Lista de organizações terroristas do Departamento de Estado dos EUA passa a incluir o Cartel dos Sóis, que os Estados Unidos consideram que é liderado por Nicolás Maduro e outros membros do seu governo. Os Estados Unidos declararam o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e altos membros do seu governo como líderes de uma organização terrorista internacional, o Cartel dos Sóis, noticia esta segunda-feira o jornal "El País". A inclusão desta rede na lista do Departamento de Estado abre a porta a novas sanções económicas e oferece “novas ferramentas” para potenciais ações militares, admitiu Pete Hegseth, secretário da Defesa dos EUA.
Um fenómeno criminal enraizado no Estado
De acordo com os Estados Unidos, desde os anos 1990 que se observa na Venezuela um fenómeno que mistura crime organizado, altos escalões militares e o aparelho de Estado. Mais do que uma organização narcotraficante tradicional, o Cartel dos Sóis é visto por muitos analistas como uma rede de corrupção institucionalizada, profundamente enraizada no regime chavista e nas Forças Armadas.
De acordo com os Estados Unidos, trata-se de uma rede descentralizada de altos funcionários do governo e das forças armadas que obtém parte do seu financiamento através do tráfico de drogas. Esta classificação permite a Washington justificar, ao abrigo da lei norte-americana, potenciais ações militares em território venezuelano.
Poder militar e Estado: uma simbiose perigosa
A existência do Cartel estará ligada à estrutura de poder da Venezuela: o regime chavista mantém as Forças Armadas como pilar central de sustentação política. Ao confiar aos militares responsabilidades estratégicas na economia — desde o controlo das fronteiras até à gestão de portos e setores-chave —, Chávez e Maduro criaram uma rede de dependência. Muitos oficiais têm participação direta em atividades ilícitas, mas também exercem grande influência institucional.
O resultado desta simbiose entre Estado e crime afeta a credibilidade das instituições e fragiliza os mecanismos de justiça e de controlo democrático. Economicamente, o Cartel representa uma fonte significativa de receita paralela para o regime. Politicamente, fortalece o poder dos militares, criando um ciclo em que a lealdade pessoal e financeira se sobrepõe à institucional.
Pressão internacional e sanções
As acusações dos EUA, de que se trata de uma organização de narcoterrorismo, têm servido para justificar sanções, congelamentos de ativos e outras medidas punitivas. Estas ações aumentam a pressão sobre Caracas, mas também geram debates sobre soberania, intervenção e legitimidade.
Recentemente, a presença militar norte-americana na região foi reforçada com o porta-aviões USS Gerald Ford, caças F-35 e cerca de 15000 soldados, integrados na chamada “Operação Southern Spear”, oficialmente dedicada ao combate ao narcotráfico. Quatro altos responsáveis norte-americanos indicaram que uma nova fase da operação, possivelmente envolvendo missões secretas e ataques à infraestrutura venezuelana, poderá iniciar-se nos próximos dias. Esta escalada levou companhias aéreas internacionais a suspenderem voos para a Venezuela.
Reação de Caracas
O Presidente Maduro, por cuja captura os EUA oferecem uma recompensa de 50 milhões de dólares (aproximadamente 43 milhões de euros), e aliados consideram que os verdadeiros objetivos norte-americanos passam pela mudança de regime, algo que Washington não confirma oficialmente. A tensão geopolítica aumenta, enquanto a população venezuelana se mantém no centro de um conflito que mistura política, crime organizado e poder militar (Sapo, Lusa)
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