sexta-feira, setembro 22, 2023

Nota: cai o pano na campanha eleitoral

Gostaria de terminar estas Notas dedicadas às eleições regionais de domingo - que pelo muito que está em cima da mesa para ser concretizado na próxima legislatura regional são umas das mais importantes eleições, não sendo demais lembrar que as últimas regionais tiveram lugar em 2019, antes da pandemia de Covid, antes da guerra na Ucrânia, antes da maioria absoluta socialista em Lisboa, antes das regionais nos Açores, antes das ameaças financeiras, económicas e orçamentais que hoje condicionam governos e a Europas e o mundo de uma maneira geral - assumindo que, no caso do PS-Madeira, o pensamento dos socialistas esteve sempre mais virado para as regionais de 2027, sobretudo à medida que as sondagens foram sendo publicadas, do que na disputa eleitoral deste ano. Vários factores, internos e externos ao PS-Madeira contribuíram para que isso fosse uma realidade, raramente assumida, mas por todos pensada.

A segunda nota é a manifestação da esperança que os dois partidos do centro-direita regional - até no interesse do CDS-M que mais cedo ou mais tarde, quiçá já nas europeias de 2024,  será confrontado com o desafio de saber realmente o que vale eleitoralmente sozinho - com particular destaque para o PSD-Madeira, não alimentem, de uma forma ficcional, uma espécie de "CDU" do centro-direita, evitando que tenham a dignidade de não repetirem o papel que o PCP tem desempenhado em Portugal há mais de três décadas em relação aos Verdes.

Isto nada tem a ver com a decisão de concorrerem pela primeira vez numa coligação pré-eleitoral que em meu entender era praticamente obrigatória, depois do acordo assinado pelo PSD e pelo CDS em 2019. Solução que, repito, espero que não constitua uma solução pretensamente "milagrosa" para resolver dúvidas ou inseguranças eleitorais. Mesmo tendo presente - e tenho - que a política hoje é um mundo cada vez mais complexo, despido de ideologias e de princípios e valores, e que tanto PSD como CDS, estranhamente, no quadro da Europa e do Parlamento Europeu, cometeram a ridícula proeza de integrarem a mesma "família" política, metendo PSD e CDS no mesmo saco, numa aberração construída por alguns ridículos donos de lugares no hemiciclo de Estrasburgo, sobretudo no PSD de tempos idos, que precisavam de mais visibilidade no quadro europeu. A cagança do costume. É tempo da política regressar à sua essência original, à pureza ideológica que separava partidos, que lhes diferenciava aos olhos dos eleitores, que lhes dava identidade própria, independentemente das "negociatas" para fins eleitorais, uma identidade que não confundia social-democracia com democracia cristã, nem permitia cumplicidades exageradas entre centro e direita. Certo?

Acresce que PSD e CDS, sobretudo este, precisam urgentemente de reocupar e recuperar o espaço eleitoral e social que, desiludido, abandonou os dois partidos optando por alimentarem nas urnas o Chega, numa lógica penalizadora, e a própria abstenção.

Finalmente as sondagens.

Eu já expressei a minha opinião de que as sondagens deviam ser proibidas nos dias de campanha eleitoral, pelos motivos que na altura expliquei e que mantenho. Sabendo-se todos que as sondagens são  realizadas por empresas especializadas, obedecendo a técnicas e as regras muito claras e concretas, é um facto que as sondagens, favoráveis ou não aos partidos,  são meros indicadores que tentam antecipar cenários nem sempre concretizados no dia da eleição. Mas as sondagens não são realizadas realizadas por e com extraterrestres!

Ou gostamos de sondagens ou não gostamos. Ou achamos chique publicar sondagens durante uma campanha eleitoral ou então, como eu, estão contra essa possibilidade que deveria ser proibida apenas nas campanhas eleitorais.

Obviamente que quando um partido se confronta com 3 sondagens consecutivas que acentuam uma previsão de derrota, o impacto disso não é positivo. Depois temos bacoradas como aquela de dizer que a vinda de Montenegro à Madeira, no último dia de campanha e depois das tais 3 sondagens, revela medo por parte do PSD-M, "esquecendo-se" Sérgio Gonçalves que foi o PS-M o primeiro a trazer Costa a Machico, logo no primeiro dia de campanha, eleitoral para um discurso que ficou marcado pelo apelo ao beija-mão bajulador dos madeirenses perante o poder centralista de Lisboa! Mas cada um diz o que entende e procura minimizar o impacto dispensável e perigoso que estas sondagens acabam sempre por ter nos partidos, nos candidatos, nos eleitores em geral. Tal como há um impacto perigoso no caso dos partidos que aparecem como vencedores e que correm o risco de ver desmobilizados os seus eleitores. No dia 24 de Setembro à noite ficaremos a saber tudo. E, como sempre, não excluo várias surpresas neste acto eleitoral. Mas não direi quais... (LFM)

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