Uns dirão que a Madeira
é uma terra de "oportunidades", uma espécie de América dos labregos,
do chico-espertismo e das ratazanas. Outros dirão que a Madeira é um El Dourado
para os patos-bravos que desembarcam na terra, eventualmente com intenções de se
apoderarem dela e condicionarem a liberdade, racionalidade er legalidade dos seus processos de decisão pública, que rapidamente parecem abandonar o interesse público para tratarem das vidinhas, cada um à sua
maneira, e enquanto as "tetas" derem leite... Nos últimos anos isso
ainda ficou mais patente, bem mais patente. Os sustos (?) em 2024 - cujo
epílogo provavelmente ficaremos a conhecer este ano - poderiam travar esses
jagunços, mas pelos vistos eles continuam as impor as suas vontades e a
manietarem facilmente quem, na causa pública, deveria ter por dever e obrigação
zelar por uma cidade, por uma região e pelo seu povo. Mas nada disso acontece.
Bastou ter ido uns dias a Lisboa e no regresso ainda cheguei a pensar
que me tinha enganado no apartamento. Afinal não, os abusos dos tais espertalhões patos-bravos forasteiros, que se instalaram na Madeira - vá lá
saber-se porque motivo, dizem que depois de situações públicas ocorridas
numa região nortenha que eu até conheço bem... - são a demonstração de
que as entidades competentes, que já começaram a trabalhar no assunto, têm o
dever de levar este processo até às ultimas consequências, custe o que custar,
doa a quem doer - falo do processo de licenciamento em todas as suas diferentes
fases.
Em Viana do Castelo, o prédio Coutinho, na marginal da cidade,
inaugurado em meados da década de 70, demorou anos mas veio abaixo. A demolição
custou cerca de 1,5 milhões de euros, a que se juntaram os 17 milhões de euros
de indemnizações pagos aos proprietários, sem contar com custas judiciais.
Lembro que tudo isto aconteceu cerca de 20 anos depois de José Sócrates, então
ministro do Ambiente do Governo de António Guterres, ter declarado aquele
prédio “um aborto arquitetónico” e defendido a sua demolição. Há
"sócrates" que deviam existir noutras paragens...
O problema deste registo fotográfico é que, para além da excessiva
dimensão dada ao empreendimento em causa, aumentando a pressão naquela zona da
cidade, sem que a CMF e demais entidades públicas, que se saiba, tenham
investido atempadamente em sectores essenciais, para prepará-la para um aumento
de consumidores a todos os níveis, desde a água, ao lixo, passando pelos
esgotos, pela circulação automóvel, pelos acessos, pelas comunicações, etc.
O que me pareceu, à primeira vista, e suscitou dúvidas, foi se não
estaríamos perante uma aldrabice promovida pelo chicoespertismo do costume,
que não me surpreende, pois a CMF para além de ter autorizado, misteriosamente,
esta excessiva dimensão da construção em causa - por isso, espero que as
entidades públicas competentes, a seu tempo clarifiquem tudo isso, porque
aconteceu e como aconteceu e por decisão de quem... - não consegue perceber
que, para além do facto destes prédios terem uma dimensão (número de pisos)
superior aos demais edifícios já existentes no local - uma bandalheira que
cheira a tanta coisa... - permite que apareçam "pisos" adicionais,
presumo que para colocação de chaminés, caixas de elevadores, ventilações,
etc. Não reduziram os 8 ou 9 pisos para ficarem com espaço para essas
habilidades. Nada disso, mantiveram os pisos aprovados e, sem se perceber como,
ainda lhe juntam um outro. A patifaria
pelos vistos é descarada e conta
com uma imensa impunidade cúmplice. Nem os sustos de 2024 a travaram!
Aproveito para contrastar esta aberração com a um empreendimento
construído a pouca distância deste, o Savoy Residence Monumentalis, que me
parece perfeitamente enquadrado no local, e com a qualidade que o Dubai não tem
(LFM)