"O Secretário Regional da Agricultura e Pescas persiste em manter a obsoleta Lota do Funchal, um verdadeiro foco de proliferação de gaivotas no Funchal, um atentado à saúde pública. Enquanto a obsoleta Lota do Funchal permanecer no local, não será possível construir a segunda e necessária rampa RO/RO. Brevemente será lançado o Concuso Internacional para a ligação marítima via ferry com o Continente, evidentemente que os interessados constatarão a existência da única rampa RO/RO que é utilizada para as ligações domésticas através de ferry com o Porto Santo, não estando prevista a construção da segunda rampa RO/RO. Será uma condicionante para os interessados. O Secretário da Economia, Turismo e Cultura empenhado na ligação marítima via ferry com o Continente, e o Secretário Regional da Agricultura e Pescas empenhado em manter a obsoleta Lota do Funchal, local propício para a construção da segunda rampa RO/RO do Funchal, potenciando evidentemente a desejada e necessária ligação marítima via ferry com o Continente. Haja sensatez!" (publicado no "Cruise ferry para a Madeira" por Paulo J. Melich Farinha)
sexta-feira, agosto 28, 2015
Opinião alheia: "A Autonomia não se regateia" (por Carlos Rodrigues)
“Os
valores e os princípios não são negociáveis nem regateáveis. Esta é a minha
posição de base e da qual tenho severas dificuldades em abdicar. A partir do
momento em que passamos a mostrar sinais de flexibilidade no que a esta
matéria diz respeito, estaremos a entrar numa espiral degenerativa cujos
resultados serão sempre piores que os anteriores. Vem
isto a propósito da introdução do subsídio de mobilidade para os transportes
aéreos.
Este
é um dos instrumentos que visa a consagração do princípio da continuidade
territorial, ou seja, a garantia de que os portugueses residentes nas Regiões
Autónomas não são cidadãos de segunda e que lhes está assegurada a ligação (de
pessoas e bens), com o mínimo de restrições e constrangimentos, a todo o
território nacional, a exemplo dos restantes compatriotas continentais.
Ficámos
satisfeitos por vermos assegurados custos de deslocação, entre o continente e
as Regiões Autónomas, razoáveis e fixos: 86 € e 65 €. No Decreto-Lei que cria
este instrumento, e bem, estão definidas as regras de aplicabilidade e as
responsabilidades de cada entidade envolvida. Está lá muito bem definida que a
responsabilidade pelo custo desta medida é da inteira responsabilidade do
Estado, dele e de mais ninguém.
Todos
sabemos que existirá uma Portaria que regulamentará todo este processo. Nesse
documento estarão definidos todos os aspectos operacionais. Também sabemos que,
por questões legais obrigatórias deverá ser inscrito no Orçamento Geral do
Estado um valor que permita cobrir os custos desta iniciativa. Para calcular
esse valor, mutável no tempo em função das necessidades, poderemos usar as
seguintes referências: 85000 viagens (ida e volta) anuais, as tarifas médias
das duas companhias que estão no percurso (155€ Easyjet e 227€ TAP) e a quota
de cada uma das companhias nesse universo de viagens (88% Easyjet e 12% TAP).
Com
estas premissas, temos que a continuidade territorial “custará”, por ano, 6,6
M€. Este é o cenário intermédio, diria mesmo, o normal. No cenário mais
pessimista, em que se aplicassem tarifas médias 50% acima das atrás referidas,
teríamos a continuidade territorial a “custar” cerca de 13 M€.
Foi
pública a apresentação de um cenário extremado, por parte da oposição, que
considerava um número de viagens de 200000 (provavelmente somaram a ida com a
volta). Para que isto se verificasse, assumindo um crescimento anual de 10%,
haveria que esperar 9 anos para atingir esse valor. Ainda assim, a preços
actuais, considerando a perspectiva prudente (os valores mais altos) e a mesma
distribuição de quota de mercado, o Estado teria um “custo” com a continuidade
territorial de 32,8 M€.
Fica
aqui demonstrado que, em qualquer circunstância, a ligação entre a Madeira e o
Continente, quando comparada com algumas ligações rodoviárias existentes no
país, terá encargos para o Estado brutalmente inferiores. Senão vejamos:
Madeira - Lisboa
Distância
(Km) - 974
Encargo
anual (€) - 33.000.000
Custo
por Km (€) - 33.881
Costa de Prata
Distância
(Km) - 110
Encargo
anual (€) - 27.000.000
Custo
por Km (€) - 245.455
Algarve
Distância
(Km) - 127
Encargo
anual (€) - 25.000.000
Custo
por Km (€) - 196.850
Norte Litoral
Distância
(Km) - 120
Encargo
anual - 38.000.000
Custo
por Km (€) - 316.667
Grande Lisboa
Distância
(Km) - 23
Encargo
anual (€) - 16.000.000
Custo
por Km (€) - 695.652
Baixo Alentejo
Distância
(Km) - 40
Encargo
anual (€) - 48.000.000
Custo
por Km (€) - 1.200.000
Neste
quadro considerei o valor resultante da projeção extrema que a oposição
apresentou. Ao fazê-lo, demonstro que, no cenário mais pessimista e alarmista,
o subsídio de mobilidade será sempre, substancialmente mais baixo que outras
acessibilidades terrestres. O
país é como é, arquipelágico e, simultaneamente, com um interior de acesso
difícil mas todos têm os mesmos direitos e cabe ao Estado a respectiva garantia
sem entrar em lógicas miserabilistas e medíocres porque, se assim for,
rapidamente podemos ver quem está a ser brutal e negativamente discriminado.
Não
discuto o Metro de Lisboa e a Carris que só favorecem uma cidade, não questiono
as autoestradas desertas, não me interrogo sobre as ligações ferroviárias sem
passageiros, não indago sobre as 2 pontes sobre o Tejo (em Lisboa) e as três
sobre o Douro (no Porto), agora, não admito e jamais admitirei, ter de mendigar
pelas ligações a preços razoáveis e sem constrangimentos ao espaço continental
do meu país. É aviltante, humilhante, inusitado e primário.
Nós,
madeirenses, não somos uns seres exóticos que devam ser mantidos na coutada
para gáudio e prazer dos visitantes, condenados a permanecer no rochedo porque
o Estado acha “muito caro” proporcionar, como é sua obrigação, ligações
frequentes e a preços comportáveis com o todo nacional. A continuidade
territorial é isto e nada mais, é constitucional, é um direito dos cidadãos e
cabe ao Estado, a mais ninguém, assegurar que seja cumprido” (texto do deputado
regional Carlos Rodrigues, retirado do Facebook, com a devida vénia)
Viagens aéreas: Subsidio de mobilidade para os madeirense: o outro (e estranho) lado da moeda
Nestas coisas não podem ficar pontas soltas ou assuntos por esclarecer. Ninguém
discute a importância da medida agora anunciada sobre o subsídio de mobilidade
a atribuir aos residentes (incluindo doentes e estudantes) que efectuam
ligações aéreas para o Continente ou para os Açores. Mas no melhor pano acaba
por cair a nódoa. E vem nos livros: ou se resolve o assunto rapidamente e limpa
a nódoa ou corremos o risco de uma pequena mancha dar cabo da brancura do
lençol. Refiro-me concretamente à questão dos 400 euros por viagem, que não
passa de um convite à especulação exploratória por parte das companhias aéreas
- será que vamos passar a ter agora viagens de 400 euros ou mais ao longo de
todo o ano quando até esta data isso acontecia sobretudo na época do Natal e
Fim-do-Ano? E como se explica o tratamento diferente para situações iguais? O
Governo Regional pode poupar não sei quantos milhares em publicidade porque as
pessoas já entenderam o que se passa. Primeiro resolva lá estes problemas
estranhos num processo que poderia ter sido exemplar. Depois faça a propaganda
que entender. Digo isto porque, segundo o DN do Funchal, no caso dos Açores não
há um tecto máximo para comparticipação e o reembolso é imediato. No caso dos
madeirenses, "o prazo para pagamento também é alterado em relação ao
modelo em vigor. Os reembolsos serão
pagos nos CTT a partir de 60 dias depois da data de compra do bilhete". Ou
seja, o modelo destina-se a garantir poupança aos madeirenses e menos despesas
com deslocações. Mas contraditoriamente o reembolso, ao contrário dos Açores,
só se verificará 60 dias depois da compra das viagens. Durante dois meses o
dinheiro fica a pairar algures. Faz algum sentido isto? E as famílias que não têm grandes disponibilidades financeiras são beneficiadas com este esquema
tonto de reembolsos, como? Outra das particularidades da regulamentação que não tinha sido
referida, recorda o DN, "é a
existência de um tecto para comparticipação colocado nos 400 euros por viagem
de ida e volta. Um valor a que corresponderá uma devolução máxima de 314
euros".
***
Outro alerta a propósito
do novo Subsidio de mobilidade para os madeirense: os extras cobrados pelas
companhias aéreas, por exemplo a mala que a Easyjet cobra à parte, não entra no
valor global da viagem, assim como o adicional para marcação de lugares. Neste
caso a TAP começa a estar em vantagem, salvo se adoptar os mesmos truques da low-cost concorrente na linha Madeira-Continente...
Viagens: resolução deve ser imediata e por portaria
Se esta matéria toda do subsídio de mobilidade não for rectificada a tempo, estou convencido que em Outubro próximo alguma penalização se fará sentir. Uma
medida que tinha (tem) todas as condições para correr bem e ser do agrado de todos,
acaba por se transformar numa trapalhada parecendo que vai encher a pança das companhias
aéreas privadas, penalizando as famílias por causa da espera e também pela
obrigatoriedade de terem 300 ou 400 euros disponíveis por cada viagem que
marquem. Nem a propaganda faz esquecer esta trapalhada. Rectifiquem
enquanto é tempo. Por exemplo, criem uma tributação (impostos) agravada para as companhias
que exijam mais de 250 euros por viagem entre a Madeira e Lisboa,
revoguem os 60 dias e esqueçam os 400 euros (nos Açores não existem estas disposições, porque razão as obrigaram no caso da Madeira?). E acreditem nisto: ninguém acredita na
propaganda publicitária.
Viagens aéreas: se a ideia é um debate sério vamos a isso
Se a ideia é ter um debate sério e como pelos vistos na comunicação social ninguém parece interessado em obter todos os dados essenciais a esse debate, então gostava que o Governo Regional da Madeira - ou o Governo da coligação Passos/CDS de Portas - esclarecessem concretamente o seguinte:
- quantos passageiros madeirenses viajaram em 2014 entre a Madeira e o Continente (Lisboa)?;
- quantos passageiros madeirenses viajaram em 2014 entre a Madeira e o Continente (Porto)?;
- quantos passageiros madeirenses viajaram em 2014 entre a Madeira e os Açores?;
- Qual o valor pago total pelo Estado com a devolução dos 30 euros por viagem (há viagens realizadas que atingiram valores tão baixos que não tiveram direito a receber qualquer verba de retorno)?
- qual foi o preço médio em 2014 da viagem Funchal-Lisboa-Funchal vendida pela Easyjet aos passageiros madeirenses?
- qual foi o preço médio em 2014 da viagem Funchal-Lisboa-Funchal vendida pela TAP aos passageiros madeirenses?
- qual foi o preço médio em 2014 da viagem Funchal-Porto-Funchal vendida pela Transavia aos passageiros madeirenses?
- qual foi o preço médio em 2014 da viagem Funchal-Porto-Funchal vendida pela TAP aos passageiros madeirenses?
Depois de conhecermos esses dados a gente fala...
***
Espanta-me muito sinceramente que tendo os Açores como exemplo e com
meses para tratar do assunto que a questão do subsidio de mobilidade para as
viagens dos madeirenses esteja lamentável e tristemente envolvida numa
trapalhada que seria dispensável e que revela um perigoso e inaceitável
amadorismo na resolução de problemas complexos como é o caso. Nunca pensei,
repito e insisto, que uma medida que tinha tudo a seu favor para ser uma medida
consensual e apreciada, se tenham transformado num pesadelo e, pior do que
isso, numa clara diferenciação de tratamento desigual para situações iguais. Vergonhoso.
Repito e insisto: resolvam estas pontas soltas enquanto é tempo para que esta
trapalhada não se transforme numa espécie de prego no caixão.
O "velho" Usain Bolt!
Há coisas que dão vontade de rir. Antes dos Mundiais na China
multiplicavam-se aqueles que achavam que estaríamos perante o final do reinado
do jamaicano Usain Bolt que deixaria de ser o atleta mais rápido do mundo. O
homem andou calado, borrifou-se para essas vuvuzelas tontas e chegou às pistas
- onde tudo se resolve - e buum: medalha de ouro nos 100 e nos 200 metros (esta
conquistada hoje). E ainda falta a esfateta de 4x100 onde pode conquistar a sua
terceira medalha (e não me espanta nada que a Jamaica volta a sagrar-se campeão
do mundo nesta modalidade). Isto de falar antes dá sempre para o torto...
Viagens: a importância da SATA nos Açores
Alguém me recordou que no caso dos Açores - apesar da operadora se
encontrar numa situação financeira considerada por alguns de pré-falência - que
é preciso ter em consideração que, nesta temática das tarifas aéreas e do
subsídio de mobilidade, o Governo Regional dos Açores pode sempre usar a sua
companhia (SATA) - uma empresa regional com capital detido 100% pelo executivo
dos Açores - para pressionar as demais companhias que operam para aquela
região. No caso da Madeira não temos companhia aérea própria. No caso das
Canárias existe também a Binter, empresa regional detida por capitais privados,
que garante ligações com o continente espanhol a preços competitivos com as
demais companhias aéreas, incluindo low-costs, que operam naquela linha
nacional (Las Palmas - Madrid)
Viagens aéreas começam a escaldar
Pessoa amiga contactou-me hoje para me informar que tinha acabado de marcar
viagem a Lisboa - obrigado a deslocar-se - entre 3 e 4 de Setembro e que pagou
cerca de 500 euros!!! Para receber o que lhe cabe - neste caso o que excede os
400 euros será suportado pelo próprio, mais os 86 euros valor mínimo
estabelecido para os residentes.
Resolvi fazer umas projecções no site da TAP - deixei a Easyjet de fora
neste exemplo - e obtive os seguintes resultados:
- Funchal - Lisboa - Funchal (2 a 5 de Outubro, em horas decentes) -
248,91 euros (309,91 se um continente marcar directamente na TAP viagem ao
Funchal nas mesmas datas);
- Funchal - Lisboa - Funchal (16 a 22 de Novembro, em horas decentes) -
248,91 euros;
- Funchal - Lisboa - Funchal (25 a 30 de Setembro, em horas decentes) -
309,91 euros (274,91 euros se um continente marcar directamente na TAP viagem
ao Funchal nas mesmas datas);
- Funchal - Lisboa - Funchal (4 a 8 de Dezembro, em horas decentes) -
ainda 166,41 euros (289,41 euros se um continente marcar directamente na TAP
viagem ao Funchal nas mesmas datas).
Claro que os passageiros continentais que queiram deslocar-se à Madeira
têm sempre acesso aos programas especiais das agências de viagens e promoções
destas e das operadoras. Fiz apenas uma projecção caso o interessado fosse
directamente ao site da TAP, apenas e só para ter um termo de comparação.
terça-feira, agosto 25, 2015
Portaria: porque razão a espera?
Foi esta semana publicada a portaria, pelo qual todos aguardavam, regulamentando a aplicação do chamado Subsídio de mobilidade aos transportes aéreos entre a Madeira e o Continente, beneficiando residentes, estudantes da Madeira, equiparados a residentes e doentes. Falamos da Portaria pela qual todos aguardavam depois de ter sido publicado o decreto principal - o Decreto-Lei n.º 134/2015, de 24 de Julho, que regulou a atribuição de um subsídio social de mobilidade aos cidadãos beneficiários. Não tenho o hábito de andar a comparar governações diferentes, porque falamos regra geral de períodos diferentes, de personagens diferentes entre si, de realidades políticas distintas, de relacionamentos institucionais que não foram iguais, etc. Mas se este novo modelo funcionar - e tudo indica que pode funcionar - em benefício de todos os utentes e com ganhos significativos para estes, leia-se poupanças, então neste caso a única questão que se coloca em cima da mesa é esta: porque raio de razão quando este modelo foi aplicado aos Açores não foi exigida a sua extensão à Madeira? E se alguém me vier dizer que sim, que foi pedido, comprove-o com documentos factuais. Não com paleio ou conversa da treta. É que não deixa de ser estranho, no mínimo, que se possa ter prejudicar terceiros por causa de questões políticas que nunca, mas mesmo nunca, podem estar colocadas num primeiro plano, acima dos interesses da Região e do seu Povo
Subsídio de mobilidade: publicada a Portaria quer todos aguardavam
Já foi publicada no DIÁRIO DA REPÚBLICA (nº 164/2015, 2º SUPLEMENTO, SÉRIE I DE 2015-08-24) a PORTARIA nº 260-C/2015 dos Ministérios das Finanças e da Economia que "define o modo de proceder ao apuramento do valor do subsídio social de mobilidade e o prazo em que o mesmo deve ser solicitado, no âmbito do serviço de transporte aéreo previsto no Decreto-Lei n.º 134/2015, de 24 de julho, que regula a atribuição de um subsídio social de mobilidade aos cidadãos beneficiários, quanto aos serviços aéreos e marítimos entre o continente e a Região Autónoma da Madeira e entre esta e a Região Autónoma dos Açores". O link de acesso ao texto da portaria, em pdf, e cuja leitura recomendo a todos os interessados, é este.
sexta-feira, agosto 21, 2015
Madeira inicia recuperação da antiga rede de "caminhos reais"
"Não existe ainda um orçamento para este
trabalho. Fizemos um levantamento preliminar e iniciámos a recuperação de um
caminho, para utilizarmos como modelo e avaliarmos os custos. Depois,
provavelmente vamos recorrer a fundos europeus", explicou à agência Lusa o
diretor regional das Florestas e Conservação da Natureza, Miguel Sequeira. O "caminho real" que está a ser
intervencionado estende-se do Paul do Mar à Ponta do Pargo, percorrendo uma
vasta extensão na zona oeste da ilha, através de uma típica paisagem rural
madeirense, salpicada de poios (socalcos) e palheiros e combinada com nichos de
vegetação mediterrânica endémica.
"Este é o nosso projeto-piloto e vai servir para
avaliarmos o desafio que temos pela frente, pois estamos a falar de uma rede
muito extensa, com técnicas de construção complexas que importa manter,
preservar e repetir", disse Miguel Sequeira, destacando, por outro lado, a
importância dos "caminhos reais" como alternativa aos percursos nas
levadas e na floresta laurissilva. O diretor regional lembrou que a maior parte dos
trilhos utilizados por turistas se encontra acima dos 500 metros, ao passo que
as antigas "estradas reais" cruzam regiões mais baixas, onde é
visível a intervenção humana, mas também onde floresce cerca de 50% dos
endemismos da ilha.
"São paisagens pouco exploradas do ponto de vista
turístico e, no entanto, têm a enorme virtude de serem complementares à
laurissilva", explicou Miguel Sequeira, sublinhando o valor histórico dos
próprios caminhos. "O turista é quem move a economia da Madeira, pelo que
só ficamos a ganhar ao recuperar estradas que têm grande valor cultural e
patrimonial e estão associadas a paisagens pouco exploradas", reforçou.
"Caminho real", ou "estrada real",
é a designação atribuída às principais vias terrestres construídas antes da
implantação da República. Na Madeira, a maior parte surgiu por iniciativa dos
governadores ou dos capitães-generais, funcionando como alternativa e
complemento às ligações marítimas.
"Estas 'estradas reais' não podem ser esquecidas,
porque fazem parte da nossa memória coletiva e, acima de tudo, porque são
exemplo da grande dificuldade que foi construir uma ilha do nada", disse o
diretor do Centro de Estudos de História do Atlântico, o historiador Alberto
Vieira. Diversas localidades na Madeira cresceram e assumiram
importância em torno das rotas de circulação terrestre, funcionando como pontos
de apoio aos viajantes, sejam locais, comerciantes ou estrangeiros, que
começaram a percorrer a ilha com particular ênfase a partir dos séculos
XVIII/XIX. A manutenção desta rede de estradas obrigava a duros
trabalhos, sobretudo após os meses de inverno e tendo em conta a orografia
agreste da ilha, pelo que foi criado um imposto, designado por "roda de
caminho", o qual obrigava toda a população a contribuir com dias de
trabalho. No entanto, os mais abastados podiam revertê-lo em dinheiro.
Os "caminhos reais" começaram a perder
importância com a chegada do automóvel e da moderna rede viária, ao longo do
século XX, e a maior parte caiu no abandono e na ruína. Atualmente, dos 28
percursos pedonais recomendados pelas autoridades (25 Madeira e três no Porto
Santo), apenas 12 são em veredas e antigas "estradas reais"; mas o
interesse na recuperação da velha rede viária mobiliza, agora, o governo e as
câmaras municipais.
"Estas 'estradas reais' são do domínio público e
interessava preservar, se possível, todas as que ainda existem", declarou
Alberto Vieira, sublinhando o esforço despendido ao longo dos séculos na sua
construção. "Mais não seja, estes caminhos são uma imagem e um retrato de
quase 400 anos da nossa história e, portanto, não podem ser esquecidos nem
renegados", vincou (Lusa, SIC)
As imagens da Casa de Ronaldo na Trump Tower em Nova Iorque
Cristiano Ronaldo
investiu 18.5 milhões de dólares (cerca de 16.8 milhões de euros) num
apartamento em Nova Iorque, informa o jornal New York Post. Será que Ronaldo já
pensa numa futura transferência? O luxuoso apartamento está situado na famosa
Trump Tower, o arranha-céus da 5º Avenida que pertence ao magnata e candidato
republicano Donald Trump. Conhecido pela sua excentricidade, o novo loft da
estrela do Real Madrid tem 233 metros quadrados. Já pertenceu ao magnata
italiano Alessandro Proto, empresário que alegadamente serviu de inspiração
para a criação de Christian Grey, protagonista da série 50 Sombras de Grey.
Visto que o contrato de Ronaldo expira em 2018, esta compra fez disparar os
rumores de uma possível transferência de Cristiano Ronaldo para a liga
norte-americana MLS. Em janeiro deste ano, o agente de Ronaldo, Jorge Mendes, já
veio confirmar essa hipótese (Observador)
Concurso para luzes de Natal na Madeira leva a providência cautelar....
A empresa "Luzosfera" interpôs uma
providência cautelar para que fosse averiguada a legalidade do processo de
seleção da empresa que irá construir os motivos decorativos das festas
2015/2016
A secretaria da Economia, Turismo e Cultura da Madeira
foi hoje notificada da interposição de uma providência cautelar relacionada com
as iluminações de Natal e Fim de Ano 2015/2016 pela empresa "Luzosfera",
que pretende averiguar a legalidade do processo.
Fonte da secretaria regional liderada por Eduardo
Jesus confirmou à agência Lusa a receção da notificação, hoje à tarde, mas
garantiu que "o processo [da empreitada para as iluminações] está a decorrer
normalmente".
A "Luzosfera" foi uma das quatro empresas
que se apresentaram a concurso público para a construção dos motivos
decorativos nas festas de 2015/2016, cujo valor base de adjudicação era de dois
milhões de euros, tendo o Governo Regional excluído todas, optando pelo modelo
de ajuste direto.
Num comunicado divulgado hoje no Jornal da Madeira, a
empresa explica que a providência cautelar visa esclarecer dúvidas sobre a
"legalidade e exequibilidade" do modelo de concurso público e ajuste
direto escolhido pelo Governo Regional para as próximas iluminações de Natal e
de Fim de Ano.
A "Luzosfera" revela ter informado, no dia
14 de agosto, a secretaria da Economia, Turismo e Cultura da "efetiva
entrega no Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal da providência
cautelar", onde identifica "as ilegalidades e as
impossibilidades" do caderno de encargos para a construção dos motivos
decorativos nas Festas de Natal e Fim de Ano de 2015/2016 e Festas de Carnaval
de 2016 na região autónoma.
Apesar de ter interposto uma providência cautelar, a
empresa diz que não pretende "obstaculizar ou retardar" os trabalhos
de montagem das iluminações, realçando que, no máximo, a decisão poderá atrasar
o período das consultas para o ajuste direto.
No comunicado, a "Luzosfera" garante que não
se inibirá de defender os "legítimos direitos" nem de "lavar a
imagem de futuros incumprimentos e prejuízos para a região", alertando
ainda que as opções do atual caderno de encargos são dos mesmos autores do ano
passado, quando as iluminações geraram uma onda de críticas na sociedade
madeirense devido à rotura com o modelo tradicional.
A empresa questiona a exequibilidade do projeto para
2015/2016, considerando que o preço base não se coaduna com o caderno de
encargos, o qual remete para materiais novos que custam entre 1,8 e 2,2 milhões
de euros.
A "Luzosfera", que foi responsável por
várias empreitadas de iluminação de Natal e Fim de Ano no arquipélago,
incluindo a última, garante que voltará a apresentar uma "proposta
competitiva", quando for consultada no âmbito do ajuste direto, conforme
determina a lei (Lusa)
Metade dos leitores de blogues tem menos de 35 anos
O Bareme Internet
quantifica 1,8 milhões de leitores de blogues em Portugal. Metade tem menos de
35 anos. O estudo Bareme Internet 2015 da Marktest estima em 1 791 mil o número
de residentes no Continente com 15 e mais anos que consultam blogues, um número
que representa 20.9% do universo em análise.
Na análise do perfil dos indivíduos que costumam consultar blogues, a
idade, a classe social e a ocupação surgem como as variáveis que apresentam
maiores diferenças de comportamento. Os jovens até aos 34 anos são os que
possuem maior afinidade com este hábito, constituindo metade do universo de
leitores de blogues. Entre os indivíduos das classes sociais mais altas e dos
quadros médios e superiores também se observam taxas bastante acima da média. A
análise realizada teve como base os resultados de 2015 do estudo Bareme
Internet, o estudo de referência sobre a penetração da Internet na população
portuguesa e sobre comportamentos dos cibernautas portugueses realizado pela
Marktest desde 1996. Este estudo analisa o universo constituído pelos
residentes no Continente com 15 e mais anos (Marktest.com, Agosto de 2015)
Cristiano Ronaldo mais mencionado no 1º semestre
Entre as
personalidades analisadas pelo serviço Social Media Explorer do Grupo Marktest,
Cristiano Ronaldo foi o mais mencionado nas redes sociais durante o primeiro
semestre do ano. O capitão da Seleção Nacional foi, entre as personalidades
analisadas pelo serviço Social Media Explorer do Grupo Marktest, quem registou
maior número de menções nas redes sociais nos primeiros seis meses do ano. Em
sites como Facebook, Twitter, Google+, Instagram, Blogs, Fóruns, Youtube e
Notícias RSS, foram encontradas este mês cerca de 91 mil referências a
Cristiano Ronaldo. Na segunda posição ficou o Primeiro-ministro, Pedro Passos
Coelho, que obteve 53 mil menções ao longo do semestre. José Sócrates, em
prisão preventiva desde Novembro de 2014, ocupou a terceira posição do ranking
de buzz social, com 51 mil menções. No top 10 do primeiro semestre do ano
constam ainda os nomes de António Costa, Cavaco Silva, Angela Merkel, Paulo
Portas, Papa Francisco, Barack Obama e Durão Barroso. O Marktest Social Media
Explorer é um serviço que monitoriza conteúdos veiculados nos social media
relacionados com marcas ou personalidades (Marktest.com, Agosto de 2015)
quinta-feira, agosto 20, 2015
quarta-feira, agosto 19, 2015
Subsídio de mobilidade transportes aéreos: Albuquerque tem que pressionar Passos para ter portaria publicada até final deste mês
Miguel Albuquerque é, como é sabido, amigo pessoal de Passos Coelho, desde os tempos da JSD, o que em certa medida tem facilitado a resolução de alguns impasses. O próprio Presidente do Governo assume essa situação com naturalidade.
Com a promessa do concurso público para a introdução do barco nas ligações marítimas entre a Madeira e o Continente, em condições a serem conhecidas mais tarde (nomeadamente preços das viagens, tipo de embarcação a utilizar, custos da operação, porto de escala no continente, do qual porventura dependerá a rentabilidade do projecto), com o prometido avião de transporte de mercadorias entre a RAM e Lisboa - iniciativa privada - dependente do que os empresários privados decidirem, depois de assinado o protocolo com o Governo Regional, penso que seria recomendável que a portaria do Governo da República regulando e disciplinando a aplicação do novo subsídio de mobilidade aos transportes aéreos, deveria ser publicada em Agosto, a tempo portanto de poder beneficiar a maioria das famílias dos 1400 madeirenses que certamente ficarão colocados em universidades continentais e que precisarão que as famílias não sejam obrigadas a despender verbas pesadas só com viagens. A não conclusão deste processo até final do mês de Agosto, a exemplo dos Açores, não deixaria de constituir uma desilusão. Penso mesmo que é essa a intenção de MA - acelerar o assunto - mas como nunca mais de ouviu falar dele, neste mês de férias, seria recomendável que a referida portaria, que será da autoria dos ministros das Finanças e da Economia, fosse publicada em Diário da República até final deste mês.
Lembro o que se passou com os Açores:
- No dia 24 de Março de 2015 é publicado o DECRETO-LEI nº 41/2015, do Ministério da Economia que "regula a atribuição de um subsídio social de mobilidade aos cidadãos beneficiários, no âmbito dos serviços aéreos entre o continente e a Região Autónoma dos Açores e entre esta e a Região Autónoma da Madeira, prosseguindo objectivos de coesão social e territorial";
- No dia 27 de Março, é publicada a PORTARIA nº 95-A/2015, dos Ministérios das Finanças e da Economia a qual definiu "o modo de proceder ao apuramento do valor do subsídio social de mobilidade aos cidadãos beneficiários, no âmbito dos serviços aéreos entre o continente e a Região Autónoma dos Açores e entre esta e a Região Autónoma da Madeira";
- No dia 28 de Abril foi publicada a PORTARIA nº 240/2015, dos Ministérios das Finanças e da Economia (Gabinetes da Ministra de Estado e das Finanças e do Ministro da Economia) que determinou "os encargos resultantes do contrato de prestação de serviços a celebrar entre o Estado Português e a entidade prestadora do serviço de pagamento a ser designada pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e do transporte aéreo, tendente ao pagamento do subsídio social de mobilidade".
No caso da Madeira:
- No dia 24 de Julho foi publicado o DECRETO-LEI nº 134/2015, do Ministério da Economia, que regulou a "atribuição de um subsídio social de mobilidade aos cidadãos beneficiários, no âmbito dos serviços aéreos e marítimos entre o continente e a Região Autónoma da Madeira e entre esta e a Região Autónoma dos Açores, prosseguindo objectivos de coesão social e territorial".
Ou seja, no caso dos Açores no espaço de cerca de um mês (de 24 de Março a 28 de Abril) o assunto ficou resolvido. No caso da Madeira o diploma-base foi publicado em 24 de Julho o que leva a acreditar que até 26 de Agosto, no máximo, a portaria reguladora seja publicada.
terça-feira, agosto 18, 2015
"Mania de escrever": diabolizar a Assembleia Regional para não terem votos?
Sempre me fez uma enorme confusão a forma como os assuntos relacionados com a Assembleia Legislativa da Madeira são tratados na praça pública pelos próprios partidos que dela fazem parte, eles próprios "alimentadores" de suspeições injustificadas e polémicas desnecessárias e que ninguém vê acontecerem nos Açores ou na Assembleia da República. A credibilidade das instituições passa também por isso mesmo, pela capacidade (e disponibilidade) que os partidos evidenciam no sentido de serem capazes de resolver internamente problemas relacionados com o funcionamento da instituição, dialogando entre si e superando tudo o que precisa de ser resolvido.
Já imaginaram o que seria a nossa sociedade se todas as famílias com problemas os andassem a divulgar na praça pública? Quem sairia credibilizado dessa peixeirada? Na política é exactamente o mesmo. Partidos e políticos alimentam confusões, fazem acusações, lança, a suspeição, julgam que por dizem mal das instituições de que fazem parte com isso ganham votos. E depois queixam-se que as pessoas não votam ou que há uma desconfiança em relação a partidos e políticos. Pudera estariam à espera do quê?
Nunca fui adepto do que designaria de diabolização do Tribunal de Contas. Trata-se de uma instituição criada pelo regime democrático, constitucionalmente consagrada, com as suas competências próprias, que olha pela despesa pública e pelas execuções orçamentais, apontando nesse quadro, erros ou omissões, propondo mudanças, rectificando procedimentos, deixando alertas, etc. Não acredito que o TC seja uma instituição que lance indiscriminadamente a suspeição sobre a política e os políticos, porque isso seria perigoso e absurdo.
Por acaso haverá alguém que acredite que a opinião pública aceita, sempre que se fala de uma instituição política como o Parlamento regional, que há bons e maus deputados ou que há partidos que simbolizam o céu enquanto outros representarão o inferno? Quando se questiona a credibilidade de políticos, partidos ou instituições, será que os cidadãos que ainda dedicam atenção à política se preocupam em estabelecer diferenças em vez de meterem todos no mesmo saco como naturalmente fazem? Deixem-se de tontices.
A credibilidade das instituições começa por elas próprias, pelos seus membros, pela forma como resolvem o que for de resolver, blindando as instituições a polémicas desgastantes e idiotas na praça pública.
Durante anos percebi que havia partidos e deputados - embora perceba que as limitações regimentais de outrora, algumas delas absurdas, alimentavam uma óbvia radicalização do debate político e parlamentar conduzindo-o a situações mais extremadas e absolutamente dispensáveis - que comunicavam antecipadamente aos jornalistas a intenção de promoverem cenas nas reuniões plenárias seguintes. Quando de manhã percebíamos, antes de iniciar a reunião plenária, a presença pouco usual de jornalistas e repórteres de imagem ou de fotografia - os meios de comunicação social de dimensão nacional estão-se borrifando para os trabalhos parlamentares da Madeira ou dos Açores (salvo ocasiões especiais), não dedicando uma linha que seja a assuntos que interessam à Madeira mas que compreensivelmente não dizem nada aos continentais (para eles só a Assembleia da República merece cobertura informativa) - isso era sinal óbvio de que alguma coisa estaria para acontecer. Neste caso a informação ganhava sempre atenção onde normalmente não conseguia espaço! A barracada tinha direito a primeira página dos noticiários e jornais. E quanto mais espalhafatosa, melhor.
Repito, há partidos que alimentam a teoria errada de que quanto mais mal disserem da Assembleia Legislativa mais votos terão. Basta ver os resultados das regionais dos últimos anos, em termos de participação dos cidadãos, para percebermos que é exactamente o oposto. Veja-se este quadro:
Uma coisa são os blogues, com ou sem os comentários anónimos de uma minoria insignificante de pessoas que diariamente lhes acedem e repetidamente comentam e os usam para atacar terceiros, outra coisa são as idiotices dos "likes" nas redes sociais, como se as campanhas políticas se pudessem desenvolver apenas no espaço do Facebook e outras alternativas similares (quiçá para um pequeno sector do chamado público elitista e urbano), outra coisa é, depois, a realidade do voto, a escolha livre dos cidadãos quando confrontados com opção de votarem ou de se absterem.
As pessoas querem que os políticos lhes resolvam os problemas, que não lhes criem novos problemas, querem que não lhes seja imposta mais austeridade bandalha e criminosa, querem que os seus direitos sejam respeitados e não revogados por lei ou pura e simplesmente esmagados.
Durante anos - e foram muitos - falou-se do "jackpot" parlamentar de uma forma depreciativa, quando na realidade todos os partidos, incluindo os que mais mal diziam desses apoios financeiros públicos e os que mais cortes reclamavam, dependiam e vivem à custa desses recursos financeiros, obviamente associados à respectiva dimensão da representação parlamentar. Sem essas verbas atribuídas no quadro da Assembleia Legislativa os partidos seriam fortemente penalizados na sua actividade e, em última instância, numa situação mais extrema, seriam obrigados a fechar sedes e a despedir funcionários, aumentando o distanciamento já muito grande existente hoje entre a sociedade civil enquanto tal e os partidos.
Vejamos estes dois quadros obtidos do própria proposta de orçamento rectificativo do parlamento regional e que não deixam dúvidas:
Vejamos estes dois quadros obtidos do própria proposta de orçamento rectificativo do parlamento regional e que não deixam dúvidas:
O pecado original foi os partidos não terem tido a coragem de assumirem, desde o primeiro momento, que perante a insignificância das receitas próprias provenientes das quotas de militantes e ante a escassez de receitas financeiras complementares propiciadas por eventos organizados pelos partidos, a sobrevivência destes dependia dos recursos financeiros atribuídos pelo parlamento regional, incendiando as relações com o Tribunal de Contas.
É muito fácil, por demagogia e populismo idiota, propor alegadas reduções de despesas com os partidos e os políticos - obviamente os elos mais fracos e aqueles que, devido à fragilidade e à falta de credibilidade em que se encontram mergulhados, mais facilmente reúnem consensos sempre que se transformam nos alvos seja do que for.
Difícil será explicar, depois, como é que eles abrem os partidos à sociedade, como é que conseguem mobilizar os militantes e simpatizantes dos partidos, quando dificilmente não deixarão de ser obrigados a encerrar sedes por toda a ilha - onde é que se reúnem os militantes e simpatizantes que ficarem privados de espaços próprios de reunião? Que tipo de vivência militante partidária pode existir numa freguesia sem sede? Como explicam essas "aves" que por aí andam este paradoxo, melhor dizendo, esta contradição?
Veja-se o que aconteceu com o PS - e destaque-se a coragem de o terem assumido publicamente - que depois de ter reduzido substancialmente o quadro de funcionários próprios que tinha no apoio aos deputados regionais, anunciou que se limitará a ter apenas as sedes no Funchal e no Porto Santo e que já hoje suspendeu a realização da sua festa de verão.
No caso do CDS o número de sedes próprios é diminuto, situação que se nota ainda de forma mais acentuada no caso do PCP e do Bloco. De resto temos partidos, representados na Assembleia Legislativa, ou que nela estiveram representados até há pouco tempo, que nem sede regional tinham (nem têm), que não promoveram uma única reunião com militantes que fosse, que não tinham (nem têm) uma estrutura dirigente própria devidamente hierarquizada, etc. Estamos a falar de partidos que existem enquanto estiverem na Assembleia Legislativa e que provavelmente deixarão de ter condições para existir, não podendo ter qualquer actividade política, ficam impossibilitados de contactar com as pessoas, etc. Salvo se continuarem com essa "descoberta" que se resume a levar a comunicação a reboque deles, por tudo e por nada -vivendo portanto exclusivamente do espaço que os meios de informação lhes propiciam - reclamando muitos deles a não existência de uma diferenciação partidária que existe e que em democracia tem que ser respeitada, particularmente a diferença entre partidos com representação parlamentar e grupelhos sem representação parlamentar e que por isso devem ser colocados no seu devido lugar. O que nada tem a ver com qualquer forma de boicote informativo. Tem a ver, isso sim, com o tratamento dado e com a forma com o devem ser geridas as relações com esses partidos insignificantes e de duvidosa representatividade social.
O próprio PSD regional experimentará grandes dificuldades em manter a actual estrutura de sedes em toda a ilha e admito claramente que comecem a ser tomadas opções determinadas pela realidade financeira e pela inevitável necessidade de serem cortadas despesas. Não há, como é sabido, decisões tomadas a esse nível - salvo duas ou três situações já confirmadas - mas acredito que os social-democratas possam encontrar obstáculos que exigirão decisões que não querem tomar mas que podem ser obrigado a tomá-las.
Há situações - veja-se o que se passou com o Bloco de Esquerda que durante 4 anos se viu afastado do parlamento regional para regressar depois com o e estatuto de grupo parlamentar, é certo que graças, em grande medida, ao fracasso da coligação liderada pelo PS, mas também com mérito próprio aliado ao facto de ter recuperado eleitores que tinha perdido em 2011 para o PTP - que são excepção à regra e devem ser tidas em consideração porque confirma que uma coisa são as forças políticas que tradicionalmente têm marcado presença regular na política regional ou nacional, outra coisa são os demais pequenos partidos sem expressão política, eleitoral e parlamentar. Mas que existem.
No caso do Bloco, o facto de não ter tido durante 4 anos representante no parlamento regional da Madeira foi compensado pela existência de representantes próprios nos Açores e em Lisboa e abriu portas a um tratamento noticioso que foi claramente favorável.
segunda-feira, agosto 17, 2015
Aviso aos futuros estudantes universitários e famílias da Madeira: O flagelo (ou a roubalheira?!) das vagens aéreas já em Setembro
É bom que as famílias madeirenses cujos filhos concorreram à universidade devem preparar-se para uma roubalheira vergonhosa e descarada - o costume! - da TAP. Desconfio que a companhia agora privatizada estabelece de propósito estes preços de viagens porque sabe que sendo conhecidos as 7 de Setembro os resultados das colocações dos jovens universitários é inevitável que muitas famílias da Madeira tenham que deslocar alguns dos seus membros (pai, mãe ou ambos) para acompanhar o cumprimento de todas as formalidades que um estudante colocado em Universidades continentais tem que cumprir imediatamente (julgo que há um prazo para formalizar matrícula e escolher onde fica). O problema é que ninguém consegue marcar antecipadamente viagem porque ninguém sabe em que Universidade o candidato ficará colocado. Acresce a isso o facto de ninguém saber também quando estará em vigor o novo regulamento de aplicação do novo subsídio de mobilidade às deslocações aéreas já que são estabelecidos valores máximos para residentes, estudantes e doentes obrigados a deslocar-se para fora da RAM em tratamentos.
Como exemplo refiro que uma busca efectuada hoje nos sites da TAP e da Easyjet e para uma viagem projectada de 8 de Setembro a 15 de Setembro (os resultados das candidaturas são divulgados a 7 de Setembro) e os resultados obtidos foram estes (preços para viagem completa, ida e volta, e por passageiro):
Funchal - Lisboa 3 Setembro
Lisboa - Funchal, 11 de Setembro
TAP: 380,91 euros euros
Easyjet: 213,98 euros
***
Funchal - Lisboa, 8 Setembro
Lisboa Funchal, 15 Setembro
TAP: 357,91 euros euros
Easyjet: 203,98 euros
Um aviso: estes preços agravam-se no espaço de horas a uma média de 5 a 6 euros!!!!
domingo, agosto 16, 2015
Coligação PSD-CDS tem documento "confidencial" que fez um estudo ao...mercado eleitoral
A coligação PSD-CDS, por iniciativa do PSD, realizou um estudo de "análise de mercado" destinado a identificar aqueles que são, de acordo com os cidadãos entrevistados na sondagem, os assuntos mais importantes para a serem abordados durante a campanha eleitoral e quais os temas cuja utilização não é recomendada que seja colocada em agenda.
Este estudo foi realizado por uma equipa com alguma experiência na matéria - e que me garantiram terá efectuado o mesmo tipo de trabalho prévio noutras latitudes e noutras ocasiões recentes... - ficou concluído em Maio deste ano e explica as dúvidas que têm sido expressas em vários espaços de opinião a propósito do tipo de discurso utilizado pela coligação, dos temas repetidamente privilegiados nos discursos políticos e quais os alvos preferenciais das intervenções políticas.
De acordo com o que apurei esse estudo de mercado (eleitoral) tem um carácter reservado, havendo quem me tivesse garantido que é "altamente confidencial" porque, caso fosse do conhecimento da oposição deitaria por terra a estratégia da coligação e possibilitaria à oposição, particularmente ao PS, uma readaptação da sua estratégia eleitoral fortemente questionada aos indicadores propiciados pelo referido documento.
Apurei também que esse documento funciona como uma espécie de "bíblia" na planificação política da campanha eleitoral da coligação, é do conhecimento de uma reduzida "task force" dos dois partidos, incluindo Passos e Portas, e a sua existência será sempre desmentida caso o assunto seja despoletado pela comunicação social.
"Mania de escrever": cartazes
Desastroso, uma espécie de IURD...
Gozado nas redes sociais
O processo de elaboração de um cartaz é essencialmente de natureza político. Não estamos a falar de uma estratégia para venda de sabonetes ou de perfumes. Depois de definidos todos os parâmetros de enquadramento do trabalho, podem os partidos optar pelos seus próprios recursos - regra geral muito conservadores e limitados - ou contratar agências de comunicação que se revelem capazes de transporem as ideias acordadas politicamente para os "outdoores" ou para outros materiais de publicitação eleitoral e de apelo ao voto.
Incompetência e mentira
Mudança rápida de cartazes
Tudo tem a ver com a mensagem a difundir, com o público-alvo, com a estimativa da receptividade diferenciada entre residentes em zonas urbanos e os moradores (e eleitores) nas zonas rurais (ou não urbanas), com a idade dos potenciais consumidores e com os mecanismos mais adequados para a transmissão da mensagem.
Há sempre, na preparação e elaboração política de um cartaz de campanha, uma pequena equipa de operacionais partidários envolvidos. São eles - essa task-force em concreto - que debatem tudo isto com o envolvimento directo do candidato e/ou líder do partido. Dificilmente um líder partidário "vê" um cartaz de campanha, com ou sem a sua imagem, sem ter conhecimento prévio, pelo menos das ideias iniciais e das mensagens que dele constarão.
O regresso tardio do líder às ruas
Podem não tomar conhecimento do "layout" final. Admito - e dou de barato isso - que nem sempre o líder é confrontado previamente com o "layout" final produto a elaborar e distribuir pelos partido.
A questão de fundo, no caso dos cartazes do PS, tem a ver com a ausência de profissionalismo e com a absurda ignorância política de quem definiu a imagem principal. Nem falo na mensagem idiota que consegue colocar uma mulher a dizer-se desempregada desde os tempos em que...Sócrates e o PS estavam no poder! Recordo que um primeiro cartaz, catalogado imediatamente de "pró-IURD" e alvo de chacota pública nas redes sociais foi, grosso modo, desastroso porque mesmo sem recorrer à imagem de Costa, pretendeu passar uma patética mensagem de "salvação" à moda do PS, colocando o partido numa espécie de limbo (que tudo faz para apagar o que se passou com Sócrates entre 2005 e 2011), se quiserem encostando-se ao "lado bom" do debate político ao mesmo tempo que tudo fazia para empurrar a coligação para o "lado mau" desse debate bipolarizado. Esta primeira leva de cartazes absolutamente patéticos, apostou numa espécie de diferenciação entre o inferno e o paraíso, leia-se, entre o PS e a coligação PSD/CDS.
Pirosos, graficamente idiotas, mensagem fácil de sem retida
Depois seguiu-se uma outra opção desastrosa (por causa dos efeitos dela resultantes) - mas neste caso concreto não dou por adquirido que Costa tenha tido conhecimento integral da estratégia de comunicação adoptada - que até podia ter resultado, caso fosse executada de forma competente e profissional, mas que acabou por constituir um fracasso, um autêntico tiro-no-pé dos socialistas com o PS a se espalhar ao comprido particularmente na pretensão de contar histórias sociais verdadeiras (desemprego, emigração, ausência de apoios sociais do Estado, etc), socorrendo-se da mentira e da inadequada associação de cidadãos à mensagem, sem que os fotografados tenham sido previamente avisados e dado a sua anuência.
Coligação também gozada nas redes sociais. Incontornável e com dedo socialista
Estamos a falar da utilização de fotografias obtidas numa Junta de Freguesia (socialista) e de uma história tonta, contada sem que os mentores tenham procurado saber da existência de correspondência com a real situação social e profissional dos fotografados. Não vamos colocar um empregado a dizer que está desempregado, não vamos colocar num cartaz um tipo que todos os dias toma uma bica no café aa esquina a dizer que foi obrigado a emigrar, etc. Um desastre!
Bloco de Esquerda entra na polémica "picando" o PS com os moralismos da treta do costume
É sabido que, de uma maneira geral, e numa primeira fase, os partidos usam nestes cartazes exteriores pessoas que são militantes e simpatizantes de base dos próprios partidos - quase sempre cidadãos anónimos, desconhecidos da opinião pública - que aparecem como veiculadores de uma mensagem política com fins eleitorais, mas que acabam por disfarçar a dimensão redutora de um círculo politico subjacente à campanha comunicacional. Ou seja, se um partido não for capaz de escolher a mensagem política, definir os temas a privilegiar na campanha política, se não for capaz de ir ao encontro da realidade social - e isso tem que ser previamente estudado não por uma agência de comunicação, mas por pessoas com responsabilidades políticas consistentes e credíveis - e puxar para cima as reais preocupações das pessoas, então o fracasso é inevitável. Apelar ao voto não é com o vender sabonetes.
Mas este tipo de campanhas tem outro riscos, os de confundirem as pessoas que ainda se deixam "influenciar" pelos cartazes e pela mensagem deles constantes. Por exemplo, o desemprego tem duas perspectivas de análise, uma do poder e outra da oposição, perfeitamente opostas, quando na realidade estamos a falar de um valor estatístico concreto, que é único e que serve de base à própria análise que dele fazem as duas partes. A própria emigração de jovens e demais cidadãos para o estrangeiro também pode ser usada como mensagem política com intencionalidades diferentes. Quer isto dizer que há temas que podem ser usados como bandeiras pela oposição que pretende ganhar eleições e chegar ao poder, mas que podem obviamente ser usadas também como bandeiras de propaganda, de sinal oposto, por parte de um poder que quer sobreviver como tal.
Por exemplo, qual a diferença entre uma potencial mensagem da oposição PS sustentando que um desemprego da ordem dos 12,5 a 13% é uma má herança de 4 anos de governação e a mensagem da coligação no poder que pode difundir a ideia de que foi capaz de travar o agravamento do desemprego, e que apesar de tudo, o baixou dos 17 ou 18% existentes quando recebeu o país do "socretismo" socialista, com um país falido, sem dinheiro, com austeridade negociada e com a troika cá dentro, para os valores actuais, etc? A velha teoria do copo meio-cheio ou do copo maio-vazio, conforme melhor nos convier...
Mais.
Para os cidadãos eleitores o que será mais importante: saber se foi bom ou mau para os portugueses que a troika tenha saído (?) do país em Maio do ano passado ou lembrar porque razão a "troika" desembarcou em Lisboa e quem foram os causadores dessa situação, quem faliu Portugal em 2011 e quem foi a correr a pedir ajuda externa?
Repito, o que se passou foi apenas uma descarada falta de profissionalismo e de competência de quem foi contratado e uma omissão do responsável pela campanha eleitoral do PS e dos seus mais directos colaboradores. Depois da "bronca" era impossível que o director de campanha do PS - que mesmo assim resistiu dois ou três dias até tomar essa decisão - continuasse em funções. Nada mais. Pretender fazer do que se passsou com os cartazes do PS um "caso" ou dar-lhe uma amplitude que em meu entender não tem - sobretudo quando sabemos como se estruturam os partidos envolvidos em campanhas eleitorais e como funcionam esses esquemas internos, o processo de decisão ao nível das "task-forces" eleitorais - ou procurar responsabilizar os próprios líderes dos partidos pelo que se passou, é pura idiotice. Os cartazes da coligação, apesar de estarem numa linha diferente, assente na apologia do auto-elogio - repetindo no essencial a propaganda do governo de Passos e do CDS - são em termos visuais, de estrutura gráfica, um desastre, apesar de aceitar que a mensagem política deles constantes possa ser mais facilmente "retida" pelos cidadãos. Basicamente, e neste caso, não se nota diferença entre a coligação e o governo de coligação.
Claro que todos percebemos as causas de tudo isto. O PS, na oposição, tem um trabalho político e eleitoral dificultado pelas conturbadas mudanças internas, sem os efeitos (sondagens) pretendidos, tem muita gente stressada, tem a ameaça de uma descrença interna num sucesso eleitoral que todos admitiam no passado recente ser inquestionável e muito mais ampla, depois de anos de austeridade e de roubalheira, tem mais recentemente indicadores que, manipulados (?) ou não, são repetidamente veiculados pelos média e em nada ajudam a estratégia de contestação que Costa e seus colaboradores mais directos querem adoptar.
Bem vistas as coisas o PS tem ainda outros dois problemas: o primeiro um Presidente da República que lhes deu sempre sopa recusando todas as pressões feitas para a dissolução do parlamento - a ideia era realizar eleições mais cedo do que Outubro de 2015... - e depois uma estranha diferença entre a alegada popularidade de Costa e a dimensão da receptividade do PS expressa nas sondagens.
Finalmente, pela experiência que tenho acumulada, tenho a certeza que erros destes dificilmente são cometidos - em ter,mos de estrutura e de mensagem política - quer pelo PCP, quer pelo Bloco de Esquerda, havendo neste caso uma equipa de criativos ao serviço das acções politicas dos bloquistas com recurso a cartazes simples, contundentes e com mensagens políticas agressivas. Resta saber se há retorno eleitoral, expresso em votos, de tudo isso. O PCP, depois de um desaire em eleições legislativas anteriores, parece continuar em vantagem, em grande medida devido ao trabalho realizado por Jerónimo Sousa, algo que Costa decididamente não conseguiu ainda igualar, tendo por isso uma necessidade tremenda de "pegar" o PS pelos cornos - como se costuma dizer - algo que anda não conseguiu depois de tudo o que se passou, e como se passou, com António José Seguro.
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