O debate sobre o crescimento económico em Portugal ganha nova clareza quando analisamos o esforço necessário para o país alcançar, em apenas uma década, o nível de riqueza, por pessoa, das economias mais avançadas, em paridade de poderes de compra.
Atualmente, o crescimento real do PIB per capita previsto para Portugal, pelo FMI, até 2030, ronda 1,8% ao ano, nível de crescimento que, na análise, se assumiu até 2034. Esse crescimento poderá ser suficiente para ultrapassar o Japão (cujo crescimento económico previsto pelo FMI será de 1,2% ao ano), no entanto, para recuperar o atraso face a grande parte das maiores economias mundiais, num horizonte de 10 anos, seriam necessárias taxas de crescimento superiores. Para atingir países como a Espanha, o Reino Unido ou a França, Portugal teria de crescer entre 2,1% e 2,7% por ano. O desafio torna-se mais acentuado quando o objetivo são economias como a Alemanha, a Dinamarca ou os Países Baixos; seria necessário um crescimento médio de 4,3%, 5,6% e 6,1% ao ano, respetivamente.
No topo estão economias ainda mais distantes: EUA e Suíça, ambas exigindo um crescimento anual na ordem dos 7% durante uma década — um patamar que ultrapassa largamente o crescimento observado nas economias avançadas, nas últimas décadas, e ainda mais em Portugal, e que colocaria o nosso país entre as economias de mais rápido crescimento do mundo. Convém realçar que esta não é uma análise estática: tal como foi considerada a estimativa de crescimento real do PIB per capita português, fez-se o mesmo exercício para os restantes países.
Alguns destes países têm reduzidas expectativas de crescimento (por exemplo, a Suíça deverá crescer apenas 0,6% ao ano), pelo que o esforço reside na grande diferença económica atual entre Portugal e estas economias.
Este exercício evidencia a magnitude do desafio estrutural que o país enfrenta. O diferencial económico não é apenas uma questão conjuntural, mas sim um reflexo de décadas de produtividade baixa, investimento limitado e fraca capacidade de geração de riqueza. Para reduzir esse fosso, políticas públicas e privadas precisariam de convergir num esforço contínuo de qualificação, inovação, eficiência e competitividade.
Em suma, alcançar algumas das economias mais avançadas não é impossível — o crescimento projetado pelo FMI poderá ser suficiente para ultrapassar o Japão e aproxima-se do necessário para chegar à Espanha — mas, para chegar mais além, exigiria um ritmo de crescimento sem precedentes na história recente do país (Mais Liberdade, Mais Factos)

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