sexta-feira, setembro 29, 2023

Espanha: Feijóo falha segunda tentativa para ser primeiro-ministro, sem um único apoio a mais


A maioria de 177 deputados rejeitou pela segunda vez o chefe do Partido Popular para líder do próximo Executivo. Votaram a favor 172: os da sua bancada, os da extrema-direita e os de duas pequenas forças regionais. Um voto foi considerado nulo. Acabou de vez a tentativa de Alberto Núñez Feijóo para ser primeiro-ministro de Espanha na sequência das eleições legislativas do passado dia 23 de julho. Por 177 votos contra, 172 a favor, e um nulo, o Congresso dos Deputados negou-lhe confiança pela segunda vez. O anúncio da presidente do Congresso, Francina Armengol, tardou alguns minutos, por causa de um erro cometido por um deputado do partido Juntos pela Catalunha durante a votação desta tarde. Eduard Pujol terá primeiro votado “sim”, e corrigiu em seguida proferindo um “não”. O seu voto acabaria por ser anulado.
Sem acrescentar apoios aos que tivera na primeira votação, quarta-feira, o chefe do Partido Popular (PP, centro-direita) contou com os seus 137 deputados, os 33 do Vox (extrema-direita), e os deputados únicos da União do Povo Navarro e da Coligação Canária.
Espera-se, agora, que o rei Filipe VI indigite para nova tentativa o secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, centro-esquerda), Pedro Sánchez, que é primeiro-ministro desde 2018 e ficou em segundo nas eleições de julho. Este terá de negociar com vários partidos, já que os socialistas só têm 121 deputados e a aliança esquerdista Somar, sua aliada no Executivo cessante, 31.
Com Sánchez deverão estar, além do PSOE e do Somar, o Bloco Nacionalista Galego (1 deputado), o Partido Nacionalista Basco (conservador, 5 deputados) e o Unir o País Basco (Euskal Herría Bildu, esquerda radical independentista, antigo braço político do grupo terrorista ETA, 6 deputados). Um total para já, de 164 votos.
ERC E JXC TÊM DESTINO DE SÁNCHEZ NAS MÃOS
A chave estará em duas formações independentistas catalãs que votaram contra Feijóo, mas não asseguraram voto a favor de Sánchez. Trata-se da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, do chefe do governo regional catalão, Pere Aragonès) e do Juntos pela Catalunha (JxC, do antigo presidente da região Carles Puigdemont).
O independentista Pere Aragonès, presidente do governo regional catalão, durante as celebrações do Dia Nacional da Catalunha, a 11 de setembro 
Estes partidos exigem, a troco do seu apoio, uma amnistia aos envolvidos na tentativa de secessão de 2017 e um referendo de autodeterminação. Se a primeira ideia é politicamente escaldante e juridicamente questionada, a segunda é claramente inviável ao abrigo da Constituição espanhola.
Esta sexta-feira uma companheira de partido de Feijóo, Esperanza Aguirre (antiga presidente da região de Madrid), defendeu que o PP devia viabilizar um Governo de Sánchez, para evitar que este dependa de “comunistas, independentistas e filoterroristas”. Em entrevista à televisão Telecinco, admitiu, porém, que o socialista “rejeitaria com desprezo” qualquer ajuda do PP.
Feijóo, durante o debate desta sexta-feira no Congresso, rejeitou liminarmente tal ideia, afirmando: não admito “o cinismo de nos pedirem o que eles se negam a fazer ao partido mais votado”. Se o PP apelou à abstenção dos socialistas que estejam contra acordos com os independentistas, afirmou Feijóo, não foi para fomentar trânsfugas, mas por uma questão de “integridade”. Falhada a investidura, só vê duas saídas: “não honrosas: Governo da mentira ou repetição eleitoral” (Expresso, texto do jornalista Pedro Cordeiro)

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