A coligação PSD/CDS-PP
encontra-se neste momento com 38 por cento das intenções de voto dos
portugueses, face a 32 por cento do PS, revela a grande sondagem da
Universidade Católica para a RTP, Antena 1, Diário de Notícias e Jornal
de Notícias, realizada no último fim-de-semana, 26 e 27 de setembro. São
resultados que a três dias das legislativas confirmam a tendência de vitória da
direita patente na tracking poll realizada pela RTP ao longo
das últimas duas semanas. Na sondagem desta quinta-feira, a esquerda
representada por CDU e BE mantém também o fortalecimento de resultados
diariamente patente nestes 15 dias. São seis os pontos que separam a
coligação Portugal à Frente (PàF) dos socialistas liderados por António Costa.
O centro de sondagens da católica refere no seu relatório que os valores
obtidos permitem concluir que as “estimativas propostas indicam (…) que a
coligação PSD/CDS-PP tem mais intenções de voto do que o PS. Os resultados
desta sondagem indicam que a Coligação PàF tinha à data da inquirição (passado
fim de semana) mais intenções de voto do que o PS”. Esta
sondagem não admite a possibilidade de o PS ter, à data da inquirição, mais
intenções de voto do que a PàF.
Uma primeira análise a esta
sondagem permite afirmar que, na comparação com os resultados dos últimos
estudos de tipotracking poll (mais focados na observação das
tendências de subida e descida de cada partido do que na medição da percentagem
das intenções de voto de cada um) realizados para a RTP pela Universidade
Católica, se mantém a distância entre socialistas e PàF à volta dos cinco
pontos percentuais.
Ainda na quarta-feira, a
última tracking poll apresentava os socialistas a encurtar
distâncias para PSD e CDS, mas ainda assim com 34 por cento de intenção de voto
face aos 39 da coligação. Ou seja, ainda que de natureza diferente, verifica-se
que a PàF perde um ponto percentual, de 39 para 38 por cento, enquanto que o PS
cai dois pontos de 34 para 32 por cento.
A equipa de inquiridores sublinha
que “o limite mínimo do intervalo da coligação (36,1 por cento) é superior ao
limite máximo do PS (33,8 por cento). Isto significa que esta sondagem não
admite a possibilidade de o PS ter, à data da inquirição, mais intenções de
voto do que a PàF. Estes resultados não preveem o que vai acontecer nas
eleições - apenas retratam o atual posicionamento dos portugueses (que,
entretanto, poderá ou não mudar)”. A grande sondagem da Católica
revela também que não são surpresa os resultados obtido à esquerda, com a CDU
(PCP-PEV) a garantir nove por cento das intenções de voto – dentro da margem
revelada na tracking poll. Da mesma forma, o Bloco de Esquerda
revela uma notável recuperação face a anteriores eleições, assegurando nove por
cento de votos e colocando-se ombro a ombro com os comunistas.
Menos eleitores com dúvidas
A três dias do escrutínio, há
entretanto um dado que ganha importância face aos valores que vinha assumindo
nestas duas semanas de campanha eleitoral: o grupo daqueles que “não sabem em
quem votar” e que se situava acima dos 30 por cento surge na grande sondagem
desta quinta-feira reduzido a metade, com 17 por cento (15 por cento dizem que
“não sabem” em quem vão votar, dois por cento “recusam responder”). Referem os responsáveis da
Católica que “a alteração de método (na tracking era por telefone e
nesta sondagem é por voto em urna) poderá ter contribuído para este facto. A
aproximação da data das eleições também”. No que respeita aos pequenos
partidos, aqueles que até ao momento não têm representação parlamentar, surgem
o PAN (Pessoas-Animais-Natureza), PCTP (Partido Comunista dos Trabalhadores
Portugueses), PDR (Partido Democrático Republicano) e Livre/Tempo de Avançar
com um por cento cada. Os restantes apresentam percentagens abaixo da unidade. Esta sondagem foi realizada nos
dias 26 e 27 de setembro, no fim de semana que antecedeu a segunda e última
semana de campanha eleitoral. Foram obtidos 3.302 inquéritos válidos. A margem
de erro é de 1,7 por cento.
Vitória da Pàf traduzida em
deputados
A sondagem desta quinta-feira
estima ainda a distribuição de deputados por distritos. Dessa forma, a PàF
deverá conseguir de 99 a 114 deputados; o grupo parlamentar do PS estará entre
os 78 e 95 assentos; de seguida vem a CDU (15-20), o BE (12-17), o PAN (0-1) e
o Livre (0-1).
De referir aqui que a Coligação
atinge o maior número de votos em Lisboa (17-19), Porto (15-17) e Braga (8-10). Esta sequência é de resto
repetida pelo PS, com a seguinte estimativa: Lisboa (15-18), Porto (15-17) e
Braga (7-9).
A Madeira (onde PSD e CDS correm
separados e são aqui agregados nas contas finais), Leiria e Aveiro são os
locais onde se prevê um maior distanciamento da Coligação em relação aos
socialistas. Tendo em conta a previsão máxima na eleição de deputados, segue
assim: Madeira (PàF-5: PS-2), Leiria (7:4) e Aveiro (9:7). Ainda de assinalar que, nesta
sondagem, os socialistas apenas aparecem vencedores no distrito de Setúbal,
onde conseguirão de 5 a 6 deputados, contra os 4 a 5 da PàF.
Mais indecisos entre os mais
jovens
De acordo com os resultados da
sondagem, é entre os mais jovens que existe uma maior percentagem de indecisos. Também assim, na análise em
termos etários, o “PS é mais forte nos grupos etários mais velhos (>55 anos)
do que nos mais novos”. Uma diferença surge também nos
resultados quando falamos de graus de escolaridade: a ”intenção de votar é mais
forte entre as pessoas com maior grau de escolaridade” e o “PS tem mais
apoiantes entre as pessoas com menor grau de escolaridade”. Nesse sentido, os estatísticos da
Católica assinalam que “uma maior participação de pessoas com menos instrução
poderá levar a uma subida do PS”. Já em termos de género, a
diferença entre homens e mulheres manifesta-se: 1. a percentagem de mulheres
indecisas quanto a votar ou não votar é superior (13 por cento vs nove
por cento); 2. a percentagem de mulheres indecisas sobre em quem votar é
superior (17 por cento vs 13 por cento); 3. a diferença entre
PàF e PS é maior entre as mulheres (oito pontos percentuais) do que entre os
homens (3 p.p.).
Ficha técnica
Esta sondagem foi realizada pelo
Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa
(CESOP) para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias
entre os dias 26 e 27 de setembro de 2015. O universo alvo é composto pelos
indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes em
Portugal Continental. Foram selecionadas aleatoriamente quarenta e cinco
freguesias do país, tendo em conta a distribuição dos eleitores por distritos.
A selecção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até os
resultados eleitorais das eleições legislativas anteriores nesse conjunto de
freguesias (ponderado o peso eleitoral dos seus distritos de pertença)
estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco partidos mais
votados. Os domicílios em cada freguesia foram seleccionados por caminho
aleatório e foi inquirido em cada domicílio o mais recente aniversariante
recenseado eleitoralmente. Foram obtidos 3302 inquéritos válidos, sendo que 59%
dos inquiridos eram do sexo feminino, 27% da região Norte, 20% do Centro, 32%
de Lisboa e Vale do Tejo, 13% do Alentejo e 8% do Algarve. Todos os resultados
obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população com
18 ou mais anos residentes no Continente por sexo e escalões etários, na base
dos dados do INE, e por distrito na base dos dados do recenseamento eleitoral.
A taxa de resposta foi de 67%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra
aleatória de 3302 inquiridos é de 1,7%, com um nível de confiança de 95%.
* A taxa de resposta é estimada
dividindo o número de inquéritos realizados pela soma das seguintes situações:
inquéritos realizados; inquéritos incompletos; não contactos (casos em que é
confirmada a existência de um inquirido elegível mas com o qual não foi
possível realizar a entrevista); e recusas (texto do jornalista da RTP, Paulo
Alexandre Amaral)
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