terça-feira, novembro 11, 2025

Rendimento líquido equivalente: Em que países europeus as famílias ganham mais (e como se classifica Portugal)?

As disparidades de rendimento continuam a marcar o mapa económico europeu, apesar dos valores partilhados e das políticas de coesão social. Segundo dados divulgados pela Euronews Business, o rendimento líquido equivalente mediano — indicador que mede o rendimento típico por pessoa, ajustado ao tamanho do agregado familiar e após impostos — revela grandes diferenças entre os 34 países europeus analisados. As disparidades de rendimento continuam a marcar o mapa económico europeu, apesar dos valores partilhados e das políticas de coesão social. Segundo dados divulgados pela Euronews Business, o rendimento líquido equivalente mediano — indicador que mede o rendimento típico por pessoa, ajustado ao tamanho do agregado familiar e após impostos — revela grandes diferenças entre os 34 países europeus analisados.

Em 2024, Portugal registou um rendimento líquido equivalente médio de 12.646 euros, o que corresponde a 14.446 euros quando ajustado ao poder de compra (PPC). Estes valores colocam o país abaixo da média da União Europeia, que se fixou em 21.582 euros, refletindo o fosso persistente entre as economias do Norte e do Sul do continente.

Diferenças acentuadas entre Leste e Oeste da Europa

De acordo com os dados, o rendimento líquido equivalente mediano variou entre 3.075 euros na Albânia e 50.799 euros no Luxemburgo — o país com o rendimento mais elevado da Europa. No topo da tabela surgem também a Suíça e a Noruega, seguidas pela Dinamarca, Áustria, Irlanda, Países Baixos e Bélgica, todos com rendimentos médios entre 30.000 e 35.000 euros. Entre os países com rendimentos acima da média da UE destacam-se ainda a Finlândia, a Alemanha, a Suécia e a França. No extremo oposto, Macedónia do Norte, Turquia e Montenegro ocupam os últimos lugares, com rendimentos medianos significativamente inferiores. Dentro da União Europeia, a Bulgária apresenta o valor mais baixo — 7.811 euros —, seguida de perto pela Roménia e pela Hungria, ambas com rendimentos abaixo dos 10.000 euros anuais.

Especialistas apontam causas estruturais e históricas

Para o professor assistente Stefano Filauro, da Universidade Sapienza de Roma, “o nível de prosperidade médio observado em 2024 reflete fatores estruturais de longo prazo, como as trajetórias históricas de crescimento, a industrialização e o desenvolvimento do bem-estar”.

A economista Giulia De Lazzari, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), explicou à Euronews Business que as diferenças de produtividade e de composição industrial ajudam a compreender estas desigualdades. “Uma produtividade mais elevada permite que os países mantenham salários mais altos”, afirmou. Segundo De Lazzari, as economias com setores de elevado valor acrescentado, como as finanças, a tecnologia e a indústria avançada, tendem a pagar mais. Já os países com forte dependência da agricultura ou de serviços básicos continuam a apresentar salários mais baixos e rendimentos familiares reduzidos.

O papel do poder de compra na comparação entre países

Quando os rendimentos são ajustados ao padrão de poder de compra (PPC) — uma unidade que mede o que o dinheiro efetivamente permite comprar em cada país — as diferenças diminuem, mas permanecem significativas. Neste indicador, o rendimento líquido equivalente mediano varia entre 5.098 PPC na Albânia e 37.781 PPC no Luxemburgo, enquanto a média da União Europeia é de 21.245 PPC. A Hungria é o Estado-membro com o valor mais baixo neste critério, com 11.199 PPC.

A diferença entre o rendimento mais alto e o mais baixo na UE é de cerca de 26.500 PPC, um valor consideravelmente inferior ao fosso nominal de quase 43.000 euros. Segundo o relatório, países como Polónia, Roménia e Bulgária registam um desempenho mais favorável quando a comparação é feita em PPC, o que indica que, apesar de rendimentos nominais baixos, o custo de vida também é inferior.

Portugal entre o Sul e o Centro da Europa

Portugal posiciona-se entre as economias intermédias da União Europeia, à frente de vários países do Leste e dos Balcãs, mas ainda distante das médias registadas nos países do Norte e Centro da Europa.

O rendimento médio nacional de 12.646 euros (14.446 PPC) reflete as limitações estruturais da economia portuguesa, marcada por uma produtividade ainda inferior à média europeia e pela predominância de setores de baixo valor acrescentado.

Mesmo assim, o desempenho português mostra alguma aproximação aos países do Sul, como Espanha e Itália, que, embora mais desenvolvidos, também ficaram ligeiramente abaixo da média da União Europeia em 2024 (Executive Digest, texto do jornalista Pedro Gonçalves)

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