Não vou perder mais tempo a subscrever todas as declarações que sustentem que o actual modelo do subsídio de mobilidade tem todas as condições para ser muito melhor do que o modelo anteriormente vigente, sobretudo para viagens em determinadas épocas do ano que excediam os 86 euros que agora serão pagos.
Mas nada de exageros, este modelo protege melhor os madeirenses e os estudantes madeirenses, porque a realidade viajei várias vezes para Lisboa pagando valores inferiores àquele montante de 86 euros. É certo que a maioria das situações paguei muito mais do que esses 86 euros e apenas éramos compensados pela nossa ultraperiferia com 60 euros por viagem, por vezes nem isso.
Quando os Açores adoptaram um modelo novo de atribuição do subsídio de mobilidade - ninguém inventou nada aqui na Madeira - os madeirenses tinham direito a ser contemplados com uma medida semelhante. Era uma questão de tempo
Portanto, e quanto a esta questão, ponto final. Não percam mais tempo, nem insistam no mesmo discurso. Todos sabemos, todos reconhecermos, que este modelo a funcionar devidamente é melhor do que o anterior e protege melhor os nossos interesses. Não creio que sejam precisos cartazes nem autocolantes para as testas dos madeirenses.
Acresce que o compromisso estabelecido com os madeirenses foi-o por Miguel Albuquerque, antes das directas para a liderança do PSD-Madeira e pelo próprio PSD-M, quer na moção de estratégia aprovada no Congresso de Janeiro deste ano e da autoria do Presidente do Governo. O Secretário Regional da Economia provavelmente nem sonharia que seria membro do Governo. Quanto a isto ponto final. Se há mérito ele é facilmente identificado. Mas ninguém tem o direito de se pôr em bicos-de-pés ou de reclamar méritos que não lhe pertencem, porque isso é batota.
O que está em causa - e não vou falar no tecto dos 400 euros e no impacto que isso teve no inflacionamento do preço das viagens, porque não quero perder mais tempo - são os 60 dias, essa sim uma medida vergonhosa, absolutamente intolerável e idiota. Ninguém consegue justificar, nem mesmo recorrendo a uma espécie de doentia psicose em torno do uso de cartões de crédito.
Não quero criar polémica com Eduardo Jesus que até conheço mal e superficialmente.
Mas há coisas que não podemos aceitar, porque se o fizermos isso significa que ou aceitamos que nos ridicularizem ou nos tomem por tontos.
Acresce que nada tenho a perder ou a ganhar com polémicas deste género, até porque as pessoas têm que saber, e eu sei, se caíram em "desgraça" ou foram colocadas de lado. Aceita-se esse desígnio e ponto final. Mesmo que tudo isto às mãos de alguns iluminados que já lá estavam, bem no topo, quando lá cheguei. Porventura o que resta nestes casos é esperar que "nos façam a cama", o que não significa que não assista a quem for alvo de tais procedimentos, o direito legítimo de retorquir, usando tudo o que estiver ao seu alcance e ao seu dispor.
Retomando o tema, quase que me atreveria a recomendar à Assembleia Legislativa que chamasse alguém ligado à banca para explicar, a quem estiver interessado, como funcionam os cartões de crédito, quais as taxas cobradas pelos bancos, quais os encargos para os titulares caso entrem numa espiral patética de compra de viagens a pataco, como foi insinuado, pagando juros sobre juros, mantendo o dinheiro "preso" e acumulando dívidas, até que possam ser ressarcidos do montante a que tiverem direito ao abrigo do subsídio de mobilidade, etc.
Já agora é preciso solicitar ao SRE que explique qual é o local no site da Easyjet que permite o pagamento de viagens com multibanco. Clarificando igualmente - obviamente duvidando que os madeirenses sejam tão masoquistas ao ponto de andarem a comprar viagens ao desbarato, usando por cagança o cartão de crédito, comportando-se como se fossem milionários, pagando 4 ou 5 euros de despesas a mais por cada viagem só pelo facto de utilizarem cartão de crédito - as razões dessa suspeição, usando argumentos credíveis e que sejam aceites pelas pessoas. Afinal quem paga os saldos dos cartões de crédito? O SRE ou os cidadãos detentores desses cartões?
Estará o SRE a falar das famílias madeirenses com rendimentos mensais contados ao cêntimo? Estará o SRE a falar das famílias madeirenses que sustentam 1, 2 ou mais filhos a frequentarem universidades fora da RAM, muitas delas vivendo da solidariedade da própria família ou de amigos para que tragam os filhos ao Funchal em determinadas épocas do ano (Natal), porque sem isso de certeza que não podiam fazê-lo? Por usarem a merda de um cartão de crédito são alvo de penalizações e desconfianças?
Depois de tudo isto, depois de estarem na posse destes indicadores, então sim, tomem as decisões que entendam por bem tomar. Recomendaria antes disso, que pedissem à Direcção Regional de Finanças o levantamento sobre as famílias da Madeira - quantas - dispensadas de entregarem declarações anuais de rendimentos (IRS) por auferirem rendimentos inferiores aos mínimos estabelecidos. Ou procurem saber junto dos Tribunais, quantos pedidos de falências individuais e de empresas, estão a ser processados. Finalmente, peçam a Associação dos Bancos Portugueses ou ao Banco de Portugal a quantificação de quantos cartões de crédito existem na RAM, dos respectivos limites de despesas e qual o valor movimentado anualmente por eles.
Em vez de proporem medidas absurdas, julgo que deviam proceder ao pagamento do diferencial devido aos passageiros, sem excepções. Caso se verifiquem abusos, então sim, nesse caso o GRM passa a estar na posse de situações em concreto e de abusos que deviam ser identificados. Como o sistema é revisto de 6 em 6 meses, o GRM passaria a ter todo o direito a adoptar todas as medidas que se revelarem necessárias, se preciso for ainda mais rigorosas do que as actualmente vigentes. Avançar, como foi feito, com medidas que geraram insatisfação e descontentamento entre as pessoas que viajam - e nem falo na burocracia patética que é exigida e no facto de ter sido aprovada legislação sem terem negociado antes com as empresas de transportes, uma das quais estrangeira e com sede na Irlanda - sem existirem razões para isso (só porque nos Açores aconteceu isto ou aquilo) tentando à posteriori, devido a pressões, justificar o que não pode ser justificável, é lamentável. E triste.
A asneira tem perna curta. Ponto final. Finalmente um alerta: qual o plano B se o governo que for empossado em Lisboa for constituído por partidos que estão contra o modelo adoptado com a aplicação do subsídio de mobilidade? (LFM)
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Assino por baixo.
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