Cientistas da Université Sorbonne, em Paris, liderados por Clara Burgard, efetuaram simulações que mostram dois cenários opostos. Um novo estudo internacional publicado na revista ‘Nature’ alertou para um futuro dramático: se as emissões de gases com efeito de estufa continuarem em alta, até 59% das 64 maiores plataformas de gelo da Antártida poderão colapsar até 2300, provocando um aumento global do nível do mar que pode atingir até 10 metros, indicou o tabloide britânico ‘Daily Mail’.
Cientistas da Université Sorbonne, em Paris, liderados por Clara Burgard, efetuaram simulações que mostram dois cenários opostos: num cenário de baixas emissões (aquecimento abaixo dos 2°C até 2300) apenas uma plataforma estaria em risco; já num cenário de elevadas emissões (com aquecimento até 12°C) a situação torna-se crítica, com 38 unidades em perigo. De acordo com o estudo, esse colapso aceleraria o escoamento de gelo da camada principal para o oceano, espoletando uma subida do nível do mar sem precedentes.
Como o processo se desenvolve
As plataformas de gelo localizam-se à beira da camada de gelo da Antártida e atuam como uma espécie de ‘barreira’ que retém o avanço direto do gelo para o oceano. Quando essas plataformas enfraquecem ou colapsam, o fluxo de gelo para o mar acelera significativamente, explicaram os investigadores. O estudo realçou que, no cenário pessimista, entre 2085 e 2170 decorrerá o período de maior risco de inviabilização dessas plataformas — ou seja, os sinais de catástrofe poderão surgir já relativamente cedo, e não apenas no final do século.
Impactos globais e regiões vulneráveis
Se o nível do mar subir 10 metros, cidades e vilas costeiras em todo o mundo enfrentariam uma nova realidade. No Reino Unido, áreas como Hull, Glasgow e Bristol figuram entre as mais vulneráveis, enquanto nos Estados Unidos cidades como Houston, Nova Orleães e Miami estariam forçadas a mover-se para o interior. O estudo explicou ainda que mais de metade das plataformas de gelo da Antártida perderá viabilidade caso o aquecimento persista, transformando este fenómeno num dos maiores desafios climáticos do século XXI.
Caminhos de ação e necessidade de decisão
Os autores sublinham que as escolhas atuais de emissão “podem afetar significativamente a probabilidade de perda a longo prazo da maioria das plataformas de gelo da Antártida”. A conclusão é inequívoca: sem uma rápida redução das emissões, muitos dos mecanismos que estabilizam a camada de gelo estão destinados a falhar. O estudo qualificou a estimativa como “conservadora”, alertando que o colapso poderá ocorrer mais cedo do que os modelos antecipam se fatores como fraturação hidráulica, fissuração ou falhas estruturais estiverem envolvidos.
Referência para Portugal
Apesar de as previsões referirem-se ao cenário global, Portugal não está isento do risco. Estudos nacionais, como o publicado em 2020 para a costa atlântica continental, estimaram que, em cenários de elevação grave do nível do mar, áreas extensas do distrito de Lisboa se encontram entre as mais vulneráveis. Esta investigação reforça que mesmo alterações que ocorram ao longo de vários séculos exigem já hoje planos de adaptação e mitigação para proteger infraestruturas e populações costais (Executive Digest, texto do jornalista Francisco Laranjeira)
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