sábado, setembro 30, 2023

Nota: que os partidos e os políticos retomem a normalidade da política

Na Madeira se o PS e toda a restante esquerda tivessem possibilidades matemáticas de uma geringonça no parlamento regional, ninguém duvide que essa opção teria sido anunciada na própria noite eleitoral e o acordo seria formalizado rapidamente. Por isso a política tem muita hipocrisia junta, sobretudo quando se entra, imitando a escumalha rafeira, nojenta e desregulada que conspurca as redes sociais, pela via do insulto fácil e da invenção e fabricação de falsas notícias e informações, impedindo os debates sérios que podem e devem ser feitos de forma construtiva e séria na nossa sociedade, substituindo-os pela via do insulto fácil, ofensivo, mentiroso e indiscriminado, do  populismo de esquerda e da demagogia manipuladora. É a política refém destes bandalhos, de canalhada sem escrúpulos, de cretinos, de gentinha que se comporta pior que baratas prontas a ser esmagadas - lixo sem escolaridade, sem formação, sem educação, sem valores, sem princípios, sem berço, que usa as redes sociais de forma leviana, destruindo-as - e os indicadores de abandonos são inequívocos - baratas miseráveis, muitas vezes até familiares umas das outras, que valem zero na sua rafeirice imutável e nojenta, e que são esmagadas nas urnas.

Em resumo, uma coisa é, por exemplo, haver partidos que discordam de estratégias de outros partidos - e estão no seu direito - outra coisa é andarem com um discurso idiota que esconde a derrota, tentando disfarçar a frustração da rejeição e da humilhação, partidos esses que nunca assumem o seu próprio descalabro eleitoral - veja-se o que se passou com o PS-Madeira que foi, indiscutivelmente, repito, indiscutivelmente o grande derrotado das regionais de 2023 na Madeira mas que em vez de dar exemplo reclamou da parte dos vencedores atitudes que o próprio PS-Madeira poderia e deveria ter sido o primeiro a dar o exemplo. O PS-Madeira perdeu mais de 22 mil votos e caiu mais de 14% na votação obtida e ficou sem 7 deputados. Um desfecho destes, que em situações normais, caso a política também obrigasse à lisura discursiva e comportamental, retirava ao derrotado qualquer autoridade moral para perorar sobre o que os outros fazem ou deixam de fazer. Pensem nisso e tragam de novo a tranquilidade, a seriedade, a ética, o respeito, o diálogo à política regional para que as pessoas não se afastem ainda mais das urnas, realidade que muitos tentam ridiculamente disfarçar com "matemáticas" oportunistas destinadas a dar maior legitimidade àquela que realmente aconteceu nas urnas. E não vamos desenvolver muito o tema, porque ainda caímos na discussão sobre o financiamento de autarquias e porventura suscitando dúvidas sobre a veracidade de valores que servem de base ao apuramento dos montantes transferidos anualmente pelo OE. Fica claro?

A abstenção existe, quando existe, porque os partidos e os políticos falham, porque se revelam incapazes de mobilizar os cidadãos, porque criam entre eles a desilusão e a frustração de não acreditarem em quem deviam acreditar. Apenas isso. (LFM)

Madeira: quem serão os novos deputados

Quanto à verificação de poderes, confirmando que os eleitos estão em condições de assumirem os seus cargos, e apreciando os pedidos de suspensão de mandatos e respectivas substituições, o Estatuto refere que "os poderes dos deputados são verificados pela Assembleia Legislativa, precedendo parecer da Comissão de Regimento e Mandatos. A verificação de poderes consiste na apreciação da regularidade formal dos mandatos e na apreciação da elegibilidade dos deputados cujos mandatos sejam impugnados por facto que não tenha sido objeto de decisão judicial com trânsito em julgado". O parecer da comissão de verificação de mandatos é elaborado por esta e submetido a apreciação e votação pelo plenário da Assembleia Legislativa. De acordo com os resultados eleitorais e considerando as substituições inevitáveis ou as que foram anunciadas até esta data, podemos elaborar a lista de deputados e substituições que aquela Comissão vai analisar e submeter à aprovação em plenário (LFM)


A eleição do Presidente da Assembleia Legislativa

Neste quadro parlamentar, que será dos mais exigentes de sempre em termos de gestão política do parlamento regional, não me parece nada descabido que José Manuel Rodrigues se mantenha na liderança da Assembleia Legislativa. Até porque o CDS, parceiro da coligação com o PSD, manteve os mesmos 3 deputados que elegeu em 2019 e perdeu uma das secretarias regionais que detinha no executivo, com uma orgânica mais reduzida (menos duas secretarias regionais). Eu não sei se ele vai ser eleito até porque continuo a não ter certezas nenhumas quanto à estabilidade desta nova geringonça madeirense. Acho que precisamos de demonstrações concretas para percebermos se a Legislatura regional tem pés para andar até o final ou se, inevitavelmente, vamos para eleições regionais antecipadas que poderiam provocar uma mudança nos resultados eleitorais, como regra geral acontece.

Partindo do pressuposto plausível de que tudo vai correr bem, acho que José Luis Nunes, que chegou à política mais activa apenas em 2021, nas eleições para as autarquias locais, nas quais foi candidato eleito à presidência da Assembleia Municipal (que tem apenas 4 forças políticas e a maioria absoluta do PSD e do CDS que concorreram coligados) dificilmente teria a experiência política para gerir uma Assembleia Legislativa com esta constelação de partidos e que nada têm a ver com o funcionamento daquele órgão autárquico municipal. Por isso acho que fez bem ao anunciar que suspendia o mandato.

O PSD, para além dele, não tinha alternativa. Rubina Leal, ao que parece prefere manter-se na vice-presidência do parlamento e dificilmente esse não deixará de ser o lugar de José Prada. Porquê? Por norma os parlamentos não elegem para a sua presidência um político que faça parte dos chamados operacionais, casos dos Presidentes ou dos Secretários-gerais. Paradoxalmente ou não, os vice-presidentes dos partidos, olhados como figuras menos influentes e menos operacionais, mais facilmente são eleitos para esse cargo.

Não tem mal nenhum que assim seja, nem sequer tem nada a ver com o perfil ou a competência das pessoas para o cargo. Tem a ver com a necessidade de haver uma separação forte, inequívoca, entre um partido e os seus dirigentes operacionais mais destacados e com maior poder de decisão e uma instituição democrática, com representação alargada, livremente eleita pelos cidadãos e da qual depende o poder executivo. Os próprios partidos maioritários defendem-se e defendem o parlamento furtando-se a propostas incómodas e que colocariam em causa, ou pelo menos corriam esse risco, a isenção do parlamento e da sua principal figura.

A Assembleia ainda em funções, tem como Vice-Presidentes, José Prada e Rubina Leal, ambos do PSD e Vítor Freitas do PS. O Estatuto Político e o Regimento definem que o partido maioritário tem 2 vice-presidências da Mesa e mais uma delas reservada para o maior partido da oposição.

Obviamente que não duvido que o PS-Madeira candidate um dos deputados eleitos a Presidente da Assembleia Legislativa, não sendo de excluir que Sancha Campanella ou Jacinto Serrão sejam candidatos. O actual regimento refere que as candidaturas para a Presidência da Assembleia Legislativa devem ser subscritas por um mínimo de 5 e um máximo de 15 deputados. Será eleito Presidente da Assembleia Legislativa o candidato que obtiver maioria absoluta dos votos dos deputados em efetividade de funções. Se nenhum dos candidatos obtiver esse número de votos, proceder-se-á imediatamente a segundo sufrágio, ao qual concorrerão apenas os dois candidatos mais votados que não tenham retirado a candidatura. A eleição do Presidente da Mesa tem lugar em sessão especialmente convocada para o efeito. A Mesa da Assembleia Legislativa é composta pelo Presidente, três Vice-Presidentes, dois Secretários e dois Vice-Secretários.

Os Vice-Presidentes são eleitos em lista própria e nominativa, com a declaração de anuência dos candidatos, sob proposta de um mínimo de cinco e máximo de 15 deputados, com a maioria absoluta dos votos dos deputados em efetividade de funções. O Vice-Presidente proposto pelo segundo maior grupo parlamentar será eleito, com declaração de anuência do candidato, sob proposta de um mínimo de 5 e máximo de 15 deputados, com a maioria absoluta dos votos dos deputados em efetividade de funções.

Já os Secretários e os Vice-Secretários são eleitos por sufrágio de lista completa e nominativa, proposta pelo mínimo de 5 e o máximo de 15 deputados, com declaração de anuência dos candidatos, considerando-se eleita a lista que obtiver a maioria absoluta dos votos dos deputados em efetividade de funções.

Em resumo, Neste quadro o PSD-M - que não se pode esquecer, de uma vez por todas, que tem apenas 20 deputados e que perdeu um mandato comparativamente a 2019, mesmo considerando o acordo parlamentar estabelecido com o PAN, e mesmo contando com a parceria com o CDS, que terá um grupo parlamentar  autónomo - poderia não estar em condições parlamentares de eleger, como seria natural um presidente do principal órgão de governo próprio da região.

Sabendo-se que foi o PSD-M a negociar com o PAN o entendimento parlamentar que garantiu a maioria absoluta (que falhou por um deputado), sabendo-se qual foi a insistente reacção de Nuno Melo, líder nacional do CDS - que deve andar baralhado da cabeça perante o cenário de concorrer sozinho, como deve acontecer, às europeias de 2024, conhecendo-se a lógica política do CDS face ao PAN, insistindo na ideia de que é um adversário e que preferia a Iniciativa Liberal conhecendo-se a estranha reação da JP local, em comunicado, quando as negociações estavam ainda na sua fase final, pareceu-me sempre difícil que o PSD não tivesse que ceder alguma coisa ao CDS, para acalmar o seu parceiro de coligação, e neutralizar as teorias mais radicais da direita conservadora, no PSD e no CDS nacionais, acalmar  as teorias mais radicais de direita que parecem insistir em criar problemas. Pelos vistos ninguém abriu os queixos à geringonça de direita nos Açores, com extrema-direita, liberais e monárquicos  à mistura...

Tal como muitos sectores do PSD-M, também eu desejaria que o principal órgão de governo próprio da Região fosse liderado por um social-democrata. Não quer isso dizer que seja imperioso que assim seja, é mais uma ideia emblemática nascida em 1976. Mas temos que ser realistas e recomendo a leitura atenta do quadro que ilustra este meu comentário, acho que diz tudo. PSD concorreu este ano, pela primeira vez, em coligação, o discurso "isolacionista" do  PSD-M deixa em certa medida de fazer sentido quando olhamos para a lógica eleitoral, sendo esta postura substituída por uma lógica pragmática de partilha de cedências que consolidem entendimentos obtidos "in extremis" - 24 deputados em 47! - retiram espaço de manobra ao PSD-M por muito que sectores do partido maioritário da Madeira tivessem sonhado com desfechos eleitorais "paradisíacos", ilusoriamente criados pela conjugação de algum autoconvencimento exagerado com sondagens que acabaram por contribuir à sua maneira, o desfecho eleitoral da coligação e, reconheço também, do próprio PS, indiscutivelmente o grande derrotado destas eleições. Agora, como dizem os mais velhos, muito juízo na gestão destes tempos e deste novo quadro político, muito pragmatismo, muita seriedade, entrega a causas e objectivos em concreto, apenas virados para as pessoas, para as suas necessidades, para a qualidade de vida dos madeirenses, para os seus problemas e angústias, porque são eles que cá vivem, e deixem-se de alimentar tontices ou de valorizar coisas menores que não passam de minudências cretinas e dispensáveis neste contexto.

Há quatro anos critiquei o processo de reivindicação da presidência do parlamento, não por causa de José Manuel Rodrigues - que reunia todos os requisitos e experiência política para o desempenho do cargo - mas pela forma como tudo se processou, incluindo pressões políticas e ameaças que na altura disse, e mantenho, terem sido descabidas, intoleráveis e desajustadas. As exigências até impediram qualquer negociação. Hoje, em, 2023, e resolvido esse assunto de 2019, acho que o caso é diferente, devendo ser por isso encarado, pelos motivos atrás enumerados, com alguma naturalidade que em 2019 nunca foi assumida por parte de alguns sectores políticos do PSD-M. Em 2015 em Lisboa e em 2020 nos Açores, com as tais geringonças, aconteceu o mesmo na eleição dos presidentes dos respectivos parlamentos.

(LFM)

sexta-feira, setembro 29, 2023

Portugueses são crentes no atlantismo, confiam nos EUA, mas querem UE mais assertiva


Edição Transatlantic Trends de 2023 analisa opinião pública dos Estados Unidos e do Canadá mais a de 12 países europeus, incluindo Portugal. Entre 2022, ano em que a Rússia invadiu a Ucrânia e desencadeou uma reação de apoio do Ocidente a Kiev contra Moscovo, e 2023 há diferenças nas principais ilações retiradas do Transatlantic Trends, um vasto estudo de opinião que abrange os Estados Unidos e o Canadá e uma dúzia de aliados europeus da América, incluindo Portugal. "A principal mudança a observar é a perceção dos desafios de segurança que os inquiridos consideram que o seu país enfrenta. Apesar da guerra na fronteira oriental da UE, apenas os inquiridos de três países afirmam que a Rússia, ou a guerra entre Estados, é o desafio de segurança mais importante para o seu país. Em todos os outros países, destacam-se a alterações climáticas - o que é consistente com os anos anteriores - e a imigração, que se tornou muito mais importante aos olhos dos entrevistados desde 2022", sublinha Gesine Weber, especialista em assuntos de Defesa e Segurança Europeia e que coordenou este Transatlantic Trends 2023 (TT23), da responsabilidade do German Marshall Fund.

40% dos juízes admite que comunicação social influencia decisões

Inquérito da RECJ mostra que magistrados europeus consideram ter independência. Em Portugal uma percentagem elevada reconhece que pode existir intervenção externa nas deliberações tomadas. Em Portugal os juízes admitem a possibilidade de existirem magistrados que são influenciados nas suas decisões pela pressão dos meios de comunicação social. E há também dúvidas sobre a forma como os processo são distribuídos. Estas são duas das conclusões de um inquérito feito pela Rede Europeia de Conselhos de Justiça (RECJ) que procurou saber a opinião dos juízes sobre a independência da classe a nível europeu e que deixa alguns alertas para a forma como aqueles analisam a sua profissão, a forma como ela é exercida, as condições de trabalho e as eventuais pressões a que são sujeitos nos diversos países europeus. No documento a que o DN teve acesso é referido que o inquérito foi realizado no primeiro trimestre de 2022 e que contou com a participação de 15 821 juízes de 29 autoridades judiciais de 27 países - no caso de Portugal responderam cerca de 500 juízes.

No âmbito geral, nas conclusões do estudo, que foi efetuado pela quarta vez, é destacado que estes profissionais consideram que a sua independência no trabalho é grande, com 61% dos inquiridos a confirmar essa ideia, que foi reforçada com a entrada dos seus países na União Europeia.

As geringonças portuguesas quando em Espanha tentam construir mais uma...


As pessoas lembram-se das três geringonças políticas e parlamentares que já tivemos até hoje em Portugal? O primeiro exemplo veio de Lisboa, da Assembleia da República, depois das eleições legislativas de 2015, e que teve António Costa como principal mentor e protagonista deste processo que se prolongou em 2019 e viria a culminar com a queda do governo socialista, a antecipação de eleições legislativas, e o descalabro eleitoral para os parceiros mais pequenos desta geringonça liderada pelo PS que conquistou a maioria absoluta parlamentar em 2022.

Legislativas, 2015
  • PSD-CDS, 1.993.921 votos, 38,86%, 102 deputados
  • PS, 1.747.685 votos, 32,31%, 86 deputados
  • BE, 550.892 votos, 10,19%, 19 deputados
  • PCP, 445.980 votos, 8,25%, 17 deputados
  • PAN, 75.140 votos, 1,39%, 1 deputado
  • PSD, 81.054 votos, 1,5%, 5 deputados

Com 250 deputados a maioria absoluta na Assembleia da Republica é conseguida com 126 mandatos (125 + 1). A geringonça liderada pelo PS, que foi apenas um acordo de incidência parlamentar, foi formalizada pelo PS, Bloco, PCP, contando ainda com PAN e Verdes, num total de 123 mandatos contra apenas 107 do PSD e CDS. O governo apresentado por Pasos Coelho e Portas, vencedores das eleições foi afastado depois de uma moção de confiança ter sido recusada pelo plenário.
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No caso dos Açores, em 2020, cuja geringonça foi considerada a resposta da direita ao PS, devido à inversão dos protagonistas - os socialistas foram os mais votados nos Açores mas a direita teve masis mandatos - as coisas foram mais complexas. Basta olhar para os resultados:

Açores, 2020
  • PS, 40.701 votos, 39,13%, 25 deputados
  • PSD, 35.091 votos, 33,74%, 21 deputados
  • CDS, 5.734 votos, 5,51%, 34 deputados
  • BE, 3.962 votos, 3,81%, 2 deputados
  • PAN, 2.004 votos, 1,93%, 1 deputado
  • PPM, 2.431 votos, 2.23%, 1 deputado
  • Chega, 5.260 votos, 5.06%, 2 deputados
  • Iniciativa Liberal, 2012 votos, 1,94%, 1 deputado
  • CDS/PPM, 115 votos, 0,11%, 1 deputado

A geringonça que suporta o governo regional ainda em funções, apesar de Chega e Iniciativa Liberal terem denunciado em 2023 o acordo parlamentar - também a base do entendimento regional - celebrado em 2020,  juntou um total de  29 mandatos - quando a maioria absoluta (57 deputados) é de 29 mandatos - contra 28 da oposição, PS, PAN e Bloco.
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Finalmente no caso da Madeira, nas regionais de 2023, a situação foi a que todos conhecemos:

Regionais 2023
  • PSD-CDS, 58.399 votos, 43,13%, 23 deputados
  • PS, 28.844 votos, 21,30%, 11 deputados
  • JPP, 14.993 votos, 11,03%, 5 deputados
  • CHEGA, 12.028 votos, 8,88%, 4 deputados
  • PCP, 3.677 votos, 2,72%, 1 deputado
  • ILIBERAL, 3.555 votos, 2,63%, 1 deputado
  • PAN, 3.046 votos, 2,25%, 1 deputado
  • BLOCO, 3.036 votos, 2,24%, 1 deputado

No caso do parlamento madeirense, cuja maioria absoluta é conseguida por 24 dos 47 deputados, o entendimento parlamentar alcançado pelo PSD, e envolvendo o CDS - parceiro da coligação - e o PAN, passou a ser a terceira geringonça do pais. Mas com uma diferença importante comparativamente às duas outras: ao contrário da Assembleia da República e dos Açores, na Madeira os vencedores das eleições nas urnas - a coligação PSD-CDS - foram protagonistas do entendimento parlamentar, o que não aconteceu nem com a coligação PSD-CDS em Lisboa, nas legislativas de 2015, e com PS-Açores nas regionais de 2020.
Recordo que depois do segundo falhanço do PP em Espanha para a investidura de Feijó, tudo indica - apesar de algumas ameaças hoje surgidas na Catalunha - que o dirigente socialistas Pedro Sanchez será chamado a formar governo e vai tentar uma estranha geringonça reunindo o PSOE à nova extrema-esquerda espanhola, SUMAR, que substitui o derrotadíssimo Podemos, e os independentistas do Pais Basco e da Catalunha, além do deputado da esquerda galega. Uma verdadeira salada russa (LFM)

O último orçamento dos Açores vai ser o mais difícil, mas o PAN também pode ser a solução

Negociações arrancam em novembro. Governo precisa de três votos, mas está mais distante dos parceiros. Aumento da dívida pública durante atual legislatura é um dos temas-chave. Há uma certeza: os Açores vão a votos no próximo ano. A dúvida é se as eleições serão no fim da legislatura, em outubro, ou antecipadas devido a uma eventual queda do Governo, que não tem condições de garantir, para já, a aprovação do orçamento regional. Num impasse parlamentar desde março, altura em que Iniciativa Liberal e o deputado único independente (que saiu do Chega) rasgaram os acordos que davam maioria garantida ao Governo de coligação PSD-CDS-PPM, as forças políticas do arquipélago preparam-se para negociar o último orçamento regional da legislatura. As negociações à direita não serão tão fáceis como no passado – e à semelhança do que aconteceu na Madeira, o PAN pode ser decisivo.

A anteproposta do orçamento regional para 2024 será entregue este domingo, e em novembro arrancam as negociações parlamentares. Tal como nos últimos três orçamentos, o Executivo de José Manuel Bolieiro precisa de garantir três assentos além dos que formam a maioria governamental PSD-CDS-PPM: há quatro “parceiros para o diálogo” – Iniciativa Liberal, que em março deu por terminado o acordo com o PSD-A, o deputado do Chega, o deputado único que saiu do Chega, e o deputado do PAN – mas todas as decisões serão tomadas “medida a medida”.

Espanha: Feijóo falha segunda tentativa para ser primeiro-ministro, sem um único apoio a mais


A maioria de 177 deputados rejeitou pela segunda vez o chefe do Partido Popular para líder do próximo Executivo. Votaram a favor 172: os da sua bancada, os da extrema-direita e os de duas pequenas forças regionais. Um voto foi considerado nulo. Acabou de vez a tentativa de Alberto Núñez Feijóo para ser primeiro-ministro de Espanha na sequência das eleições legislativas do passado dia 23 de julho. Por 177 votos contra, 172 a favor, e um nulo, o Congresso dos Deputados negou-lhe confiança pela segunda vez. O anúncio da presidente do Congresso, Francina Armengol, tardou alguns minutos, por causa de um erro cometido por um deputado do partido Juntos pela Catalunha durante a votação desta tarde. Eduard Pujol terá primeiro votado “sim”, e corrigiu em seguida proferindo um “não”. O seu voto acabaria por ser anulado.
Sem acrescentar apoios aos que tivera na primeira votação, quarta-feira, o chefe do Partido Popular (PP, centro-direita) contou com os seus 137 deputados, os 33 do Vox (extrema-direita), e os deputados únicos da União do Povo Navarro e da Coligação Canária.

Parlamento regional da Catalunha aprova resolução que dificulta negociação entre Sánchez e os independentistas

Partidos independentistas condicionam apoio ao primeiro-ministro socialista à criação de condições para um referendo de autodeterminação, impossível à luz da Constituição espanhola. A Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e o Juntos pela Catalunha (JxC), partidos nacionalistas de cujo apoio depende a recondução de Pedro Sánchez como primeiro-ministro de Espanha, apresentaram ao Parlamento regional, esta sexta-feira, uma moção que eleva as exigências a que condicionarão o seu voto favorável à investidura do líder socialista. O texto condiciona esse apoio ao compromisso de “trabalhar para tornar efetivas as condições para a celebração de um referendo”.

Uma consulta popular sobre autodeterminação é impossível ao abrigo da Constituição espanhola. Ora, a Lei Fundamental é precisamente o marco dentro do qual Sánchez e o seu Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, centro-esquerda) admite dialogar com os independentistas.

A resolução, que vincula o governo regional catalão ­— um executivo minoritário chefiado por Pere Aragonès, da ERC —, vai passar com os votos dos dois maiores partidos nacionalistas e a abstenção da Candidatura de Unidade Popular, pequena formação de extrema-esquerda independentista, presente no hemiciclo autonómico, mas não no Parlamento espanhol. Foi adotada no dia em que deve gorar-se no Congresso dos Deputados a segunda tentativa de investidura de Alberto Núñez Feijóo, presidente do Partido Popular (PP, centro-direita) e vencedor das legislativas de 23 de julho último.

quinta-feira, setembro 28, 2023

O novo Governo Regional da Madeira

Um governo, nomeadamente as escolhas dos nomes que dele fazem parte, é uma tarefa da responsabilidade exclusiva ou do primeiro-ministro ou do presidente do governo regional, porque são eles que têm a legitimidade de escolherem os nomes dos seus colaboradores mais directos. Se tudo funcionar plenamente, como esperado pelo líder do governo, basta gerir o tempo e dar condições aos governantes para exercerem o seu mandato nos diferentes sectores. Se com o tempo se verificar a necessidade de ajustamentos ou de mudanças, haverá sempre pessoas disponíveis para ocuparem os lugares que ficarem vagos por causa dessas substituições.

Isto é como o futebol.

O treinador é que escolhe a equipa titular e os suplentes para cada jogo. Nas bancadas, e fora delas, existem milhares, talvez milhões de treinadores de bancada, cada um com a sua escolha e a sua opinião, mas a decisão é sempre do treinador da equipa. Porque é ele que faz as escolhas e faz as mudanças que o evoluir do jogo determina. Na política é exactamente o mesmo.

O novo Governo Regional hoje anunciado por Miguel Albuquerque é um governo da responsabilidade do seu Presidente que depois responderá, pelo sucesso ou pelo fracasso das suas escolhas, cuja legitimidade ninguém contesta. Sempre foi assim, vai continuar a a ser assim.

Vamos a novidades, começando por recordar a composição do governo regional ainda em funções nesta data:

- Miguel Albuquerque Presidente do Governo (PSD)

- Secretário Regional de Educação, Ciência e Tecnologia, Jorge Carvalho (indicado pelo PSD)

- Secretário Regional de Economia, Rui Barreto (CDS)

- Secretário Regional das Finanças, Rogério Gouveia (PSD)

- Secretário Regional da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos (PSD)

- Secretário Regional de Turismo e Cultura, Eduardo Jesus (PSD)

- Secretária Regional de Inclusão Social e Cidadania, Rita Andrade (PSD)

- Secretária Regional do Ambiente, Recursos Naturais e Alterações Climáticas, Susana Prada (PSD)

- Secretário Regional de Mar e Pescas, Teófilo Cunha (CDS)

- Secretário Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Humberto Vasconcelos (PSD)

- Secretário Regional dos Equipamentos e Infraestruturas, Pedro Fino (PSD)

O XIV Governo Regional hoje anunciado por Albuquerque, escassas horas depois de ter sido convidado por Irineu Barreto para essa tarefa, implicou a saída de 4 dos actuais membros do executivo e a entrada de apenas 2 novos titulares.

Quem saiu?

- Secretária Regional de Inclusão Social e Cidadania, Rita Andrade (PSD)

- Secretária Regional do Ambiente, Recursos Naturais e Alterações Climáticas, Susana Prada (PSD)

- Secretário Regional de Mar e Pescas, Teófilo Cunha (CDS)

- Secretário Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Humberto Vasconcelos (PSD)

O novo executivo hoje anunciado é constituído por um Presidente e 8 Secretários Regionais:

- Miguel Albuquerque Presidente do Governo (PSD)

- Secretário Regional de Educação e Ciência, Jorge Carvalho (indicado pelo PSD)

- Secretário Regional de Economia, Mar e Pescas, Rui Barreto (CDS)

- Secretário Regional das Finanças, Rogério Gouveia (PSD)

- Secretário Regional da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos (PSD)

- Secretário Regional de Turismo e Cultura, Eduardo Jesus (PSD)

- Secretária Regional de Inclusão Social e Cidadania, Ana Sousa (novidade)

- Secretária Regional da Agricultura e Ambiente, Rafaela Fernandes (novidade)

- Secretário Regional dos Equipamentos e Infraestruturas, Pedro Fino (PSD)

 

Verifica-se que Rafael Fernandes fica com as pastas que eram de Humberto Vasconcelos e der Susana Prada, Barreto recebe as Pescas e o Mar que eram geridos por Teófilo Cunha e Ana Sousa junta a Juventude (que estava na Educação) à Inclusão Social.

O diploma com a estrutura governativa completa, incluindo as sub-áreas que serão tuteladas por cada departamento, deverá ser publicado em breve. A partir dele poderemos ter a ideia de quantas direcções regionais poderão existir, embora tudo indique que para além da redução de 2 secretarias regionais, deverá haver uma redução das direções regionais,

No que diz respeito às estreias, Rafaela Fernandes assume a Secretaria de Agricultura e Ambiente e Ana Sousa fica com a Inclusão Social e Juventude. Rafaela Fernandes deixa a presidência presidente do Conselho de Administração do SESARAM, e Ana Sousa era directora do departamento de Inclusão da Pessoa com Deficiência da Madeira.

A minha apreciação a alguns pontos: com Rafaela Fernandes na Agricultura e no Ambiente teremos nesta pasta uma liderança política bastante acentuada, provavelmente na linha do que aconteceu há anos com Manuel António Correia. Pessoalmente, conhecendo Rafaela Fernandes, prevejo grandes mudanças no combate político e ao acomodamento nalguns sectores, incluindo aqueles que foram desvalorizados durante a campanha eleitoral, que interessam a milhares de pessoas, e cuja polémica e falta de esclarecimento inequívoco, acabaram por influenciar alguns resultados eleitorais nalguns concelhos.

Alguma expectativa em saber o que vai acontecer no SESARAM, numa altura decisiva para este sector, não só por causa de algum impacto ainda decorrente do ataque informático, mas também pela necessidade de reduzir listas de espera e pela continuidade do processo de preparação atempada da entrada em funcionamento, daqui a uns anos, o do novo Hospital da Madeira (LFM)

terça-feira, setembro 26, 2023

Nota eleitoral: o peso de cada concelho para a votação final dos partidos

Nesta sequência de quadros mostro as votações dos partidos escolhidos por concelho, e respectivas percentagens municipais, colocando na coluna da direita o peso percentual de cada concelho em termos de contributo para a votação total regional de cada força política indicada. Podemos facilmente perceber quais os concelhos mais importantes para os resultados eleitorais de cada um dos partidos selecionados neste trabalho. No caso da coligação PSD-CDS, o Funchal e Câmara de Lobos representam cerca de 51% dos votos regionais enquanto que, por exemplo, no caso do Chega, Funchal e Câmara de Lobos representaram 59% dos votos obtidos na RAM.


Nota eleitoral: quadro geral (2019 e 2023) da coligação PSD-CDS


Nota eleitoral: quadro geral (2019 e 2023) do PS


Nota eleitoral: quadro geral (2019 e 2023) dos inscritos e votantes


Nota eleitoral: quadro geral (2019 e 2023) do PAN


Nota eleitoral: quadro geral (2019 e 2023) da abstenção


Contributo do Tribunal de Contas para a nova Legislatura na Madeira

O Tribunal acaba de divulgar o documento “No início de uma nova Legislatura. Contributo para a melhoria da gestão pública e da sustentabilidade das finanças públicas da Região Autónoma da Madeira”. É a primeira vez que, no início de uma nova Legislatura na Região Autónoma da Madeira, o Tribunal de Contas dá o seu Contributo à Assembleia Legislativa e ao Governo Regional, num documento atual, útil e construtivo para a boa gestão e a sustentabilidade das finanças públicas. No plano do Estado, recorda-se que o Tribunal também já tinha divulgado o seu Contributo para a nova Legislatura, após as eleições para a Assembleia da República em janeiro de 2022. Ao longo de 40 páginas, o Tribunal apresenta este instrumento de apoio com as principais recomendações em cinco áreas fundamentais, como o enquadramento financeiro e orçamental e prestação de contas, as funções económicas, a contratação, o trabalho e a segurança social e a gestão e regularização patrimonial e contencioso judicial. A definição e fundamentação destas temáticas resultam da atividade recente do Tribunal, em especial, das conclusões e recomendações contidas nos seus pareceres, relatórios, acórdãos e decisões, que ainda se encontram por acolher.​ Leia aqui o "Contributo para a para a melhoria da gestão pública e da sustentabilidade das finanças públicas da Região Autónoma da Madeira​"

Nota eleitoral: quadro geral (2019 e 2023) do Chega


Nota eleitoral: quadro geral (2019 e 2023) do Bloco de Esquerda


 

Nota eleitoral: quadro geral (2019 e 2023) do PCP


Nota eleitoral: quadro geral (2019 e 2023) da Iniciativa Liberal


Nota eleitoral: quadro geral (2019 e 2023) do JPP


Nota eleitoral: quadro geral das eleições de 24 de Setembro

Nota eleitoral: ganhos e perdas e flutuações eleitorais...

Ganhos e perdas na direita e centro-direita
Ganhos e perdas na esquerda e centro-esquerda

Perante os resultados finais das regionais de 2023, constata-se que a coligação PSD-CDS - que perdeu 6.295 votos - mais o PS - que perdeu 22.353 votos - perderam ambos um total de 28.648 votos entre 2019 e 2023. Ora sem esquecer que entre 2019 e 2023 votaram menos 7.777 eleitores, e verificando-se que as subidas do Chega e da Iniciativa Liberal (14.202 votos) superam as perdas do PSD-CDS e que os ganhos do JPP, Bloco, PAN e PCP, entre 2019 e 2023, totalizam 9.701 votos, deixo a cada um a interpretação sobre a flutuação eleitoral verificada domingo passado e sobretudo as deixo a cada um a retirada de conclusões sobre as transferências de votos de onde e para quem. Porque nem sempre as interpretações são tão lineares como parecem e nem sempre as análises podem ser realizadas apenas com base na questão ideológica da esquerda versus direita ou vice-versa. Em momentos de flutuação eleitoral e de óbvia transferência de votos as origens destes fenómenos eleitorais, perfeitamente normais, acabam por surpreender…


Nota eleitoral: como foram eleitos os 47?

Como foram eleitos os 47 deputados regionais. Os deputados são eleitos com base nos votos efectivamente recebidos pelos partidos e não com base em percentagens. Acresce que o método de Hondt que tem como ponto de partida, repito, a totalidade dos votos dos partidos, no caso dos mais votados terem uma menor votação - lembro que PSD-CDS e PS, juntos, perderam mais de 22 mil votos - isso acaba por viabilizar a eleição de deputados por parte dos pequenos partidos.

Nota eleitoral: procedimentos

Recordo que, nos termos do estatuto e demais legislação, a Assembleia Legislativa Regional reúne por direito próprio até ao 15.º dia posterior ao apuramento dos resultados eleitorais. De acordo com o mapa cronológico da Comissão Nacional de Eleições, o apuramento dos resultados da eleição e a proclamação dos candidatos eleitos competem a uma assembleia de apuramento geral, que inicia os seus trabalhos às 9 horas do 2.º dia posterior ao da eleição, no edifício para o efeito designado pelo Representante da República na Região Autónoma da Madeira. Ou seja a reunião tem lugar amanhã, terça-feira, 26 de Setembro. O apuramento geral deve estar concluído até ao 10.º dia posterior à eleição ou seja até 4 de Outubro. Nos dois dias posteriores àquele em que se concluir o apuramento geral, o presidente entrega ao Representante da República toda a documentação presente à assembleia de apuramento geral, para a conservar e guardar sob sua responsabilidade, bem como dois exemplares da acta. No prazo do número anterior, o terceiro exemplar da acta é enviado à Comissão Nacional de Eleições pelo seguro do correio, ou por próprio, que cobra recibo de entrega. Entretanto, o Representante da República envia à Comissão de Verificação de Poderes da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira um dos exemplares das actas de apuramento geral que deste modo fica habilitada - ainda através da Comissão de Verificação de Mandatos da Assembleia em funções - a verifica a legalidade do processo, elaborar um parecer sobre a verificação dos deputados, incluindo substituições de deputados eleitos (suspensão de mandato, caso dos autarcas em funções que não podem acumular essa função com a parlamentar), processo que antecede a primeira reunião plenária a ser depois agendada e que começa com a votação daquele parecer e depois passa à eleição dos membros da Mesa. Nos oito dias subsequentes à recepção da acta de apuramento geral a Comissão Nacional de Eleições elabora e faz publicar na 1.ª série do Diário da República e na 1.ª série do Jornal Oficial da Região Autónoma da Madeira um mapa oficial com o resultado das eleições.

Análise: Do excesso de oferta à Direita aos "jokers" do PS: o que esperar da corrida a Belém

Três politólogos fazem um retrato do terreno em que se movem os potenciais sucessores de Marcelo. Se António Guterres é apontado como um trunfo socialista, Santos Silva pode estar a camuflar a intenção discreta de levar António Costa à Presidência da República. O PS e o PSD, os dois maiores partidos em Portugal, liderados respetivamente por António Costa e Luís Montenegro, não fazem futurologia, nem levantam o véu a possíveis apoios a candidatos à Presidência da República. No entanto, a sinalização de intenções face a Belém ganhou alguns contornos na última semana, com o antigo presidente social-democrata Luís Marques Mendes e o antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes a mostrarem-se disponíveis para suceder a Marcelo Rebelo de Sousa. Contudo, será demasiado cedo para previsões, com as eleições apontadas só para 2026.

Esta manobra, porém, pode não significar nada. "O aparecimento desta gente toda [por agora, Marques Mendes e Santana Lopes] tem que ver com o ciclo político e com a renovação geracional na democracia portuguesa. Há um conjunto de pessoas para quem, no fundo, é agora ou nunca", defende o politólogo Jorge Fernandes, ouvido pelo DN. "Depois, uma geração mais nova poderá tomar o lugar daqueles", explica o também investigador no Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa. Jorge Fernandes refere-se a Santana Lopes, Marques Mendes e Paulo Portas.

Sondagem Presidenciais: Guterres não teria rival à Esquerda, Mendes e Passos empatam à Direita


Entre os eleitores do PSD, o ex-primeiro-ministro é o favorito para as presidenciais. Entre socialistas, Ana Gomes empata com Santos Silva. Faltam mais de dois anos para as eleições presidenciais, não há candidatos assumidos, apenas desejos ou intenções. E em muitos casos o silêncio. Mas já há favoritos que se destacam dos restantes. Mais para a Direita, de acordo com uma sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF, Marques Mendes (20%) só terá caminho aberto se Pedro Passos Coelho (20%) deixar. Mais para a Esquerda, Guterres é o mais desejado (34%), mas é líder das Nações Unidas e nada indica que queira abreviar o mandato, que só termina em 2026. E, se assim for, é Ana Gomes (19%) quem se destaca na área socialista, face a personalidades como Mário Centeno (12%) ou Augusto Santos Silva (8%).

Os inquéritos para esta sondagem foram feitos na semana passada. Mas não se perguntou aos portugueses a quem entregariam o seu voto. Porque os resultados de uma sondagem sobre intenções de voto seriam pouco úteis numa lista com vários candidatos da área social-democrata e socialista. No final, como quase sempre (mas nem sempre), cada um dos dois grandes partidos dará o seu apoio a um único candidato. Esta sondagem testou, portanto, de forma separada, uma lista de nomes à Esquerda e uma lista de nomes à Direita, para se tentar perceber quem são, nesta altura, os favoritos dos portugueses. Nomes que têm sido referidos no espaço público como presidenciáveis, mesmo sabendo-se que vários não parecem interessados em apresentar uma candidatura.

Sondagem: Mais de um terço dos jovens não têm habitação estável

Mais de metade dos que vivem em situação precária não conseguem arrendar casa ou ter acesso a crédito. Baixos salários apontados por 49% como principal explicação da crise. Mais de um terço dos jovens (36%) e um terço dos adultos (33%), entre os 35 e 49 anos, não têm habitação estável. A maioria porque não consegue aceder ao crédito ou pagar os valores de renda pedidos no mercado. Na sondagem feita pela Aximage para o DN/ JN e TSF, quase metade dos portugueses culpa os baixos salários e não a inflação ou a especulação imobiliária pela crise na habitação.

Do quarto da população que não tem uma situação de habitação estável, 36% responde que não consegue arrendar por causa dos preços, 16% não têm acesso a crédito, 15% pagam a renda com dificuldade, 13% já recorreram a pais e amigos para pagar as prestações ao banco, 7% já admitiram entregar a casa e outros 7% já tiveram de partilhar o alojamento com familiares ou terceiros. Neste grupo com situação habitacional precária, 41% diz que procura casa há mais de um ano. Para 90% dos portugueses a crise na habitação é grave ou "muito grave" (57%), especialmente para os mais jovens dos 18 aos 34 anos (60%) e adultos entre os 35 e 49 anos (62%).

Nota eleitoral: um abraço ao Roberto Almada do Bloco de Esquerda

Gostaria, porque não tive oportunidade, de enviar um duplo abraço ao Roberto Almada - conhecemo-nos há muitos anos e construímos uma amizade assente no respeito pela diferença de opiniões e na consideração pessoal mútua. Desde logo pelo seu regresso merecido ao parlamento regional, trazendo ao hemiciclo um partido histórico que desde 1976, então como UPM e UDP ganhou lugar no parlamento madeirense. Paulo Martins continua a ser a referência deste processo. Em 2019, fruto de alguma fragilidade política interna e de ter sido vítima do voto útil que beneficiou  o PS, o Bloco de Esquerda foi afastado do parlamento pelo que este regresso com Roberto Almada é indiscutivelmente merecido e justo.

E finalmente, uma palavra de apoio e consideração ao Roberto e à sua mulher, fragilizada por ter sido vítima de uma maldita doença que aparece sem avisar e que, mais do que nos fragilizar, coloca-nos debilitados mas obrigatoriamente determinados e teimosos, perante o nosso próprio destino, obrigando-nos a lutar pela nossa continuidade confiante no nosso caminho de resistência e de sobrevivência ao infortúnio. Um forte abraço ao casal e toda a força do mundo para que vençam este que é o maior desafio das suas vidas. E emocionei-me com a declaração do Roberto na noite eleitoral, pela forma como colocou a esposa na primeira linha da sua intervenção e pela gratidão perante a força e o incentivo que ele lhe deu. Aliás ele não esperaria dela outra coisa. Felicidades no regresso ao parlamento e votos de uma vitória para a tua mulher e para ti. Que será a vitória de todos os que sabem que a vida tem coisas muito mais importantes que a política e as diferenças entre pessoas que se prezam mesmo quando pensam de forma diversa (LFM)

Nota eleitoral: mas qual a alternativa? Eleições em Janeiro ded2024?

Há coisas que me fazem uma confusão enorme e mesmo que não acredite que exista má fé da parte de quem analisa de forma enviesada a realidade, escondendo deliberadamente das pessoas  factos concretos que desmentem qualquer discurso populista mais ou menos idiota - e o populismo não reside apenas no Chega porque há outros "chegas" à esquerda...

Vamos a factos

Com 47 deputados a Assembleia Legislativa da Madeira, para que exista uma solução parlamentar e governativa de maioria absoluta precisa de ter 24 mandatos. Lembro a configuração resultante das eleições de 24 de Setembro:

  • - PSD, 20 deputados
  • - PS, 11 deputados
  • - JPP, 5 deputados
  • - Chega, 4 deputados
  • - CDS, 3 deputados
  • - PAN, 1 deputado
  • - Iniciativa Liberal, 1 deputado
  • - PCP, 1 deputado
  • - Bloco, 1 deputado

Significa isto que o chamado centro-esquerda (PAN) e a esquerda (PS, JPP, PCP e Bloco) totalizam 19 deputados, 40,42% dos mandatos. A direita (Chega, CDS e Iniciativa Liberal) totaliza 6 mandatos, 12,76% do total e o centro-direita (PSD) tem 20 mandatos, 42,55% dos mandatos, mais do que toda a esquerda junta. Pergunto: não sendo previsível que Chega e CDS alinhassem numa alternativa ao PSD juntando-se ao PS mas sobretudo ao PCP e ao Bloco, e não tendo dúvidas que nem estes partidos queriam "negócios" com a tal direita, qual a alternativa a um entendimento entre PSD-CDS e um terceiro partido? Gostem ou não esta é a realidade, os números falam por si.

No caso dos Açores o acordo parlamentar foi feito a 5 e em Lisboa Costa e o PS fizeram acordo com 4 partidos. Com a agravante: estamos a falar no caso dos Açores e de Lisboa de geringonças protagonizadas pelos partidos que não ganharam eleições, apenas aproveitaram, legitimamente, o facto de terem a maioria dos mandatos. Por que motivo na Madeira teria que ser diferente, ainda por cima ficando no executivo quem ganhou eleições de forma incontestável? Não perceberam que a alternativa na Madeira, sem o PSD-M, seriam eleições regionais em Dezembro ou Janeiro de 2024? Mas é tão difícil perceber isto? Porque motivo se engana as pessoas? E alguém duvida que o desfecho eleitoral desse hipotético segundo acto eleitoral não seria o mesmo daquele que foi registado em 24 de Setembro em que a coligação ficou a um pequeno passo da maioria absoluta? Sejamos sérios, caramba! (LFM)

Nota eleitoral: na Madeira a geringonça pelo menos envolve os vencedores das eleições nas urnas!

Não me incomoda nada que a Madeira encontre a estabilidade política e governativa com base num entendimento a 3 ou 4 partidos. Em Lisboa, António Costa fez a geringonça de esquerda a 3 - com PCP, Bloco e o PAN por arrasto - assente num acordo de incidência parlamentar que caiu devido a acentuadas divergências entre os subscritores do documento, opção que deixou um legado eleitoral esmagadoramente penoso  para os antigos parceiros dos socialistas, quase pulverizados nas eleições seguintes.

Nos Açores a geringonça de direita envolveu também um acordo parlamentar mas as 5, com PSD, CDS, PPM, Chega e Iniciativa Liberal, acordo que sofreu vários "abalos" ao longo da legislatura açoriana que termina em 2024. Eu não sei quem está  a negociar e com quem, e mesmo que soubesse mais pormenores nunca falaria no assunto. Pelo que hoje foi noticiado, ainda sem confirmações, o PAN parece ter sido o parceiro escolhido o que implica negociações, entendimentos diversos e algumas cedências da maioria relativamente a propostas do PAN. Sei que este processo começou na noite de domingo, que Albuquerque o tem acompanhado de perto e que Montenegro marcou "presença". Mas sei que sobretudo Pedro Calado (vice do PSD) e Jaime Filipe Ramos (líder do grupo parlamentar) são protagonistas deste processo negocial, o que não é propriamente uma novidade em casos semelhantes. Dizem-me que esta semana, quiçá mesmo antes do Representante da República começar a receber os partidos, poderemos conhecer os termos essenciais do tal entendimento entre a coligação e o parceiro (ou parceiros) desse acordo. Insistem que o PAN é o parceiro preferencial mas que a Iniciativa Liberal não é colocada fora deste quadro parlamentar alargado.

Tal como referi  noutro espaço de opinião, a política regional, agora com o Chega representado no parlamento insular, terá obviamente paradigmas diferentes e esta constelação de 9 partidos - algo nunca antes visto na RAM - vai exigir muita experiência política na liderança do parlamento regional e sobretudo na liderança do processo de negociação e de contacto entre o PSD e os protagonistas do entendimento maioritário. Neste quadro, Jaime Filipe Ramos verá reforçado o seu papel, porque duvido que alguém questione a sua reeleição para a liderança do grupo parlamentar laranja. O PSD, e os números são o que são, perdeu 1 deputado, passando de 21 para 20 mandatos. O seu parceiro de coligação, o CDS, resistiu e manteve os mesmos 3 deputados que havia conseguido eleger  sozinho em 2019.

Tudo indica que o acordo, pelo menos numa fase inicial, seja de incidência parlamentar e que muitas das propostas do parceiro da coligação serão assumidas no programa de governo a ser apresentado depois da posse do novo Governo Regional. O problema, segundo alguns, reside na necessidade de garantia de consistência do acordo e a necessidade do  mesmo ser subscrito para um período temporal de 4 anos (a legislatura regional) resistindo assim, o que é sempre muito relativo, a eventuais  mudanças que possam ocorrer nos partidos políticos. Embora sem confirmação, garantem-me que o PAN - a deputada eleita tem no jurista Marco Gonçalves, que conheço há alguns anos, a garantia de uma assessoria eficaz, assente no conhecimento do funcionamento dos meandros parlamentares, o que constitui uma mais-valia - não descartaria uma presidência de uma comissão parlamentar dedicada a questões ambientais. Assim como não se sabe ainda se, como costuma ser habitual em partidos com 1 deputado eleito, o PAN adoptará a rotatividade de mandato entre os primeiros candidatos da lista, regra geral uma sessão legislativas (1 ano) por cada deputado que assuma o mandato. Algo que não creio tenha acontecido nos Açores e mesmo em Lisboa. Aguardemos pela divulgação dos pormenores, pelo menos dos publicáveis, porque há sempre uma parte destes acordos políticos que não saem do universo mais restrito dos partidos subscritores destes acordos (LFM)

Nota eleitoral: as cautelas de Sérgio Gonçalves

Uma das coisas que no processo eleitoral me deu mais vontade de rir foi a treta do discurso usado por alguns, nomeadamente o PS-M - basicamente estamos a falar do grande derrotado nas urnas e ponto final - criticando a ausência do líder nacional do PSD na campanha. Ou criticando também a presença, neste caso catalogando-a como um sinal de medo. Duvido que fosse "medo" do PSD-M. Mas quem foi afinal o primeiro dirigente nacional a desembarcar em Santa Catarina no dia 8 de Setembro (depois de ter realizado na RAM em Junho as jornadas parlamentares nacionais) para uma visita a Machico, no primeiro dia de campanha eleitoral, onde esteve pouco mais de 3 horas num jantar-comício? Lembram-se do tal discurso da "ingratidão" e do apelo ao "beija-mão" submisso perante os alegados favores de Lisboa à Madeira? O primeiro líder nacional que esteve cá e zarpou logo que lhe foi possível, e que não voltou mais porque sabia qual seria o desfecho das eleições, foi António Costa. Gostaria contudo de salientar - ao contrário de outros que desempenhando tachos em Lisboa (e salvo a visita de Costa porque era preciso que fossem vistos e aparecessem) se esfumaram da campanha eleitoral socialista... - a presença de Paulo Cafofo, secretário de estado e único responsável pela presença de Sérgio Gonçalves na política regional, desde 2019, e depois na liderança do PS-Madeira, desde 2022, num desenho que sempre deu azo a especulações políticas. Continuo a pensar que o pensamento do PS-M sempre esteve mais centrado nas regionais de 2027 que nestas de 2023. Recomendo finalmente a Sérgio Gonçalves que se cuide com as movimentações que pretendem retirá-lo do lugar onde de encontra. Não se trata de especulação, nada disso, porque o assunto nem me interessa para nada. Mas como tenho consideração pelo dirigente socialista, o máximo que lhe posso recomendar é que esteja atento, não custa nada, e que se for capaz infiltre alguém da sua confiança em certas motivações de bastidores, incluindo jantaradas ou aqueles sempre intrigantes "copos" no final da tarde algures pela nossa urbe. Mas acho que ele já sabe disso (LFM)