sábado, julho 22, 2023

Sondagem: PS recupera primeiro lugar, Chega e Bloco em crescendo


Luís Montenegro não conseguiu aproveitar a crise do Governo e fica a um ponto de António Costa. André Ventura reforça o terceiro posto, mas quem mais sobe é Mariana Mortágua. Durou pouco a liderança virtual social-democrata. De acordo com a mais recente sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF, se houvesse eleições o PS ficaria em primeiro lugar, mas longe de uma maioria absoluta (28,8%). O PSD seria o segundo (27,7%). O Chega reforça o terceiro lugar (13%), mas a maior recuperação é a do Bloco de Esquerda que, com Mariana Mortágua, sobe quase dois pontos relativamente à projeção de abril passado (8%), afastando-se dos liberais, que continuam em perda (5,2%). Seguem-se PAN (3,8%) e CDU (3,2%), ambos a cair, o Livre (2,7%) e, no fundo da tabela, o CDS (1,1%).

Se considerarmos a “margem de erro” da sondagem, o que se regista é, na verdade, um empate técnico. Os dois maiores partidos estão, pelo menos desde o barómetro de janeiro passado, altura em que a diferença começou a ser quase irrelevante, numa luta taco a taco pela liderança. Com vantagem para os socialistas, uma vez que os sociais-democratas só uma vez estiveram em primeiro lugar, em abril passado, e por escassas três décimas. Agora lideram os socialistas por um ponto. 

Sem razões para sorrir

Quando se fazem outras contas e se acrescentam dados qualitativos, a balança pende, sem margem para dúvidas, para o socialista António Costa: está bastante à frente de Luís Montenegro na confiança dos portugueses, que também o consideram mais competente, solidário e influente que o social-democrata. São, provavelmente, as vantagens de estar no poder e conseguir, dessa forma, uma notoriedade que não se compara à de um líder da Oposição que não tem sequer assento no Parlamento.

Se, relativamente aos resultados de abril, as diferenças são insignificantes, quando se faz a comparação com as legislativas de janeiro de 2022, nenhum tem razões para sorrir. Costa porque perde quase 13 pontos e fica sem hipótese de repetir a maioria absoluta, Montenegro porque, apesar da crise no Governo, não consegue sequer repetir o resultado de Rui Rio (fica ponto e meio mais abaixo).

Empate entre blocos

Quando se analisam as hipóteses de um acordo ou coligação pós-eleitoral dos dois maiores partidos, o cenário continua bastante incerto, confirmando a leitura do presidente da República sobre a relativa inutilidade de forçar eleições antecipadas. À Esquerda, a antiga “geringonça” (com BE e CDU) somaria 40 pontos. Acrescentando o Livre, chegaria aos 43. E se contasse, ainda, com o apoio do PAN, teria um total de 46,5 pontos. Parece bastante, mas estes cinco partidos ficariam, ainda assim, a meio ponto do conjunto da Direita.

O bloco liderado pelo PSD ficaria com 47 pontos percentuais (menos dois do que marcava em janeiro passado). Subtraído o resultado do CDS, que não tem representação parlamentar, seriam 46. Mas, o verdadeiro nó górdio é que, se o Chega for retirado da equação (foi Montenegro que disse que não teria políticas e políticos xenófobos e racistas no Governo), o que resta da Direita ficaria reduzida a uns magros 34 pontos (33 sem o CDS), o que parece insuficiente para assegurar um Governo estável (o exemplo mais recente é o do PS de Sócrates, que conseguiu 36,6% em 2009, mas durou apenas dois anos).

Com o chamado bloco central (PS e PSD) enfraquecido relativamente às últimas legislativas (vale agora 56,5 pontos, por comparação com os 69 das eleições de janeiro de 2022), ganham força alguns dos partidos mais pequenos. Desde logo o Chega: os atuais 13% significam o ganho de um ponto relativamente a abril passado e de seis pontos face às legislativas.

Novo alento no BE

O partido de André Ventura é o que mais cresce (e de forma sólida, se tivermos em conta a consistência demonstrada nas várias sondagens), mas neste barómetro a grande novidade é mesmo o ressurgimento do Bloco de Esquerda. Foi nos últimos dias de maio que Mariana Mortágua assumiu a liderança e, coincidência ou não, o BE está em alta: os atuais 8% significam um ganho de quase dois pontos relativamente a abril e de quase quatro pontos face às legislativas (em ambos os casos, ainda com Catarina Martins na coordenação).

Acresce que Mortágua consegue uma avaliação superior à da sua antecessora: Catarina Martins despediu-se dos barómetros com um saldo negativo de 14 pontos, Mortágua estreia-se com saldo zero (a diferença entre avaliações positivas e negativas). Pode parecer pouco, mas só há mais um líder partidário (Rui Rocha, da Iniciativa Liberal) com saldo zero, todos os restantes acumulam resultados negativos.

Liberais em perda

Apesar de, ao nível da prestação individual, o líder liberal estar em primeiro (a par de Mortágua), a verdade é que a sua chegada teve o efeito contrário: desde que Rui Rocha substituiu João Cotrim de Figueiredo, os liberais perderam mais de quatro pontos percentuais. Têm agora 5,2%, menos um ponto que em abril passado e apenas três décimas acima do resultado das legislativas. 

Em detalhe

Mulheres com o PSD 

O peso feminino acentuou-se no PSD (mais oito pontos do que entre os homens). É o único partido em que há uma diferença significativa em favor das mulheres. Recorde-se que elas se destacaram no descontentamento com o estado do país. 

Testosterona radical 

O partido com maior peso do eleitorado masculino volta a ser o Chega: mais do dobro dos votos do que entre as mulheres. Os comunistas também mantêm essa tendência para o desequilíbrio de género, embora não tão pronunciada. 

Divisão geracional 

Há uma divisão geracional nas projeções deste mês e no que diz respeito aos dois primeiros: o PSD vence nos dois escalões etários mais jovens, o PS leva vantagem nos dois mais velhos e em particular nos que têm 65 ou mais anos. 

Bloco Central grisalho 

Se dependesse dos portugueses com 65 ou mais anos, o bloco central (PS e PSD) teria mais força: 71 em vez de 56 pontos. Note-se que este é o grupo etário que menos se abstém: apenas 16% (menos 40 pontos que o escalão mais jovem) (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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