito, mudou demasiado, de forma violenta e sanguinária, sem que ninguém saiba o que vai acontecer e muito menos garantir como é que tudo isto acabará. Ou se vamos alegre e pateticamente  caminhar para um confronto nuclear guiados por idiotas como o secretário-geral da NATO e outros falcões que, dos dois lados do conflito, condicionam e dominam os processos de decisão das estruturas militares que, de uma forma ou de outra, estão presentes na guerra da Ucrânia.

Mas isso são factos para os especialistas, e para aqueles que acham que só podemos falar da guerra manipulando as opiniões públicas, incluindo a portuguesa, com comentadores televisivos tendenciosos que não explicam todas as realidades históricas essenciais a uma correcta percepção do que se passou na realidade na Ucrânia e no seu processo de independência que Moscovo sempre verberou. Histórias que contribuíram para uma guerra nojenta que todos diziam ser inevitável mas que hipocritamente vieram chorar lágrimas de crocodilo e de falsa surpresa quando os russos entraram há um ano pela Ucrânia e queria tomar Kiev de assalto e destruir o poder ucraniano. Sem sucesso, felizmente.

Mas nada ficará como antes, nada será igual à pré-invasão russa a começar pala Ucrânia apesar de, paradoxo dos paradoxos, este país continuar envolto em escândalos de corrupção em plena guerra, aproveitando-se essas redes de bandidos, com ligações sabe-se lá a quem - já se esqueceram das denúncias do Panamá Papers sobre a Ucrânia e alguns dos seus dirigentes?! Ou não interessa falar nisso agora?! (LFM, artigo de opinião publicado no Tribuna da Madeira de 24.2.2023)

sexta-feira, fevereiro 24, 2023

Nestas terras as armas não se calam: 20 conflitos no mundo



Ronald Reagan levava pouco mais de um ano na Casa Branca quando, num discurso proferido na cerimónia de formatura do Eureka College (Illinois), a 9 de maio de 1982, partilhou o seu conceito de paz: “Não é a ausência de conflito, é a capacidade de lidar com o conflito por meios pacíficos.” O norte-americano e o soviético Mikhail Gorbatchov seriam os últimos líderes das duas superpotências que ditaram as regras nos anos da Guerra Fria (1947-1991), quando muitos conflitos foram travados por procuração, numa lógica de esferas de influência que partiu o mundo em dois, tornando-o mais previsível do que é hoje. No atual mapa-mundo da conflitualidade há disputas ativas que se arrastam há décadas, como na Palestina e no Sara Ocidental, em que as iniciativas de paz não germinam. Em regiões com grande diversidade étnica, como nos Grandes Lagos africanos ou em Mianmar, a perseguição a um povo concreto com o intuito de o apagar da face da Terra — no caso, os tutsis e os rohingyas — prova que o genocídio não é prática do passado.

UCRÂNIA, CASO ÚNICO NO SÉCULO XXI

Diferendos envolvendo potências nucleares, seja em torno de Caxemira ou Taiwan, seja a propósito do desenvolvimento de programas nucleares nacionais, como nos casos da Coreia do Norte ou do Irão, têm potencial para escalar para um conflito global. No Médio Oriente, Iémen, Líbia e Síria são atualmente os incêndios mais ativos numa região onde a conflitualidade é endémica. No continente africano, a Somália e a região do Sahel — latitudes especialmente castigadas pela seca — têm sido portos seguros para grupos terroristas. No território correspondente à ex-União Soviética e à sua antiga zona de influência dois conflitos ameaçam arrastar terceiros para crises maiores: o estatuto do Kosovo e a disputa pelo enclave de Nagorno-Karabakh.



Já a invasão russa da Ucrânia — inicia­da em 2014, no Leste, e visando todo o país desde 24 de fevereiro de 2022 — não encontra paralelo no século XXI: o ataque de um Estado soberano a outro com o intuito de o controlar.

Portugal e a Ucrânia: mais dinheiro não, mais refugiados e apoio militar sim

Dos inquiridos, 79% concordam ou concordam completamente que o país receba mais refugiados ucranianos. Sondagem do Cesop tenta perceber limites dos portugueses num eventual reforço da ajuda à Ucrânia. Se Portugal for chamado a reforçar a ajuda à Ucrânia, deve fazê-lo recebendo mais refugiados ou enviando mais equipamento militar para a frente de batalha. Esta é a opinião da maioria dos inquiridos pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica. A sondagem feita para o PÚBLICO, RTP e Antena 1 revela que, por outro lado, uma ajuda superior em termos financeiros já não colhe o apoio maioritário dos inquiridos.

Resumindo: mais dinheiro não, mas mais meios militares ou mais refugiados acolhidos no país é aceite. Na sondagem feita pelo Cesop, que aproveita o momento em que se assinala um ano do início da invasão da Ucrânia pela Rússia, os portugueses vêem os seus limites testados quando questionados sobre vários tipos de ajuda adicional que pode ser requisitada, caso se revele necessária. Mais de três quartos dos inquiridos – concretamente, 79% – concordam (58%) ou concordam completamente (21%) que Portugal receba mais refugiados ucranianos, se necessário. Já 18% discordam ou discordam completamente. E 3% dos inquiridos não sabem ou não respondem.

Da energia aos alimentos, guerra esvaziou carteiras

 

A 24 de fevereiro de 2022, com a invasão russa da Ucrânia, os desafios que já se verificavam adensaram-se e as consequências rapidamente se fizeram sentir na carteira dos portugueses. Um ano mais tarde, o custo de vida está exponencialmente mais alto, com efeitos óbvios na energia, alimentação e habitação. "E o que vamos ter nos próximos meses na Europa continua a ser um cenário de grande incerteza", avisa Fernando Alexandre, doutorado em Economia e professor na Universidade do Minho.

Um dos temas é o aumento da fatura energética, com efeitos diretos, como a subida do valor de combustíveis e gás, e indiretos, com o incremento a chegar aos bens cuja produção e transporte dependam do petróleo, gás ou carvão. Quase tudo foi afetado pela crise energética. Só em 2021, as exportações energéticas da Rússia com destino à UE terão rendido cerca de 400 mil milhões de euros. "A inflação sentiu-se em toda a Europa e não tem só a guerra como causa, era anterior. Foi acelerada com o choque energético e nos bens alimentares", diz o economista.

Sondagem: Governo não faz tudo o que pode para controlar preços

Quase todos sentiram o impacto da guerra (81%), seja nas taxas de juro (68%), seja na mudança de hábitos de consumo alimentar (69%). O Governo não está a fazer tudo o que deve para minimizar o aumento dos preços de primeira necessidade. É o que diz a esmagadora maioria (82%) dos portugueses, praticamente a mesma percentagem dos que, um ano depois da invasão, dizem já ter sentido o impacto da guerra na sua vida particular (81%), de acordo com a sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. A crítica ao Governo é unânime em todos os segmentos da amostra, ainda que seja possível perceber algumas diferenças quando se analisam as respostas em função do voto nas últimas legislativas: os maiores críticos de António Costa são os eleitores do BE e do Chega, enquanto os socialistas são, sem surpresa, um pouco menos cáusticos: 29% acham que o Governo está a fazer o suficiente.

Sondagem: A guerra será longa e a NATO não deve intervir


Cresceu o pessimismo quanto à duração do conflito. Mas, se este se alargar, 64% defendem que Portugal deve enviar os seus militares para a Ucrânia. Um ano depois da invasão da Rússia à Ucrânia, os portugueses estão mais pessimistas quanto ao tempo que a guerra ainda vai durar: 59% apontam para mais de um ano a ferro e fogo, de acordo com uma sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF. Há poucas dúvidas quanto a quem é o principal responsável pelo conflito (86% acusam Moscovo), mas são cada vez mais os que apoiam a decisão da NATO de não intervir diretamente (62%). No entanto, e na hipótese de esse agravamento se verificar, são também quase dois terços (64%) os que defendem o envio de tropas portuguesas para a Ucrânia.

É quando os portugueses são confrontados com a duração da guerra que as diferenças entre o resultado de sondagens anteriores e a atual são mais evidentes. Em abril do ano passado, dois meses depois do início da guerra, a maioria dos inquiridos (53%) ainda acreditava que tudo estaria terminado em menos de um ano. Agora, os "otimistas" são apenas 22%. O pessimismo alastrou (59% dizem que haverá guerra para lá de fevereiro de 2024), em particular entre os homens.

Sondagem da Católica: Maioria dos portugueses culpa Putin e Rússia pela guerra na Ucrânia

É praticamente consensual entre os portugueses que os principais responsáveis pela guerra são o presidente Vladimir Putin e a própria Rússia. A conclusão é de uma sondagem realizada pelo CESOP - Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e Público, segundo a qual os inquiridos estão divididos sobre a atribuição de mais apoio financeiro a Kiev. A maioria está, no entanto, de acordo que o conflito não sairá da Ucrânia, apesar de ainda estar para durar. Nesta sondagem, 85% dos inquiridos responderam que “o principal responsável pela guerra na Ucrânia” é Putin/Rússia, enquanto apenas 1% considera que é o presidente Volodymyr Zelensky/Ucrânia. Dois por cento dos participantes acreditam que a culpa é dos Estados Unidos, 1% diz ser da NATO e outro 1% crê que os responsáveis são os países europeus/União Europeia. Sete por cento não sabem ou não quiseram responder, enquanto 3% responderam “outro”. Questionados sobre como avaliam a atuação da NATO e dos seus países-membros até ao momento, no que diz respeito à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, 51% disseram que “estão a envolver-se o necessário”, 30% considerou que “estão a envolver-se menos do que deviam” e 12% pensam que “estão a envolver-se mais do que deviam”. Sete por cento não responderam.

Sondagem: avaliação ao Governo é má, mas este deve cumprir legislatura até ao fim

 

Mais de metade dos inquiridos (53%) classifica o desempenho de mau ou muito mau, mas 70% defendem que o melhor para o país é cumprir o mandato até 2026. A análise dos números quase dava para uma rábula humorística inspirada naquela que os Gato Fedorento faziam com a posição de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o aborto. Mais de metade (53%) dos inquiridos (e, extrapolando, dos portugueses) na sondagem da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1 classifica o desempenho deste Governo como mau (35%) ou muito mau (18%) e 85% dizem que há um problema de coordenação política no executivo. Porém, mais de dois terços (70%) consideram que “o melhor para o país” é que a equipa de António Costa cumpra o mandato até ao fim.

A avaliação média é agora pior do que em Julho, quando a classificação acumulada de mau (24%) e muito mau (13%) era de 37%. Na altura, metade considerava que o desempenho da equipa de António Costa era "razoável" e agora são apenas 39% a dizê-lo. A avaliação de "bom" também se reduziu, de 9 para 7% e os 1% de "muito bom" de Julho recuaram para 0,4%. Um ano depois da maioria absoluta do PS, o desempenho dos socialistas no Governo é agora negativo. O que estará por detrás da conclusão aparentemente contraditória de que o Governo é mau mas irá até 2026 poderá ser a falta de uma alternativa forte aos socialistas e/ou a preferência dos inquiridos pela estabilidade política.

Sondagem: popularidade de Marcelo continua em queda

Avaliação média do chefe de Estado, que já foi a mais alta de um Presidente desde 2004, está no seu nível mais baixo desde que tomou posse em 2016. Exigência com o Governo mantém-se. Será um cenário normal, dirão muitos, que um Presidente da República vá perdendo alguma da popularidade que o levou ao cargo. Sobretudo tratando-se de Marcelo Rebelo de Sousa, que deu novos contornos ao sentido de popularidade do chefe de Estado. Com quase sete anos passados sobre a sua tomada de posse, o Presidente da República tem agora a sua avaliação média e o conjunto de avaliações positivas mais baixo desde 2016. Habituado a dar notas nos seus comentários semanais nas televisões, é agora Marcelo quem as recebe dos inquiridos: na sondagem do Cesop/Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1, recebeu nota positiva, ou seja, igual ou superior a 10 de 79% dos inquiridos. Porém, a avaliação média está em queda acentuada desde o início do segundo mandato, e situa-se agora numa nota de 12,2, o que representa uma queda de 0,7 pontos desde Julho do ano passado. A essa classificação não será alheio o facto de Marcelo Rebelo de Sousa ter praticamente defendido o Governo em quase todas as polémicas que envolveram membros do executivo nos últimos meses. A excepção mais óbvia terá sido o caso da secretária de Estado da Agricultura, a quem Marcelo abriu a porta da rua e que provocou a sua demissão 26 horas depois de lhe ter dado posse em Belém. A oposição tem acusado o Presidente da República, em várias situações, de não exigir o suficiente do Governo.

Sondagem: Queda do PS leva a empate técnico com o PSD e direita ultrapassa a esquerda



Socialistas perdem seis pontos em relação à sondagem de Julho do Cesop. PSD só ganha um ponto. Quem também recupera terreno são o Chega, IL, Bloco e PAN. Direita toda junta chega aos 51%. Não é o PSD que melhora, é sobretudo o PS que piora: se as eleições legislativas se realizassem agora, haveria um empate técnico entre os dois maiores partidos e a direita conseguiria, toda junta, a maioria absoluta. Os resultados da última sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1 dão aos socialistas 32% das intenções de voto e 31% aos sociais-democratas, mostrando uma queda de seis pontos percentuais do PS e apenas uma ligeira subida de um ponto para o PSD quando comparado com o estudo realizado em Julho do ano passado. Um ano depois da maioria absoluta do PS, nem os socialistas nem mesmo a esquerda toda junta consegue alcançar novamente essa fasquia. O PS tem agora menos 9,5 pontos do que a votação que teve nas últimas legislativas, e o PSD está um ponto percentual acima do resultado nas urnas (29,86%). O Chega ganhou 3,5 pontos, a IL ganha 3, e o Bloco 2,5 pontos. Já a CDU encolhe meio ponto. Esta nova sondagem do Cesop/Católica, cujo trabalho de campo foi realizado entre os dias 9 e 17 deste mês, indica que os quatro partidos à direita – PSD, Chega, Iniciativa Liberal (IL) e CDS – obtêm, juntos, 51% das intenções de voto, contra os 47% de uma “geringonça” com todos os partidos da esquerda e o PAN. Aos 31% do PSD juntam-se os 11% do Chega, 8% da IL e 1% do CDS-PP.

Sondagem: Luís Montenegro é menos mau do que Rui Rio


Na avaliação, 26% dizem que o desempenho do novo líder do PSD é “mau” ou “muito mau”, quando Rio somava 32%. Porém, Montenegro só conseguiu subir a classificação “razoável” de 48 para 53%. Já passaram mais de sete meses desde que Luís Montenegro assumiu a presidência do PSD no congresso do Porto, no pavilhão Rosa Mota e onde então chegou acompanhado de Rui Rio, de quem recebeu a liderança do partido. As comparações são incontornáveis: Montenegro é apenas um pouco menos mau do que Rui Rio, de acordo com os resultados da sondagem do Cesop/Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1. Aos mais de mil inquiridos foi pedida uma avaliação do desempenho de Luís Montenegro como líder do PSD e houve uma fatia de um quarto dos inquiridos (26%) que "chumbou" o novo presidente social-democrata, respondendo que é "mau" (20%) e "muito mau" (6%). Ainda assim, Montenegro consegue que mais de metade considere que está a ter uma performance "razoável". Um em cada dez respondeu que tem sido um "bom" desempenho e apenas 1% o sublinhou como "muito bom".

Sondagem da Católica: Portugueses dão nota negativa ao Governo de António Costa

 

De acordo com uma sondagem realizada pelo CESOP - Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e Público, mais de metade dos inquiridos faz uma avaliação negativa do Governo. Ainda assim, uma larga maioria defende que o Executivo de António Costa deve cumprir o mandato até ao fim. Em relação ao Presidente da República, a avaliação foi piorando ao longo dos anos, mas mantém níveis elevados de popularidade. Já em relação a Luís Montenegro, os portugueses fazem uma avaliação mais positiva do desempenho do atual líder do PSD do que do seu antecessor, Rui Rio. Um ano após as últimas eleições legislativas, que deram a maioria absoluta ao Partido Socialista, os portugueses fazem uma avaliação negativa do Governo de António Costa. Segundo a sondagem da CESOP, mais de metade dos inquiridos (53 por cento) dizem que o desempenho do Executivo tem sido “mau” ou “muito mau”. Por sua vez, 39 por cento avaliam o desempenho do Governo socialista como “razoável” e sete por cento como “bom”. Apenas 0,4 por cento dão nota “muito boa” ao Governo. A avaliação média é pior do que há seis meses, quando metade dos inquiridos avaliava o desempenho do Governo de Costa como “razoável”. A maioria dos portugueses (58 por cento) admite que as recentes polémicas associadas ao Governo alteraram a avaliação que fazem do Executivo e 87 por cento dos inquiridos dizem que os casos e demissões têm impacto na credibilidade do Governo de Costa.

Sondagem da Católica: Tombo do PS deixa direita à espreita

 

Um ano depois da maioria absoluta nas eleições legislativas, a sondagem da Universidade Católica para a RTP evidencia uma grande queda do PS, com apenas 32 por cento dos votos. Na estimativa de resultados eleitorais, os social-democratas surgem logo atrás, com 31 por cento. Se houvesse eleições, o conjunto dos votos dos partidos de direita ultrapassaria a junção dos votos da esquerda, algo que não se verificava desde 2015. A estimativa de resultados eleitorais na mais recente sondagem da Católica para a RTP dá sinais de uma esquerda em declínio e de uma direita em crescendo. Pouco mais de um ano depois das eleições que deram a maioria absoluta ao Partido Socialista, a sondagem mostra uma quebra abrupta do PS para os 32 por cento nas intenções de voto, muito longe dos 41 por cento das eleições de janeiro de 2022. Nesta sondagem da Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e jornal Público, o PSD de Luís Montenegro alcança os 31 por cento, mais 1 por cento face à sondagem de julho de 2022, mais três pontos em relação ao resultado das últimas eleições legislativas, ainda sob a liderança de Rui Rio. Nesta sondagem, PSD, Chega e Iniciativa Liberal alcançam em conjunto 50 por cento das intenções de voto. Já o PS, Bloco de Esquerda, CDU, PAN e Livre ficam-se pelos 47 por cento. É a primeira vez que a direita ultrapassa a esquerda desde 2015.

Portugal está a envelhecer a um ritmo mais acelerado do que restantes países europeus

 

Enquanto na média da União Europeia a população envelheceu 2,5 anos, em Portugal o aumento foi de 4,7 anos. E o envelhecimento vai continuar a agravar-se até “entre 2040 e 2050”, avisa demógrafo. A população portuguesa é a que está a envelhecer a um ritmo mais acelerado no conjunto dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE), segundo o Eurostat. Em 2022, metade da população portuguesa tinha mais do que 46,8 anos de idade, a segunda idade mediana mais elevada no conjunto dos países analisados. Itália surge como o país que apresenta uma idade mediana mais elevada (48 anos), mas Portugal destaca-se pelo ritmo acelerado de envelhecimento: 4,7 anos, em dez anos. Em 2012, a idade mediana dos portugueses era de 42,1 anos, tendo aumentado para os referidos 46,8 anos. Em Espanha, que surge logo a seguir a Portugal, a idade mediana da população (isto é, o ponto em que a população se reparte em duas metades) aumentou 4,3 anos, enquanto na Grécia e na Eslováquia o aumento foi de 4,1 anos. “Os outros países vão tendo um índice sintético de fecundidade ligeiramente superior ao nosso – às vezes, não tão ligeiramente assim – e isso, não impedindo que envelheçam, faz com que envelheçam a uma velocidade menor”, interpreta o presidente da Associação Portuguesa de Demografia, Paulo Machado.

331 milhões, 800 milhões ou 1.300 milhões. Afinal, quanto custa descongelar o tempo de serviço dos professores?

Negociações entre Governo e sindicatos dos professores continuam sem acordo, há números para todos os gostos, mas, afinal, quanto custaria ao orçamento a recuperação integral das carreiras? As negociações entre Ministério da Educação e sindicatos dos professores sobre o novo modelo de recrutamento e colocação de docentes deveriam terminar esta quinta-feira. As estruturas sindicais admitem, no entanto, pedir uma reunião suplementar se não existir um acordo. O “braço de ferro” arrasta-se desde setembro e entre as principais reivindicações dos sindicatos está a recuperação integral do tempo de serviço dos professores, de forma a que exista equidade com os docentes da Região Autónoma da Madeira e dos Açores. A Fenprof, estrutura mais representativa do setor da Educação, já assegurou que está disponível para discutir um “protocolo de legislatura com prioridades e faseamentos” sobre o assunto, tendo em conta o peso financeiro da medida. Já do lado do Governo, o ministro da Educação garantiu “total disponibilidade” para discutir a valorização da carreira dos docentes, enquanto o primeiro-ministro reconheceu que os professores acumulam vários anos de “frustração”, mas afastou taxativamente essa hipótese, referindo que teria que fazer o mesmo com as restantes carreiras da Função Pública. Mas afinal, quanto custa descongelar o tempo de serviço dos professores?

Bispo José Ornelas: Drama dos abusos pode contribuir para "purificar" a Igreja

O bispo de Leiria-Fátima defendeu que o tema dos abusos sexuais “é um tema que não pode fugir do caminho quaresmal” e que “tomar a sério este drama será um modo de purificar e transformar positivamente a Igreja”. O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), na sua mensagem para a Quaresma dirigida aos diocesanos de Leiria, escreveu que é no “ambiente de conversão quaresmal” que são assumidos “a revolta e a humilhação pelos abusos sexuais que se verificaram na Igreja em Portugal nos últimos decénios”. “Sem entrar em polémicas sobre números — qualquer caso é uma enormidade injusta e dramática na vida de cada pessoa que foi vítima —, não podemos deixar de repudiar, lamentar e pedir perdão a quem foi objeto de cada um destes repugnantes atos”, sublinhou José Ornelas. Para o bispo de Leiria-Fátima, “repudiar e pedir perdão só têm sentido, porém, se significarem igualmente uma atitude ativa de não resignação e de determinada e concreta atitude de ir ao encontro de quem foi tão injustamente tratado e corajosamente se ergueu para denunciar, colaborando na reconstrução das suas vidas”.

Parte do capital da Bacalhôa, de Berardo, está a ser leiloada por 1,3 milhões de euros

 

Processo de execução colocado pelo BCP acaba na penhora de 1,87% da Bacalhôa de José Berardo. Leilão de parte do capital da produtora vinícola, que avalia toda a empresa em 70,6 milhões de euros, vai durar até 22 de março. Uma parte minoritária das ações da Bacalhôa Vinhos, do universo empresarial de José Berardo, está em leilão. A operação deve-se a um processo de execução colocado pelo BCP e, com a venda, o agente de execução espera conseguir 1,3 milhões de euros. O anúncio consta do site e-leilões, como noticiou inicialmente o Jornal Económico. Segundo os números que são apresentados, está em causa a venda de 1,87% do capital da empresa, ações que são detidas pela Associação de Coleções, de Berardo. O valor base para a compra das ações representativas daquele pedaço de capital da Bacalhôa é 1,3 milhões de euros, sendo que o mínimo que o agente de execução admite obter é 1,1 milhões – ainda assim, o montante de abertura é de 660 milhões. O leilão vai correr por mais um mês, até 22 de março. Tendo em conta este valor base no leilão, a Bacalhôa fica avaliada em 70,6 milhões de euros. A banca defende que José Berardo e as empresas do seu mundo empresarial deixaram por pagar créditos que ascendem a mil milhões de euros, e lançaram mão, uma década depois dos primeiros incumprimentos, de ações judiciais para tentarem ser ressarcidos - o mais relevante ativo que pretendem é a coleção de obras de arte expostas no Centro Cultural de Belém. Há um aviso para quem estiver interessado neste ativo de um grupo empresarial mergulhado em lutas judiciais: “É da exclusiva responsabilidade dos interessados proponentes a análise e interpretação da documentação disponibilizada, sem prejuízo das diligências que entendam efetuar na avaliação do bem a adquirir, assegurando-se que corresponde às expectativas”. Neste caso específico, está em causa o processo que o BCP colocou em 2021 contra a Metalgest e a Associação de Coleções, duas entidades do grupo empresarial Berardo, no Tribunal de Setúbal – comarca onde, já este ano, o mesmo banco colocou uma ação que visa diretamente a Bacalhôa, avaliada em 1,5 milhões. Contactado, o BCP não comenta. Também não há comentários do lado de José Berardo (Expresso, texto dos jornalistas Diogo Cavaleiro e Isabel Vicente)

Paraísos fiscais custam €500 mil milhões em impostos por ano, e regulamentação da União Europeia e OCDE "não é suficiente"

Mais quatro nomes na “lista negra”. Na semana passada, o Conselho Europeu acrescentou quatro países à lista de jurisdições que não colaboram com a União Europeia em assuntos fiscais: Ilhas Virgens Britânicas, Costa Rica, Ilhas Marshall e Rússia. A decisão foi tomada por Maria José Garde, economista espanhola que este mês assumiu a liderança do “grupo do Código de Conduta”, responsável pela elaboração da lista. A iniciativa não tem consequências práticas: o objetivo de Bruxelas, lê-se na página do Conselho Europeu, “não é envergonhar os países” visados, mas sim “encorajar melhorias nas suas legislações fiscais” através de cooperação com a UE. Antes de assumir o novo cargo, Maria José Garde foi diretora-geral dos Impostos em Espanha. Durante a sua alçada, em 2020, a transferência de dinheiro por parte de grandes empresas para paraísos fiscais disparou 131%. Mais de 40% dos lucros das principais companhias espanholas acabaram em contas abertas em territórios como as Bermudas e as Ilhas Virgem Britânicas, segundo o estudo “Missing Profits of Nations”, da Universidade de Berkeley e do National Bureau of Economic Research (NBER), publicado este ano. Os paraísos fiscais são associados a duas atividades: lavar dinheiro proveniente de crimes como o tráfico de armas ou de seres humanos; e evitar impostos. À partida, esta última finalidade não é ilegal: a arte de reduzir o esforço fiscal tem sido continuamente aperfeiçoada por milionários e empresas multinacionais nas últimas décadas, e investigações como os Panamá Papers (2016), Paradise Papers (2017) ou Pandora Papers (2021) mostraram como é uma arte obscura e complexa.

Guerra na Ucrânia vai deixar marcas permanentes na economia da Europa

 

Um ano depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, o choque sobre a inflação e o crescimento não levou a uma recessão severa na UE. Mas, perda de rendimentos reais, maior conflitualidade social, a aumento do protecionismo e da despesa militar são marcas para o futuro. Foi em plena recuperação da crise pandémica que a invasão da Ucrânia pela Rússia, a 24 de fevereiro de 2022, apanhou a economia europeia. O impacto sobre a inflação e o crescimento foi (quase) imediato: a escalada dos preços atingiu níveis inéditos na história do euro e a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) foi abrandando até quase estagnar. O conflito tornou a Europa — Portugal incluído — mais pobre. Ainda assim, um ano depois, os receios de uma recessão severa não se concretizaram e os economistas esperam um regresso à normalidade no crescimento e na inflação. Mas avisam de que há marcas que vão ficar para o futuro, como a perda de rendimentos reais, maior conflitualidade social e aumento do protecionismo e da despesa militar. O aumento dos preços da energia, sobretudo do gás natural, foi um dos efeitos da guerra com maior impacto na economia da União Europeia (UE). Como quase todos os países da UE são importadores de energia, houve “um enorme aumento nos custos de produção, que inflacionou os preços e diminuiu a produção e consumo”, frisa Ricardo Reis, professor da London School of Economics. A que se somou o aumento no preço de bens agrícolas e alguns minérios. “Ambos os efeitos causam uma recessão, sobem a inflação e tornam-nos mais pobres”, vinca o economista.

segunda-feira, fevereiro 20, 2023

Como Putin enganou cinco presidentes norte-americanos para reerguer a URSS

Desde os anos 90 que os Estados Unidos da América confrontam as ações de Vladimir Putin, atravessando o líder russo já cinco presidentes. Nenhum ainda teve sucesso em travar as ambições bélicas russas. De Bill Clinton a Joe Biden, uma investigação inédita aos bastidores do Kremlin revela como Vladimir Putin enganou cinco presidentes norte-americanos, para tentar reconstruir uma Rússia imperial. Putin desconfiava do Presidente Bill Clinton, dado que já tinha publicamente defendido a propagação da liberalização e democracia da Rússia. Porém, diante das câmaras, Clinton agia com cuidado. Apesar do cuidado, desde o início as preocupações de Clinton estavam a concretizar-se: a tentativa de expansão russa.

George Bush

No que dizia respeito a George Bush, por enquanto Putin tinha conquistado o presidente norte-americano. No entanto, a guerra do Iraque virou o jogo e a derrota, para Putin, era um eco dos últimos dias da União Soviética. Na Conferência de Segurança de Munique, o Presidente russo acusou os Estados Unidos de imporem a sua democracia noutras nações. Apenas quatro meses depois, Putin atacou a Geórgia. Perto do fim do mandato, Bush deixaria o crescente conflito com Putin para o sucessor: Barack Obama

Alentejo foi a região portuguesa com maior aumento do PIB em 2021 e a Madeira no topo

 


O PIB português aumentou em todo o território em 2021, mas a região onde mais cresceu foi no Alentejo: 6,8% face a 2020. Face a 2019, o Algarve foi uma das regiões da UE que registou uma maior queda. O Produto Interno Bruto (PIB) português aumentou em todo o território em 2021, ano em que se iniciou a retoma face ao primeiro ano de pandemia. Em relação ao ano anterior, todas as regiões do continente aumentaram o PIB entre 5% e 7%, à exceção da região Centro. Nas ilhas, o destaque vai para a Região Autónoma da Madeira, onde o PIB cresceu 8%. Na Região Autónoma dos Açores a subida foi de 5%. Os dados divulgados esta segunda-feira pelo Eurostat avançam que, em 2021, se registou um aumento do PIB em todas as regiões da União Europeia (UE), excetuando três: a província belga de Brabante Valão (onde houve uma queda de 2,4%), a região francesa de Mayotte (diminuição de 0,7%) e a austríaca de Tirol (uma queda de 0,2% do PIB).


Nas regiões portuguesas (considerando apenas Portugal continental), aquela onde o PIB mais aumentou em 2021 foi o Alentejo (um aumento de 6,8% face a 2020). Seguiu-se a Área Metropolitana de Lisboa (AML) e o Algarve (ambas com um aumento de 5,6%), a região Norte (5,4%) e o Centro (4,8%).

Comparando estes dados com os de 2019 (o último ano antes do início da pandemia), no total 79 regiões tinham um volume do PIB mais elevado. As três regiões com maior crescimento no PIB situavam-se todas na Irlanda. Entre elas estão a Irlanda do Sul (aumento do PIB em 28,4%), a Irlanda de Leste e Central (que subiu o PIB em 15,4%) e a Irlanda do Norte e Oeste (um aumento de 14,1%).

Por seu lado, as regiões onde se registou uma maior queda do PIB em 2021 — quando comparado com 2019 –, localizam-se em Espanha e Portugal, nomeadamente: as ilhas Baleares, em Espanha (uma queda de 15%), o Algarve (menos 13,8%) e as ilhas Canárias, também em Espanha (uma descida de 13,4%). Três regiões fortemente dependentes do turismo, uma das atividades mais penalizadas pela pandemia.

O gabinete de estatística europeu ressalva que, a partir de 2019, com a pandemia da Covid-19 todas as regiões da UE foram fortemente afetadas, especialmente no que diz respeitos aos indicadores económicos e sociais. Por esse motivo, o volume de crescimento do PIB registado em 2021 é, em muitos casos, inversamente proporcional às quedas registadas em 2020. Relativamente ao PIB per capita, o destaque vai para a região do Luxemburgo, que em 2021 detinha o mais elevado (268%). Seguem-se a Irlanda do Sul (261%) e a Irlanda de Leste e Central (239%). O Eurostat adianta que estes valores se explicam, parcialmente, pelo elevado fluxo de trabalhadores que emigram para Luxemburgo — em 2021, o salário mínimo no Luxemburgo para os trabalhadores não qualificados era de 2.200 euros — e Bruxelas e por algumas empresas multinacionais que têm como domicílio a Irlanda.

No que toca ao caso português, as regiões onde o PIB per capita surge mais elevado em 2021 são a AML e o Algarve (com 96% e 76%, respetivamente). O Alentejo registava um PIB per capita de 71%, a região Centro de 66% e o Norte de 65%. O país encontra-se maioritariamente no nível mais abaixo na escala utilizada pelo Eurostat. As regiões onde o PIB per capita se mostra mais elevado situam-se na Europa Central e nos países nórdicos (ECO digital, texto da jornalista Mariana Marques Tiago)

Venezuela: Las diferencias en la oposición dificultan la celebración de las primarias en junio

Las elecciones primarias que había planificado la oposición venezolana como instrumento para dirimir sus diferencias y escoger un liderazgo unificado para enfrentar a Nicolás Maduro en las presidenciales de 2024 ha entrado en una zona de turbulencias. El final del gobierno interino de Juan Guaidó a finales de 2022ha tensado aún más la relación entre los líderes opositores y si hace un mes se hablaba de celebrar las primarias en junio de este año ahora esa fecha se antoja difícil. Hace unas semanas había consenso en todos los extremos las fuerzas democráticas en la idea de las primarias abiertas a la población, pero el retardo de sus gestiones, el silencio de los políticos y la lentitud en torno a la obtención de los recursos ha encendido las alarmas. Algunas fuentes vinculadas a la oposición ya confirman que es difícil que puedan celebrarse en junio. En las propias corrientes opositoras hay diferencias muy claras sobre el proceso. Por ejemplo, sobre la pertinencia de solicitar o no la asistencia del Consejo Nacional Electoral, -instancia que domina el chavismo pero que tiene presencia opositora- y sobre la viabilidad del voto de la diáspora. La Plataforma Unitaria ya solicitó al CNE la habilitación de los 14.000 centros de votación del país, una demanda que aún no ha sido respondida. Vente Venezuela, el partido de María Corina Machado, ha insistido en organizar unos comicios con voto manual. Sobre este punto también abundan las divergencias.

Venezuela: El chavismo avanza en el control estatal de las ONG

 

La advertencia de Diosdado Cabello de hace una semana se concretó. El número dos del chavismo presentó este martes un proyecto de ley en la Asamblea Nacional para controlar el trabajo de las organizaciones no gubernamentales y que levanta las alarmas en la sociedad civil por las posibles restricciones que plantee a la libertad de asociación, la actuación en un contexto de crisis humanitaria y a la recepción de fondos de cooperación internacional que sostienen a la mayoría de esas asociaciones. “Detrás de una ONG hay caras, partidos políticos, lo demás es una absoluta hipocresía. Estoy seguro que si nosotros revisamos los nombres de quienes están detrás de esas fachadas llamadas ONG viven a cuerpo de reyes porque se la pasan viajando por el mundo”, dijo el diputado y vicepresidente del partido de Gobierno (PSUV) durante el debate, en el que se aprobó la norma que ahora irá a una segunda discusión en un Parlamento totalmente controlado por el chavismo.

Venezuela: La caída libre de la oposición venezolana: el cese de Guaidó compromete su influencia y los activos en el extranjero

Estados Unidos ha decidido tomar posesión de la Embajada de Venezuela en Washington una vez que la oposición venezolana dejó sin efecto la existencia de la denominada presidencia interina, alternativa a la de Nicolás Maduro, que ejerció hasta el mes pasado Juan Guaidó. Washington argumenta que al quedar liquidada la plataforma ejecutiva que desconocía la legalidad chavista desde 2019, no existe un interlocutor legítimo con el cual entablar un contacto en calidad de reconocimiento político, y que los intentos de la denominada Comisión de Protección de Activos, nombrada por la Asamblea Nacional del año 2015, para sustituir a la presidencia Interina, no son procedentes. La decisión de Estados Unidos, que muchas personas en Venezuela daban por descontada, ha tomado por sorpresa a ciertos sectores políticos promotores del estatus actual del postinterinato, y ha avivado el agrio intercambio de reclamos que se hacen facciones de la oposición venezolana, responsabilizándose del fracaso por forzar una transición a la democracia en el país.

En particular, han aumentado los temores de que la disolución de la presidencia Interina precipite la pérdida de espacios políticos y los activos internacionales que la oposición venezolana ha controlado y administrado una vez que en 2019 se concretara la irrupción de Juan Guaidó desde el Parlamento desconociendo el Gobierno de Nicolás Maduro, con apoyo de parte de la comunidad democrática internacional. El fin del interinato, una aspiración compartida por muchos antichavistas, presenta ahora sus daños colaterales.

Venezuela: La oposición comienza en España una gira europea para mostrar unidad

 

La Plataforma Unitaria que reúne a la oposición venezolana ha iniciado una gira por Europa para tratar de recomponer las posiciones internacionales sobre la crisis política venezolana, en medio de una distensión de las presiones contra Nicolás Maduro. La primera parada ha sido en Madrid, donde un sector opositor pidió una participación más activa de España en las negociaciones entre el Gobierno chavista y la oposición en México. Este proceso parece estancado después de que en octubre se acordara descongelar fondos del Estado venezolano en el extranjero, bloqueados por las sanciones, para usarlos en la atención humanitaria bajo la administración de Naciones Unidas. Tres meses después, no se ha avanzado en eso. Para el jefe de la delegación opositora, Gerardo Blyde, “es una gira importante para fortalecer el proceso de negociación en México y realinear intereses”, aunque él no ha participado directamente en la reunión en Madrid. Este domingo, el ministro de Exteriores, José Manuel Albares, recibió a una parte de la delegación opositora. El funcionario dijo que España “acompañará el diálogo” a solicitud de los opositores, pero no está claro de qué forma y si se designará a un representante. “La oposición me ha solicitado que España esté tan cerca del proceso de diálogo como sea posible y, por supuesto, les he contestado afirmativamente”, declaró a la agencia EFE.

Venezuela: Nicolás Maduro estrecha sus vínculos con las iglesias evangélicas

 

Un camión con sillas, equipos de sonido y pintura llegó a uno de los complejos de edificios que el Gobierno venezolano construyó hace años dentro de la base militar Fuerte Tiuna en Caracas. Los materiales eran para las iglesias evangélicas Unción de Dios y Salmo 32. Hubo palabras de funcionarios, oraciones con las manos levantadas y un grupo de jóvenes vestidos de blanco hizo coreografías cristianas. Así se concretó hace una semana el primer despacho del nuevo programa gubernamental Mi Iglesia Bien Equipada, anunciado hace unos días por el mandatario Nicolás Maduro, durante la celebración del Día del Pastor y la Pastora Evangélicos, creado por el mismo Maduro en 2019. El mandatario venezolano ha estrechado sus vínculos con un sector de la iglesia evangélica que se ha constituido en un movimiento político para apoyarle. Maduro se ha referido a ella como “la verdadera iglesia de Dios”, para oponerla a las jerarquías católicas, con las que históricamente el chavismo ha tenido fricción,y a los sectores más tradicionales de las iglesias pentecostales. Su hijo, Nicolás Maduro Guerra, al que los pastores llaman hermano en los actos públicos, lleva el pulso de esta relación como un objetivo político y de Gobierno, desde la Vicepresidencia de Asuntos Religiosos del Partido Socialista Unido de Venezuela.

Venezuela: Venesis, una plataforma para reencontrar a los venezolanos en los temas del futuro

Futuro es una palabra que se ha quedado atascada en la prolongada crisis política y humanitaria que vive Venezuela desde hace años. Podría ser casi una incorrección política hablar ello, cuando los venezolanos tienen el saco lleno de los problemas de hoy sobre los que no hay a la vista un horizonte de salida. Sobre ese escenario se lanza la plataforma Venesis, una iniciativa de la Universidad Católica Andrés Bello, que ya se ha dedicado a documentar esa crisis con sus encuestas anuales de condiciones de vida — la única bitácora del estado del país disponible ante la ausencia de datos oficiales públicos — y que ahora se propone a divulgar el futuro a partir de 11 temas que abarcan tres grandes transiciones globales: la energética, la del cambio climático y la digital.

“Queremos plantear las preocupaciones del futuro como lugar de encuentro de los venezolanos”, explica el sociólogo Luis Pedro España, coordinador general de Venesis y director del Centro para el Tercer Sector de la UCAB. “Hay temas de inclusión social todavía por debatir y que iremos sumando —reconoce España— pero partimos de que la Venezuela petrolera ya no tiene respuestas para los retos del futuro”. Los temas están en bisagra con esa transición energética que tiene pendiente el país petrolero, que puede hacerse más costosa para los venezolanos si no se habla de ella a tiempo.

La oposición venezolana convoca primarias el 22 de octubre para elegir al candidato que enfrente a Maduro en 2024

La Comisión Nacional para la Elección Primaria encargada de organizar una consulta nacional para elegir al nuevo líder de la oposición venezolana, de cara a los comicios presidenciales de 2024, ha puesto fecha para el próximo 22 de octubre. Los candidatos se postularán entre mayo y junio y se buscará la forma de que los venezolanos que están en exterior puedan participar en la votación. La oposición atraviesa una grave crisis por las divisiones que hay entre los diferentes partidos, más profundas desde la desaparición del gobierno interino de Juan Guaidó a finales de año. La elección de un nuevo liderazgo es urgente porque será quien se enfrente a Nicolás Maduro en las elecciones de 2024.

La fecha se venía barajando desde hace meses pero aún no se había alcanzado un consenso. El acto de este miércoles, organizado en el Anfiteatro El Hatillo, en las afueras de la ciudad, contó con la presencia de parte de la plana dirigente opositora que sigue en el país – además de algunos precandidatos y el Secretario Ejecutivo de la Plataforma Unitaria, Omar Barboza- miembros del cuerpo diplomático, académicos y activistas de la sociedad civil democrática nacional.

Venezuela: La caída libre de la oposición: el cese de Guaidó compromete su influencia y los activos en el extranjero


Estados Unidos ha decidido tomar posesión de la Embajada de Venezuela en Washington una vez que la oposición venezolana dejó sin efecto la existencia de la denominada presidencia interina, alternativa a la de Nicolás Maduro, que ejerció hasta el mes pasado Juan Guaidó. Washington argumenta que al quedar liquidada la plataforma ejecutiva que desconocía la legalidad chavista desde 2019, no existe un interlocutor legítimo con el cual entablar un contacto en calidad de reconocimiento político, y que los intentos de la denominada Comisión de Protección de Activos, nombrada por la Asamblea Nacional del año 2015, para sustituir a la presidencia Interina, no son procedentes.

La decisión de Estados Unidos, que muchas personas en Venezuela daban por descontada, ha tomado por sorpresa a ciertos sectores políticos promotores del estatus actual del postinterinato, y ha avivado el agrio intercambio de reclamos que se hacen facciones de la oposición venezolana, responsabilizándose del fracaso por forzar una transición a la democracia en el país.

Venezuela: La moda de las bodas comunitarias en Caracas: un sí quiero junto a una multitud

Caracas. “¡Beso, beso, beso!”, decía el alcalde antes de llamar a la próxima pareja que declararía en matrimonio civil, justo después de coordinar que todos miraran a la cámara para el retrato y de invitar a compartir el evento en redes sociales, “para que se sepa”. En la plaza Altamira de Caracas, la tarde de San Valentín, un día de tránsito pesado en la ciudad como toda efeméride comercial, 24 parejas aprovecharon la oferta que hizo la municipalidad de Chacao de casarse en una boda comunitaria, con gastos de maquillaje y peinados pagos para ellas más asesorías en la selección de los vestidos, botella de espumante con copas, fotografías de ocasión y una noche en un hotel para la luna de miel.

“Queremos inculcar valores a los niños y personas que se acercan acá a la plaza y vean que la familia es la base fundamental de la sociedad, queremos fomentar valores morales y familiares”, dijo Gustavo Duque, el mandatario local del municipio más pequeño y de más ingresos de la ciudad. A la boda colectiva se apuntaron todos los que lograron consignar los documentos legales requeridos a tiempo, pues según los organizadores hubo gente que quedó en lista de espera. Wilmer y Merchy fueron los últimos en apuntarse. Tienen una relación de 10 años con hijos, pero habían tenido problemas para renovar la cédula de ella para casarse. “Estoy emocionado”, comentó antes de que su pareja entrara en fila con las otras mujeres vestidas de novias. También formalizaron su historia de amor de 23 años Luis, de 63 años, y Giolly, “ahora de Velásquez”, de 54 años. Eran la pareja de más edad y la más fotografiada en un evento que este alcalde repite por segunda vez, una fórmula que ha sido una vieja tradición de políticos venezolanos, pero que esta vez fue cubierto hasta por las agencias internacionales de noticias. Giolly de Velásquez, 54, se arregla el dobladillo del vestido entre las demás novias antes de la boda colectiva.

Venezuela: La radical María Corina Machado o el comediante Rausseo lideran el comienzo de la carrera por las primarias opositoras

 

El descalabro que ha vivido la oposición venezolana en los últimos meses ha colocado a liderazgos menos tradicionales, incluso impensables hace un tiempo, al frente de la carrera por las primarias del 22 de octubre para escoger el candidato que enfrentará a Nicolás Maduro en las presidenciales de 2024. Una política del espectro más conservador y radical, María Corina Machado, y el comediante Benjamín Rausseo, mejor conocido por su personaje Er Conde del Guácharo, lideran las intenciones de votos entre opositores en distintos sondeos de opinión. Esto ocurre cuando el 66,2% de los encuestados en el mes de enero por More Consulting describen la situación del país como mala.

La oposición intenta recomponerse luego de haberle complicado al Gobierno la partida en los últimos tres años con el cerco internacional y las sanciones, un forcejo en el que la coalición terminó aún más fragmentada. El proceso de primarias parte, sin embargo, con 30% de disposición a participar entre opositores y no alineados, en un escenario en el que el Gobierno ha perdido la fortaleza que logró durante los primeros siete meses de 2022, cuando logró mantener la economía estable. Maduro todavía retiene entre un 26 y 30% de aprobación, lejos de sus peores años de popularidad.