O estudo nota que os falantes de Língua Portuguesa, em particular, apresentam uma taxa de licenciados (36%) superior à média nacional americana (33%). A aposta na educação traduz-se num retorno claro: um diploma universitário representa um acréscimo salarial de 54%. Um estudo da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) traça um novo retrato da diáspora nos EUA: uma comunidade mais escolarizada, com maiores salários e a viver fora dos Estados tradicionais.
O estudo, intitulado ‘An American dream in Portuguese: Second generation and beyond’, foi coordenado pelas investigadoras Alda Botelho Azevedo e Lara Patrício Tavares e apresenta um retrato de uma comunidade em profunda transformação. O que os descendentes de portugueses nos Estados Unidos não só alcançaram o ‘Sonho Americano’, como em muitos aspetos o superaram, sendo hoje mais qualificados e auferindo salários superiores à média norte-americana. Estudo desconstrói a imagem tradicional do emigrante e apresenta uma comunidade mais qualificada e com crescente mobilidade geográfica.
Uma das conclusões centrais é que a herança cultural funciona como uma vantagem competitiva: o salário médio de um luso-americano que fala Português é de 58.923 dólares (50.902 euros), um valor muito superior aos $46.762 da média dos outros residentes nos EUA. O prémio salarial para quem fala a língua chega aos 20% quando comparado com um outro residente no EUA com o mesmo perfil.
A investigação desconstrói também o estereótipo da baixa escolaridade. A comunidade luso-americana atingiu a média de qualificações dos EUA, com cerca de um terço dos adultos a possuir pelo menos uma licenciatura. O estudo nota que os falantes de Língua Portuguesa, em particular, apresentam uma taxa de licenciados (36%) superior à média nacional americana (33%). A aposta na educação traduz-se num retorno claro: um diploma universitário representa um acréscimo salarial de 54%. “Este estudo obriga-nos a atualizar a forma como olhamos para a nossa diáspora e a reconhecer a sua extraordinária história de sucesso e integração”, afirma Nuno Morais Sarmento, Presidente da FLAD.
“Os dados mostram uma comunidade dinâmica, qualificada e próspera, que contribui ativamente para a sociedade norte-americana sem nunca perder a ligação a Portugal. É um motivo de enorme orgulho e um ativo estratégico para o nosso país”, acrescenta-
Esta nova realidade é acompanhada por uma significativa transformação geográfica. Enquanto a população decresce nos polos históricos como Massachusetts e Rhode Island, cresce de forma em novos centros económicos. Os destaques são a Flórida, com um crescimento de 23%, e a região de Nova Iorque e Nova Jérsia, onde o número de falantes de Português cresceu uns expressivos 32% entre 2013 e 2022.
“A integração não significa a anulação da cultura de origem. Pelo contrário, para estas gerações, a identidade portuguesa é um fator de diferenciação positiva”, explica Alda Botelho Azevedo, coordenadora e coautora do estudo. “Vemos um renovado interesse pela língua e pelas origens, impulsionado também pela imagem moderna e atrativa que Portugal projeta hoje no mundo” (Jornal Economico, texto da jornalista Maria Teixeira Alves)

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