sexta-feira, setembro 22, 2023

Sondagem: Redução do IRS jovem e devolução de propinas não passam no teste

Grande maioria de inquiridos não acredita que medidas anunciadas travem emigração e pede ensino universitário gratuito. Na habitação, é defendido teto máximo para aumento de rendas e taxação de lucros da banca. A redução do IRS jovem não é vista como forma de travar a emigração e a devolução de propinas por cada ano de trabalho também não é considerada uma boa solução. Estas são as principais conclusões de uma sondagem, em que a grande maioria chumba as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro. O caminho defendido passa por um ensino universitário gratuito. Na habitação, os inquiridos querem um teto máximo para o aumento das rendas e taxas sobre os lucros extraordinários dos bancos. No passado dia 6, António Costa aproveitou a rentrée do PS, em Évora, para anunciar que o Governo vai devolver aos estudantes as propinas e fazer alterações ao IRS jovem, com nova redução, entre várias outras medidas. Por cada ano de trabalho em Portugal será devolvido um ano de propinas pagas nas universidades públicas. Na tradicional Festa do Pontal, também Luís Montenegro, líder social-democrata, atirou uma mão-cheia de anúncios, incluindo sobre o IRS jovem.

“Não” em toda a linha

Numa sondagem realizada pela Aximage para o JN, DN e TSF, com base em 804 entrevistas, 71% dos inquiridos responderam que a redução do IRS não contribui para travar a emigração de jovens qualificados, quando questionados sobre a medida anunciada por António Costa. Apenas 23% responderam afirmativamente. A mesma conclusão surge em todas as zonas: Norte, Centro, Sul e Ilhas, áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa. Foi nesta última que o “não” ganhou mais força, com 74%. A tendência foi comum a homens e mulheres, a todos os grupos etários e classes.  Entre os que votaram no PSD nas legislativas de 2022, é mais clara a rejeição do IRS jovem enquanto travão à saída para o estrangeiro, com o “não” a atingir os 80%. Entre os votantes do PS, ficou-se pelos 57%.

Questionados sobre a melhor solução para as propinas, somente 16% escolhem a devolução aos jovens trabalhadores anunciada pelo primeiro-ministro. Quase metade, com 45%, querem o ensino universitário gratuito. Para 34%, a melhor opção é reduzir o valor atual, que está nos 697 euros. As percentagens são semelhantes em todas as regiões. Quer entre votantes do PS como do PSD, a preferência recai no ensino gratuito. Só depois vem a redução de propinas e, por fim, a sua devolução.

Limitar subida de rendas

Os inquiridos responderam depois se conheciam a proposta do PSD para baixar o IRS pago pela classe média, deixando de fora o escalão mais elevado: 47% responderam que sim e 53% que não. Em todas as regiões, o “não” levou vantagem. Os 47% que ouviram falar da proposta pronunciaram-se sobre a cobrança de IRS: 77% concordaram que é excessiva e que é possível baixar este ano o valor cobrado aos trabalhadores. Quanto às rendas, 68% responderam que o Governo deve suspender a lei em vigor, fixando um teto máximo de aumento. No Norte, esta solução tem a percentagem mais expressiva, seguido da Área Metropolitana de Lisboa.

Já 14% consideram que deve revogar a lei e deixar que o mercado funcione livremente. Só 10% responderam que deveria aplicar a lei em vigor, permitindo o aumento até 6,9%. É nos votantes do PS que um novo teto máximo é mais defendido, com 72% a escolherem esta opção. Nos do PSD, atinge os 67%.

Quase 80% querem taxar lucro extra dos bancos

Quanto à aplicação de taxas sobre lucros extraordinários dos bancos, 79% concordam e 13% estão contra. As percentagens são semelhantes em todas as regiões. O apoio à medida é transversal no que toca a idade, sexo e classe social. Os que votaram PS em 2022 são os que mais respondem que sim (88%). Além disso, para 90% o Governo e o Banco de Portugal deveriam ter um papel mais ativo para reduzir a diferença entre juros cobrados nos empréstimos e pagos nos depósitos (Jornal de Notícias, texto da jornalista Carla Soares)

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