sexta-feira, fevereiro 24, 2023

Sondagem: avaliação ao Governo é má, mas este deve cumprir legislatura até ao fim

 

Mais de metade dos inquiridos (53%) classifica o desempenho de mau ou muito mau, mas 70% defendem que o melhor para o país é cumprir o mandato até 2026. A análise dos números quase dava para uma rábula humorística inspirada naquela que os Gato Fedorento faziam com a posição de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o aborto. Mais de metade (53%) dos inquiridos (e, extrapolando, dos portugueses) na sondagem da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1 classifica o desempenho deste Governo como mau (35%) ou muito mau (18%) e 85% dizem que há um problema de coordenação política no executivo. Porém, mais de dois terços (70%) consideram que “o melhor para o país” é que a equipa de António Costa cumpra o mandato até ao fim.

A avaliação média é agora pior do que em Julho, quando a classificação acumulada de mau (24%) e muito mau (13%) era de 37%. Na altura, metade considerava que o desempenho da equipa de António Costa era "razoável" e agora são apenas 39% a dizê-lo. A avaliação de "bom" também se reduziu, de 9 para 7% e os 1% de "muito bom" de Julho recuaram para 0,4%. Um ano depois da maioria absoluta do PS, o desempenho dos socialistas no Governo é agora negativo. O que estará por detrás da conclusão aparentemente contraditória de que o Governo é mau mas irá até 2026 poderá ser a falta de uma alternativa forte aos socialistas e/ou a preferência dos inquiridos pela estabilidade política.

Em Julho do ano passado, na anterior sondagem, quando o Governo já se debatia com alguns problemas – como o caso da localização do aeroporto em que Pedro Nuno Santos contrariou o primeiro-ministro e depois foi desautorizado por ele; o caos nas urgências que levaria à demissão da ministra da Saúde e nos aeroportos por causa de falta de pessoal do SEF – os resultados às mesmas perguntas foram iguais.

À pergunta "Independentemente das suas preferências políticas, o que é que considera como mais provável que aconteça ao actual Governo: cumprir mandato até ao fim ou haver eleições antecipadas?", 69% responderam agora e em Julho "cumprir até ao fim". A diferença é que então 22% acreditavam que o executivo iria "cair antes" e agora já são 27% a acreditar em eleições antecipadas. À pergunta "E, em seu entender, o que seria melhor para o país?", 70% respondem que seria cumprir o mandato até ao fim e 26% preferem eleições antecipadas.

O que significa que mesmo depois de toda a longa lista de novas polémicas que se foram somando – dos incêndios incontrolados durante dias no Verão aos casos de negócios de familiares de membros do Governo com o Estado, passando por governantes com processos judiciais (como Miguel Alves), investigações (como Fernando Medina) ou envolvidos indirectamente em processos (como João Cravinho com o Hospital Militar), ou ainda em decisões pouco claras (como a indemnização de Alexandra Reis na TAP) – os portugueses continuam a aceitar e a defender que este executivo se mantenha quase mais quatro anos em funções.

Para além disso, uma maioria significativa de inquiridos (87%) concorda que os casos e demissões "têm impacto na credibilidade e na actuação do Governo"; mais de metade (58%) admite que as polémicas alteraram a avaliação que faz do Governo; e 85% consideram que "há um problema de coordenação política" no executivo socialista. Apesar de tudo isso, 70% respondem que o "melhor para o país" é António Costa "cumprir mandato até ao fim".

E há quem não aceite o argumento das dificuldades criadas pela guerra para desculpar erros de governação. Perguntados se a guerra na Ucrânia afectou o desempenho do Governo português neste último ano, 40% consideram que "piorou", mas 55% dizem que "não teve efeito", enquanto apenas 1% afirma que "melhorou".

Ficha Técnica

Este inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e PÚBLICO entre os dias 9 e 17 de Fevereiro de 2023. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram seleccionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efectuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objectivo do estudo e demonstraram vontade de participar.

Foram obtidos 1002 inquéritos válidos, sendo 46% dos inquiridos mulheres. Distribuição geográfica: 29% da região Norte, 20% do Centro, 37% da Área Metropolitana de Lisboa, 7% do Alentejo, 4% do Algarve, 2% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários e região com base no recenseamento eleitoral e nas estimativas do INE. A taxa de resposta foi de 26%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1002 inquiridos é de 3,1%, com um nível de confiança de 95% (Publico, texto da jornalista Maria Lopes)

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