terça-feira, julho 18, 2023

Sondagem: Pedro Nuno melhora avaliação na gestão do caso TAP, Galamba tem a pior nota


Sondagem do Cesop mostra que 84% dos inquiridos consideram que houve interferência política na gestão da TAP, mas o apoio à privatização diminuiu. João Galamba é o ministro com pior avaliação. António Costa é o elemento do Governo a recolher melhor nota na avaliação à gestão do caso TAP e João Galamba é o membro do executivo com pior avaliação, ao passo que Pedro Nuno Santos e Fernando Medina recebem avaliações similares. O ex-ministro das Infra-Estruturas consegue mesmo recuperar face à avaliação recebida em Fevereiro (a realização da comissão parlamentar de inquérito [CPI] à TAP foi aprovada a 3 de Fevereiro). A sondagem de Julho do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1 mostra ainda que uma ampla maioria dos inquiridos considera que houve interferência política na gestão da companhia aérea e que a mesma foi "negativa". O trabalho de campo deste estudo de opinião foi realizado entre os dias 6 e 15 de Julho, pelo que permite medir a interpretação dos entrevistados ao relatório preliminar da CPI à TAP. Durante esses dias, foram tecidas várias críticas ao relatório elaborado pela socialista Ana Paula Bernardo, mas o documento acabou por não sofrer alterações nas conclusões principais, tendo a versão final sido aprovada apenas pelo PS.

A CPI à gestão da TAP foi constituída para investigar a indemnização atribuída a Alexandra Reis, aprovada pelo ex-ministro das Infra-Estruturas Pedro Nuno Santos (que se demitiu no final de Dezembro na sequência deste caso, acabando mais tarde por admitir ter tido conhecido e aprovado a indemnização).

E se no estudo do Cesop realizado em Fevereiro Pedro Nuno recebia uma nota média de 6,4 (de zero a 20) com 29% de avaliações positivas, finda a CPI, e passada a audição no Parlamento, o ex-ministro consegue agora uma nota média de 7,5% com 34% de avaliações positivas. Ou seja, entre a fase inicial deste processo e o final do mesmo, o agora deputado conseguiu recuperar a sua imagem junto dos inquiridos.

Dos quatro governantes avaliados, todos – à excepção do actual ministro das Infra-Estruturas, que em Fevereiro não foi avaliado – melhoram a nota face há cinco meses. O primeiro-ministro, António Costa, sobe a nota de 7,5 para 8,7, com 46% de avaliações positivas (há cinco meses eram 42%). O ministro das Finanças, Fernando Medina, tem uma nota de 7,6 em Julho (7,1 em Fevereiro), ainda que tenha descido ligeiramente em termos de avaliações positivas (de 38% para 35%).

Já João Galamba é o que tem a pior avaliação. O ministro regista uma nota de 5,6, com apenas 22% de avaliações positivas, números aquém dos registados em Fevereiro pelo seu antecessor nas Infra-Estruturas, o que indicia que o actual responsável por esta pasta é o membro do executivo que mais se desgastou com este caso.

O responsável técnico pelas sondagens da Católica, João António, explica ao PÚBLICO que esta avaliação "poderá estar relacionada com os acontecimentos no ministério [das Infra-Estruturas] e com a forma como a gestão dos acontecimentos foi feita". O investigador refere-se ao episódio polémico da recuperação do computador do ex-adjunto de Galamba. E acrescenta que a avaliação dos entrevistados terá sido influenciada por acontecimentos que vão além da gestão da empresa.

Interferência política foi "negativa"

A sondagem refere também que mais de três quartos dos inquiridos consideram que houve interferência política na gestão da TAP e que a mesma foi "negativa". Apenas 3% consideram que não houve interferência política na gestão da transportadora aérea. Dos 84% que reconhecem existência de interferência (o relatório da CPI conclui que não houve interferência política), 77% classificam-na como "negativa" e somente 7% a interpretam como "positiva".

Mesmo assim, apesar de a maioria dos inquiridos defender a privatização da empresa, aumentou o número daqueles que são a favor de uma TAP pública. Em cinco meses, a percentagem aumentou de 27% (em Fevereiro) para 36% (em Julho): 12% defendem a TAP 100% pública, enquanto os restantes 24% preferem que o Estado detenha a maioria mas com capital privado na empresa. O apoio dos inquiridos à privatização caiu de 61% para 54%.

Ao PÚBLICO, João António ressalva que o inquérito realizado em Fevereiro apresentava apenas duas hipóteses (TAP como empresa pública ou privada) e não quatro, pelo que os dados de Julho surgem mais segmentados.

O processo de privatização ainda vai durar "vários meses", alertou o ministro das Finanças na semana passada. Medina explicou que o processo "terá o seu início formal com a aprovação pelo Conselho de Ministros de um decreto-lei que definirá o quadro amplo de privatização", porém não adiantou prazos.

Ficha técnica

Este inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e Público entre os dias 6 e 15 de Julho de 2023. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram seleccionados aleatoriamente a partir de uma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efectuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objectivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 1006 inquéritos válidos, sendo 45% dos inquiridos mulheres. Distribuição geográfica: 32% da região Norte, 20% do Centro, 34% da A.M. de Lisboa, 7% do Alentejo, 4% do Algarve, 2% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários e região com base no recenseamento eleitoral. A taxa de resposta foi de 29%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1006 inquiridos é de 3,1%, com um nível de confiança de 95%.

Algumas perguntas, como é o caso das que se relacionam com a TAP, foram colocadas apenas a uma subamostra de 656 entrevistados. Nestes casos, a margem de erro máxima é de 3,8% (Publico, texto da jornalista Mariana Marques Tiago)

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