Lucros da petrolífera dispararam 93% em 2022 para 881 milhões de euros. Empresa decidiu aumentar o dividendo para 52 cêntimos por ação e recomprar ações. Também vai vender ativos em Angola. A Galp Energia praticamente duplicou os lucros em 2022, ano que ficou marcado pela crise energética e pelo início da guerra na Ucrânia. O resultado líquido da petrolífera foi positivo em 881 milhões de euros, um crescimento de 93% face ao ano anterior. Face a este resultado, a administração da companhia propõe distribuir um dividendo bruto de 52 cêntimos por ação, que compara com os 50 cêntimos pagos sobre o exercício do ano prévio, e executar um programa de recompra de ações de 500 milhões de euros ao longo do ano de 2023. Em setembro, já tinha distribuído um dividendo intercalar de 26 cêntimos. A Galp anunciou também que vai desinvestir nos ativos upstream (produção/exploração) em Angola. A empresa informa ter assinado um acordo com a SOMOIL – Sociedade Petrolífera Angolana para a venda dos mesmos e espera receber cerca de 830 milhões de euros pela venda, líquidos de impostos. A transação deverá ficar fechada no segundo semestre de 2023.
Galp enaltece “forte desempenho” em
2022
O ano de 2022 foi de “forte desempenho
operacional” para a companhia liderada por Filipe Silva, que tem sido acusada
de ter lucros extraordinários com a guerra. A ajudar o resultado líquido esteve
um crescimento de 66% do lucro antes de juros, impostos, depreciações e
amortizações (EBITDA), que alcançou 3.849 milhões de euros, facto que a empresa
justifica, precisamente, com “a melhoria das condições de mercado durante o
período”. O volume de negócios no ano completo foi de 26.840 milhões de euros,
uma melhoria de 67%.
No segmento upstream, a produção da Galp
manteve-se estável face a 2021, com um aumento marginal. O EBITDA desta área de
negócio cresceu 53% em termos anuais. No segmento de renováveis e novos
negócios, é de destacar a melhoria significativa do EBTIDA, que passou de 13
milhões de euros negativos em 2021 para 50 milhões de euros positivos em 2022.
Também o segmento midstream, que inclui
atividades como o processamento, armazenamento e transporte, registou uma forte
melhoria em 2022. O EBITDA desta área da Galp disparou de 64 milhões em 2021
para 451 milhões no ano passado, em que a margem de refinação aumentou de 3,3
dólares por barril de petróleo ou equivalente (boe) para 11,6 dólares por boe.
“A margem de refinação da Galp aumentou […] na sequência do forte ambiente de
refinação internacional e apesar do aumento dos custos com energia e licenças
de emissão de CO2 [dióxido de carbono]”, explica a Galp.
Passando à área comercial, a Galp ainda
beneficiou da recuperação da atividade económica depois das restrições da
Covid-19. A empresa diz que a venda de produtos petrolíferos aumentou 14% em
2022 graças a uma maior procura quer dos consumidores, quer das empresas.
Apesar da “recuperação gradual pós-pandemia”, a Galp já notou um arrefecimento
do negócio no final do ano passado. O EBITDA desta área aumentou 4%, para 298
milhões de euros.
Em 2022, a Galp investiu 1.265 milhões de euros, dos quais metade em produção e exploração. As renováveis e novos negócios representaram 32% deste valor e as atividades downstream, a última parte da cadeia de valor, representaram 15%. A 31 de dezembro de 2022, a Galp registava uma dívida líquida de 1.555 milhões de euros, uma diminuição de 802 milhões face ao mesmo dia do ano prévio. Depois da divulgação destes dados, as ações da Galp enfrentam volatilidade na bolsa de Lisboa. Os títulos já estiveram a subir 2,30% bem como a cair quase 2%, mantendo-se acima dos 12 euros por ação (Texto do jornalista Flávio Nunes do ECO digital e CNN-Portugal)
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