sexta-feira, julho 21, 2023

Sondagem: Marcelo melhor que Costa na batalha pela opinião pública

Sondagem indicia que a crise política conferiu novo alento ao presidente da República. Aumento das pensões deu um ajuda ao primeiro-ministro, mas continua no vermelho. Marcelo Rebelo de Sousa é o grande vencedor do turbilhão que varreu o país político ao longo nos últimos três meses. De acordo com a mais recente sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF, não só inverte uma trajetória descendente que durava desde abril do ano passado, como sobe de forma relevante na avaliação dos portugueses, destacando-se dos restantes e, em particular, de António Costa, que, apesar de continuar a recuperar o capital desbaratado ao longo de um ano, se mantém no vermelho.

Quando se pergunta aos cidadãos em quem mais confiam, a vantagem a favor do presidente da República (50%) acentuou-se neste barómetro, com 35 pontos de vantagem sobre o primeiro-ministro (15%). Um indício de que Marcelo se saiu melhor do que Costa perante a opinião pública, no rescaldo do seu confronto público, depois do “deplorável” episódio do gabinete do ministro João Galamba. O presidente forçou a demissão, o líder do Governo recusou, e a resposta de Belém chegou em tom de advertência: perante uma “divergência de fundo” a vigilância passaria a ser mais apertada.

Outro sinal que Marcelo está a levar a melhor é a avaliação em si: sobe na percentagem de avaliações positivas (53%) e desce nas negativas (27%), o que resulta no saldo positivo de 26 pontos. Costa até iniciou a recuperação mais cedo, depois de bater no fundo em janeiro passado, mas não revela o mesmo fôlego: também sobe nas positivas (31%) e desce nas negativas (50%), mas está no outro lado do espelho, com um saldo negativo de 19 pontos.

Pensionistas à espreita

O primeiro-ministro terá um difícil caminho pela frente para reconquistar o apreço dos portugueses (em abril do ano passado registou um saldo positivo de 26 pontos, os mesmos que agora alcança o presidente). De então para cá, um dos sinais do colapso que estava para vir foi a contínua perda de apoio entre o segmento dos portugueses que têm 65 ou mais anos. Foram, ao longo dos últimos anos, os apoiantes mais entusiastas, mas, em abril deste ano, o saldo chegou aos 33 pontos negativos.

Até que veio o anúncio de um novo aumento das pensões (3,57%), a pagar a partir deste mês de julho. O efeito positivo para Costa nota-se já neste barómetro. É verdade que o saldo entre os mais velhos continua a ser negativo, mas reduziu substancialmente (é agora de 12 pontos). A outra face da moeda é que são agora os mais novos (18 a 35 anos) os que fazem uma avaliação mais negativa do primeiro-ministro socialista.

Quando se analisa a forma como respondem os diferentes segmentos, e quando está em causa Marcelo de Rebelo de Sousa, também salta à vista que, quanto mais velhos, maior é a consideração (entre os que têm 65 ou mais anos são 43 pontos de saldo positivo). Mas há um outro grupo que puxa pelo presidente, e que já tinha sido, aliás, o responsável por se salvar, in extremis, de uma avaliação negativa em abril passado: as mulheres (com um saldo positivo de 36 pontos, mais 20 que o dos homens).

Âncora socialista

O presidente e o primeiro-ministro já não têm em comum o entusiasmo dos mais velhos, mas há um outro segmento importante da amostra que é fundamental para os resultados de ambos: os eleitores socialistas. Não só Costa consegue, entre estes, um saldo positivo (66 pontos), como revelam ser os mais entusiastas no apoio a Marcelo, que arranca um saldo positivo de 58 pontos.

A diferença é que o presidente está numa maré positiva em quase todos os segmentos, sejam eles geográficos, etários, de género, classe social ou partidário (a exceção que confirma a regra são os que votam no Chega e na CDU), enquanto o primeiro-ministro tem um único oásis positivo entre os socialistas. Os próximos meses dirão se o presidente mantém a “rédea curta” sobre o Governo e, se o fizer, se isso lhe trará ainda maiores dividendos políticos (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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