sexta-feira, setembro 22, 2023

Juros da dívida em 4,5% daqui a um ano

 

O custo das Obrigações a 10 anos deverá aumentar um ponto percentual nos próximos 12 meses. Mas Portugal não está só. Os juros da dívida pública portuguesa de referência, a 10 anos, deverão subir para 4,5% em setembro do próximo ano, segundo as projeções do portal financeiro World Government Bonds (WGB). Em relação ao nível ­atual no mercado secundário da dívida — onde se transacionam os títulos entre os investidores —, trata-se de um aumento de um ponto percentual. Este disparo nos juros vai ser transversal a toda a zona euro, com os juros de referência alemães a escalarem para quase 4%.

Depois da mais recente reunião do Banco Central Europeu (BCE), que insistiu, com o apoio de uma “sólida maioria”, em continuar a subir as suas taxas diretoras, os juros das Obrigações do Tesouro a 10 anos aumentaram para perto de 3,5% (ver gráfico). No final de junho estavam em 3,1%. Entretanto decorreram duas reuniões do BCE, que optaram, no conjunto, por subir os juros do banco central em meio ponto percentual (50 pontos-base), colocando a taxa de referência de financiamento em 4,5% e a taxa de remuneração dos depósitos do sector bancário no BCE em 4%. À escala da zona euro, o juro médio subiu de 3,2% no final de junho para 3,5% a 18 de setembro. O juro português mantém-se abaixo do juro médio da zona euro.

Com a perspetiva de o aperto monetário se manter por um longo período, com as probabilidades no mercado a apontarem para um primeiro corte de alívio só no segundo semestre do próximo ano, o algoritmo do WGB, atendendo a essa dinâmica monetária restritiva e às especificidades do quadro de políticas de cada país-membro do euro, projeta um movimento altista do custo de financiamento público. A possibilidade de uma antecipação da descontinuação dos reinvestimentos dos títulos detidos pelo BCE no âmbito do programa de aquisição de dívida lançado aquando da pandemia (programa PEPP, na sigla em inglês) reforçará as dificuldades no mercado da dívida da zona euro.

No entanto, Portugal e a Croá­cia destacam-se nas projeções desta semana do WGB, por poderem vir a registar juros inferiores aos da Bélgica, França e Finlândia daqui a um ano (ver gráfico), três economias consideradas do centro, claramente separadas até agora dos periféricos. O que significa que Portugal e a Croácia saem do grupo dos periféricos, onde a Grécia melhora a sua posição, mas Espanha cai de terceiro nesse grupo atualmente (depois de Portugal e da Eslovénia) para décimo primeiro, colando-se à Grécia. Itália continuará na cauda do grupo, com uma projeção de juros da dívida a aproximar-se de 6% daqui a 12 meses (Expresso, texto do jornalista JORGE NASCIMENTO RODRIGUES)

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