“A memória da internet é f***” é
o título, aqui em versão censurada, de um vídeo que por estes dias circula pelo
Facebook. É o excerto de uma entrevista de Pedro Passos Coelho ao SOL ainda
este ano, antes das eleições, na qual o líder da coligação é perentório ao
dizer que um governo formado por PSD, CDS e PS “não tem nenhumas condições para
funcionar”.
Nesta guerrilha
nas redes sociais, ninguém é poupado: Passos Coelho, Paulo Portas e António
Costa não escapam a este remexer nos arquivos
É um dos
'tesourinhos deprimentes' que, desde as eleições, não param de ser recuperados
na internet para expor as contradições ou a personalidade dos atuais líderes
políticos.
Nesta guerrilha
nas redes sociais, ninguém é poupado: Passos Coelho, António Costa e Paulo
Portas não escapam a este remexer nos arquivos.
Portas arrasa
Cavaco
Dois dos vídeos
que mais têm circulado são retirados de uma entrevista de Portas a Herman José,
no programa Parabéns na RTP, quando o atual líder do CDS era ainda o diretor do
jornal O Independente.
Num dos excertos,
Paulo Portas desanca o atual Presidente da República, explicando a Herman o
porquê do seu anti-cavaquismo, que tantas capas valeu ao Independente.
A Herman, Portas
diz que Cavaco “só fez asneiras, asneiras, asneiras”, sobretudo no último
mandato. E sublinha que Cavaco Silva é o político a quem os portugueses mais
poder concederam. O agora líder centrista diz que na altura corria que Cavaco
estaria farto do país. “Se ele está farto, como é que nós havemos de estar?”,
atirava, arrancando um aplauso à plateia.
‘Lealdade não é
ponto forte de Marcelo’, achava Portas
Noutro excerto da
mesma entrevista, o alvo de Portas é Marcelo Rebelo de Sousa. Paulo Portas diz
que acha que Marcelo é “filho de Deus e do Diabo, de Deus que lhe deu a
inteligência e do diabo que lhe deu a maldade”.
O então jornalista
explica que Rebelo de Sousa era uma espécie de “jackpot noticioso” por ter sempre
“vários papelinhos amarelos” com notícias para distribuir pelos jornais. E
conta que era mesmo uma ótima fonte até ter inventado um jantar em Belém, do
qual chegou a elencar a ementa, que nunca se tinha passado. É a já famosa
história da vichyssoise.
Graças a essa
história, Portas diz mesmo que “não estava à espera de uma espécie qualquer de
lealdade [de Marcelo], porque não é o forte dele”.
Ao baú do YouTube,
os internautas foram também buscar o debate de 2011 entre Passos e Portas,
quando o líder do CDS explicava ao seu congénere do PSD que o mais importante
era saber “quem é que leva ao Presidente da República uma solução maioritária”,
lembrando que essa maioria se pode formar no Parlamento – tal como agora Costa
tenta fazer à esquerda.
Outro vídeo que
circula pela net tem António Costa a defender… a tese contrária. Foi gravado em
2009, numa Convenção do PS, e na altura o agora líder socialista dizia que
"os portugueses conquistaram um direito a que não podem nem devem
renunciar: o direito a que os governos não sejam formados pelos jogos
partidários, mas que resultem da vontade expressa, maioritária, clara e
inequívoca de todos os portugueses".
A noite em que
Costa não queria aceitar uma eleição e foi preciso rebentar uma porta com uma
mesa de matraquilhos
Escavando ainda
mais na História, no Facebook recuam-se mais de 30 anos para recordar os tempos
em que o jovem António Costa estava na lista da JS que perdeu umas eleições
para a Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e
se recusou a dar a chave da sede à lista vencedora, por alegadas
irregularidades na votação.
Laplaine
Guimarães, que foi assessor de Jorge Sampaio e está agora na Câmara de Lisboa,
recorda ao SOL, na primeira pessoa, a história que agora é referida em posts do
Facebook.
Guimarães não
estava na lista conjunta da JSD e da JC que ganhou, mas estava no Conselho
Diretivo da Faculdade, e lembra-se bem da noite que foi uma 'tourada'. “Achámos
que aquilo ia dar pancada e, como nessa noite estava a haver uma corrida de
touros no Campo Pequeno, na JC chegou a pensar-se chamar os forcados para
ajudar”.
Não foi preciso,
porque os ânimos acalmaram. Mas a porta foi arrombada com uma mesa de
matraquilhos. Costa e os restantes membros da JS acabaram por acatar os
resultados e a história ia perder-se no tempo… Não fosse a memória da internet
que, por estes dias, está mais ativa do que nunca.
Com tanta
turbulência política, o Facebook é uma arma. E ambos os lados estão a usá-la o
mais que podem. Resta saber com que efeitos, além dos sorrisos que provoca este
desenterrar de episódios antigos (texto da jornalista do Sol, Margarida Davim,
com a devida vénia)
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