Os portugueses confinaram, os portugueses vacinaram-se, e os portugueses confinaram e vacinaram-se novamente, cumprindo a generalidade das recomendações que foram sendo dadas, aceitando as restrições decretadas na esperança de que as coisas iriam mudar para melhor. Foi isso que foram ouvindo do Governo e das autoridades de Saúde durante quase dois anos, que acenaram com o regresso à normalidade e à “libertação”. Só que apareceu a Ómicron - e o cenário mudou. As promessas foram desfeitas e o fim da pandemia parece não ter final à vista, com mais doses e mais restrições e mais frustrações. Poderá esta mudança de cenário retirar a confiança dos portugueses perante as autoridades? Podem os movimentos populistas e as teorias da conspiração ganhar terreno perante isto? E, em última análise, como tem o Governo gerido as expectativas dos portugueses? O Expresso ouviu dois especialistas em comunicação de crise e isto foi o que eles nos disseram
A esmagadora maioria dos portugueses fez de tudo para por fim à pandemia: passaram a usar máscara, álcool gel no bolso, vacinaram-se com as várias doses, confinaram em casa, estiveram em teletrabalho, cumpriram o que lhes foi aconselhado e imposto e, por várias vezes, ao longo destes quase dois anos de pandemia acreditaram estar prestes a sair do longo túnel de restrições.
Mas com o surgimento da nova variante Ómicron - bastante mais transmissível que as anteriores - as expectativas e promessas feitas pelas autoridades, epidemiologistas e médicos saíram totalmente goradas e a libertação e regresso à normalidade não vai acontecer tão depressa.