quinta-feira, julho 20, 2023

Sondagem: o estado da nação é mau, sobretudo para as mulheres

Sondagem revela retrato de um país a bater no fundo, com destaque para a habitação, educação e economia. Salários e inflação devem ser os temas prioritários para o debate desta quinta-feira no Parlamento. Os portugueses vão partir para férias insatisfeitos com o rumo do país. Quando se lhes pede uma avaliação ao estado da nação, a resposta é contundente: 59% dizem que é mau ou muito mau. São três vezes mais do que os que encontram motivos para festejar (17%), de acordo com uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. No top três da desilusão estão as áreas da habitação (80%), educação (62%) e economia (60%).

São más as notícias para António Costa, no dia em que, na Assembleia da República, vai decorrer mais um debate do estado da nação. Fica a sensação de que, para os portugueses, o país está a bater no fundo. Em particular entre as mulheres, que têm uma visão ainda mais negativa que a dos homens: não só 63% estão insatisfeitas (55% no caso dos homens), como uma em cada quatro avalia o estado geral do país como “muito mau”.

Os mais velhos são os menos pessimistas, mas, mesmo entre estes, que foram o principal pilar de apoio ao Governo socialista ao longo dos últimos anos, o saldo entre avaliações favoráveis e desfavoráveis é negativo (19 pontos). Uma onda de desilusão a que não escapam, sequer, os eleitores do PS, mesmo que os mais críticos sejam, e por esta ordem, os bloquistas, os liberais e os que votaram no Chega.

Jovens arrasadores

Quando se pede aos portugueses que façam uma avaliação mais fina, há uma área que se destaca entre todas: 80% dizem que o estado da habitação é mau (44% optam pelo muito mau), mesmo que o Governo tenha anunciado, há meses, o subsídio de apoio às rendas ou a bonificação dos juros para quem tem créditos para pagar a casa. Uma situação que parece ser particularmente aguda para quem vive na Área Metropolitana do Porto (85%) e para os mais jovens (54% dizem que a situação é muito má).

Logo a seguir e praticamente a par estão a educação e a economia. Nesta última, são de novo as mulheres que se destacam nas avaliações negativas (mais 15 pontos dos que os homens, ou seja, 67%). Outra leitura relevante é que, quanto mais novos os portugueses, maior é o descontentamento com a situação económica (entre quem tem 18 a 35 anos, 72% avaliam o estado da economia como mau).

Problemas identificados

Se António Costa não está a conseguir resolver os problemas do país, a julgar pelos resultados da sondagem, há que reconhecer que foi preciso a identificar, há dias, os “problemas que efetivamente preocupam os portugueses”: o custo de vida, os rendimentos, a habitação e o Serviço Nacional de Saúde. É quase pela mesma ordem que se podem elencar os temas que os portugueses consideram prioritários para o debate de hoje do estado da nação.

À cabeça, os salários e a produtividade (os rendimentos de que falava o primeiro-ministro), com destaque para os homens e os liberais; logo a seguir a inflação (custo de vida), que preocupa mais quem tem entre 50 e 64 anos; depois a habitação, fundamental para quem vive nas regiões do Porto e de Lisboa, para as mulheres e para os bloquistas; e o conflito com os médicos (o SNS), que aflige os mais velhos e os eleitores do PSD.

É bastante provável, por isso, que Costa (tal como os restantes líderes) dedique alguma atenção a qualquer destes quatro temas na sua intervenção no Parlamento. Nem tanto à questão da imigração, que é um tema significativo para escassos 6% dos portugueses, mas que é o segundo mais importante para os eleitores do Chega, logo a seguir aos salários, mas antes da inflação.

Pormenores

Insatisfação no feminino

As mulheres destacam-se pela negativa em várias avaliações. São bastante mais críticas do que os homens no que diz respeito à situação do geral do país, mas sobretudo em questões como a habitação, a economia e o emprego.

Saúde a várias velocidades

Quando a avaliação incide no estado da saúde, são de novo os habitantes da Área Metropolitana de Lisboa os mais preocupados (60% dizem que a situação é má). Ao contrário, os menos insatisfeitos são os que vivem no Porto (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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