segunda-feira, julho 31, 2023

Em tempos de Rally Vinho Madeira

Como estamos em tempo de Rally Vinho da Madeira (com o qual trabalhei alguns anos, no tempo do saudoso Severino Fernandes e restante equipa, muitos deles ainda por lá andam, outros já faleceram, outros ainda estão retirados dessas lides, altura em que subimos ao coeficiente IV que nesse tempo era o patamar mais alto que havia), resolvi elaborar uns quadros informativos, com curiosidades, que publico para informação e conhecimento das pessoas interessadas no automobilismo de alta competição, neste caso do Campeonato da Europa de Rallys.

Lembro com saudade o tempo em que a Sala de Imprensa do Rally, de apoio a dezenas de jornalistas nacionais e estrangeiros, passou de um vão de uma escada no Teatro Municipal Baltazar Dias para o Salão Nobre do mesmo e, depois, para o Casino da Madeira, uma evolução que tinha que ser feita, caso pretendêssemos, como era realmente o objectivo, subir ao lote das provas mais importantes do Europeu, repito, o Coeficiente IV  nessa altura. Um objectivo que foi alcançado em 1983. Confesso que o "lado negro" desta ascensão, mas necessário mundo automobilístico altamente competitivo e marcado por uma agressiva competição entre provas e entre entidades organizadoras, o que mais me incomodava era a necessidade de uma submissão excessiva perante tudo o que vinha de fora, quer da FIA, quer mesmo do ACP e da Federação Portuguesa. Os inspectores eram as autoridades máximas e muitos dos pilotos de nomeada que vinham correr à Madeira auferiam cachets e benesses, financeiras ou não, que eram absolutamente incontornáveis se pretendêssemos subir no Europeu da modalidade. Tínhamos até jornalistas forasteiros que para estarem presentes na Madeira, sobretudo nomes dos mais conhecidos no jornalismo automobilístico, beneficiavam de apoios para que pudessem estar presentes na ilha. Era assim em todo o lado. A Madeira, recordo-me bem, tinha nesses anos de aposta no coeficiente máximo do Europeu, a concorrência de provas do Mundial de automobilismo e mesmo de importantes provas de ciclismo que, em termos informativos, não podiam colocar em causa a nossa necessidade de espaço e projecção mediática, sob pena dos nossos objectivos e do Clube Sports Madeira desmoronarem.

Não tenho dúvida que em termos de programa, sobretudo o social, dificilmente alguém nos superava, apesar de algumas provas nacionais da modalidade andarem, já nessa altura, a morder os nossos calcanhares! Felizmente tudo correu bem até que em 20134 - faz este ano dez anos! - por falta de dinheiro deixamos de integrar o coeficiente máximo das provas do actual calendário ERC, realidade que obviamente nos penalizou. Uma coisa é termos pilotos apostados no título europeu que eram obrigados a deslocar-se à Madeira em busca de pontos, outra coisa é não termos pilotos de topo do ERC, ou termos de os aliciar com alguns apoios, para estarem presentes na Madeira. Hoje o automobilismo de alta competição é um negócio.

Recordo que entre 2007 e 2011 um piloto passou a ter de se inscrever nos campeonatos europeus, pelo que apenas os pilotos registados podiam obter pontos ERC. Os pilotos inscritos foram obrigados a disputar um número mínimo de provas. Já entre 2013 e 2021 foi a emissora francesa Eurosport a promotora das provas e do negócio à volta do ERC, mas desde 2022 a Eurosport foi adquirida pela WRC Promoter GmbH, com sede em Munique.

A WRC Promoter GmbH é responsável por todos os aspectos comerciais dos Campeonatos do Mundo de Ralis da FIA e da própria FIA. O WRC Promoter é também o organismo guarda-chuva da Rallycross Promoter GmbH e responsável por todos os aspetos comerciais dos Campeonatos do Mundo de Rallycross da FIA (LFM)

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