segunda-feira, setembro 19, 2022

Marcelo avisa Costa: devia “explicar a sua visão” para o próximo ano, porque o que aí vem pode ser “mau”

Presidente defende que o Governo devia anunciar o cenário sobre inflação, crescimento e emprego que espera para 2023. “Quando o Governo diz que não pode ir mais longe agora, é porque o que aí vem é mau”, lembrou Marcelo. António Costa, de partida para quatro dias em Nova Iorque, já não terá oportunidade para responder, mas o desafio directo em jeito de conselho ficou feito: o Presidente da República defende que o Governo “talvez ganhasse em explica aos portugueses qual é a visão que tem para o próximo ano”. Porque, vinca, “isso é muito importante para que os portugueses percebam que, quando o Governo diz que não pode ir mais longe agora, é porque o que aí vem é mau”.

As declarações de Marcelo Rebelo de Sousa foram feitas no sábado à noite aos jornalistas à entrada para o concerto de João Gil no Coliseu dos Recreios e noticiadas pelo Expresso e pelo Observador. “O Governo é o primeiro a ganhar em explicar que 2023, se continuar a guerra e a inflação, não será um ano parecido com este, não terá o crescimento deste “, insistiu.

Marcelo Rebelo de Sousa até já delineou o guião das “explicações” que entende que o executivo já está, neste momento, em condições de dar aos portugueses, uma vez que tem que desenhar o cenário macroeconómico na proposta de Orçamento do Estado para 2023 que vai entregar no Parlamento a 10 de Outubro. “O Governo tem de dizer ao país: no ano que vem, o crescimento, em vez de ser 6/7%, é 1% ou 2%; a inflação continua alta ou não? O emprego continua [com] pleno emprego ou não? Turismo: continua ou não continua? O investimento continua ou não continua? O consumo continua alto ou quebra?”, citou o Observador.

Com base nestes dados, António Costa devia, então, explicar de forma clara por que não pode dar mais apoios às famílias e empresas além dos apresentados nas últimas semanas e que motivaram o epíteto de “pacotinhos” e “escassos” - além de “fraude” - pelos partidos da oposição. O chefe de Estado não quis revelar o que pensa sobre o esquema de antecipação de parte do aumento das pensões que os reformados receberiam no próximo ano e remeteu para o fim do próximo ano a sua opinião sobre esta mudança e sobre a forma como será feito o cálculo da actualização das pensões para 2024.

Questionado pelos jornalistas sobre a indicação de Fernando Araújo para o novo cargo de director executivo do Serviço Nacional de Saúde, o Presidente da República admitiu ter a sua opinião “sobre a solidez da equipa”, mas não a quis adiantar e preferiu pôr-se na pele dos utentes. “Penso que o que os portugueses esperam é que seja um virar de página, aceitando o que houve de positivo no passado, sobretudo no combate à pandemia, e o esforço de recuperação depois da pandemia”, apontou, citado pelo Expresso. E rematou, deixando um alerta que vai direitinho para a mesa de Manuel Pizarro depois de tantas polémicas com os serviços de urgência nos últimos meses: “Mas os portugueses querem mais, anseiam por mais em relação ao SNS" (Publico)

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