sexta-feira, julho 28, 2023

Clima: circulação no Oceano Atlântico poderá entrar em colapso em 2050

A Circulação de Revolvimento Meridional do Atlântico (AMOC) – um grande sistema de correntes oceânicas que transporta água quente dos trópicos para norte, em direção ao Atlântico Norte – poderá entrar em colapso em meados do século, ou potencialmente a qualquer momento a partir de 2025, se as emissões de gases com efeito de estufa se mantiverem. Estas estimativas, publicadas na revista Nature Communications, põem em evidência o impacto das atividades humanas no sistema climático da Terra.

Segundo o estudo, a AMOC “é um dos mais importantes elementos de viragem, um subsistema capaz de passar a um estado irreversível, no sistema climático da Terra”. O seu potencial colapso “é uma grande preocupação e teria graves impactos no clima da região do Atlântico Norte e em todo o mundo”. Este tipo de alteração climática abrupta foi registado pela última vez durante os eventos de Dansgaard-Oeschger, no último período glaciar, causados pelo colapso e restabelecimento da AMOC. Isto levou a flutuações médias da temperatura no hemisfério norte de 10-15 graus celsius numa década, muito superiores às alterações atuais de 1,5 graus num século.

A força da AMOC só tem sido monitorizada continuamente desde 2004 e estas observações mostraram que a AMOC está a enfraquecer, “mas são necessários registos mais longos para avaliar a sua magnitude”. As recentes avaliações do IPCC sugerem que “é improvável um colapso total do AMOC durante o século XXI”.

Peter Ditlevsen e Susanne Ditlevsen analisaram as temperaturas da superfície do mar no Atlântico Norte entre 1870-2020 como um indicador da AMOC. Estes registos são muito mais antigos do que as medições diretas da AMOC e podem fornecer informações mais sólidas sobre as tendências da temperatura. Os autores encontraram sinais de alerta precoce de uma transição crítica do sistema AMOC e sugerem que este poderá fechar-se ou entrar em colapso já em 2025 e, o mais tardar, em 2095.

Os autores não fazem suposições sobre os fatores que provocam a alteração do AMOC, mas salientam que as concentrações atmosféricas de CO2 aumentaram quase linearmente no período estudado. No entanto, “não se podem excluir outros mecanismos em jogo e não se pode excluir que o colapso possa ser parcial” (Green Savers)

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