Não me perguntem porquê mas dois dias depois da posse do governo de Passos e Portas, e perante um vazio à esquerda, quer em propostas, quer em ideias de governação, quer em termos de acordo político - e já andam quase há um mês nestas negociações - começo a ter muitas dúvidas que esse acordo se concretize, apesar de PS, PCP e Bloco terem a maioria absoluta dos deputados.
Julgo que aos poucos o PS começa a temer que possa ser posto em causa por causa do fracasso deste acordo, além de que os socialistas não veriam com bons olhos que fiquem reféns na Assembleia da República, quer do PCP, quer do Bloco.
O PCP debate-se com a imperiosa necessidade de ter que tomar decisões políticas difíceis que colidem com todo o seu percurso histórico - acresce a isto que o PCP tem uma Intersindical e demais sindicatos por ela controlados, ainda mais esfomeados que o próprio PCP, que vivem das acções de rua e da contestação mediática mas que perderão espaço de movimentação para não entrarem numa rota de colisão com um governo apoiado pelo PCP - mas também ele teme que o fracasso desta solução penalize os dirigentes que aceitaram negociar com o antigo "inimigo histórico" (PS) dos comunistas. A entrevista de Jerónimo de Sousa há dias na SIC Notícias mostrou isso mesmo, um secretário-geral comunista cauteloso e com mais dúvidas do que com certezas.
O Bloco está claramente numa posição de gerir o inesperado resultado que lhe deu 19 deputados mas recusará um cenário de eleições antecipadas, pelo que acabará por ceder ao PS e aceitar tudo, até porque o que mais anima o BE é afastar Passos e Portas do poder. Tudo isto sem deixar de pressionar o PS na expectativa deste aceitar alguma proposta bloquista que provavelmente não serão aceites pelos socialistas nos moldes pretendidos pelos bloquistas.
Tudo isto acontece perante a ameaça, um potencial espectro de eleições antecipadas lá para o Verão, que podem gerar uma enorme revolução quer nos resultados obtidos pelos partidos em 4 de Outubro, quer nos mandatos alcançados. E PCP e Bloco sabem que se as coisas se complicarem, entre os três partidos o PS será inevitavelmente aquele que menos será penalizado, porque é o que que mais votos tem à esquerda. Acresce que não acredito que neste momento,depois de tudo o que se passou, o Bloco e o PCP, bem, como o PS estejam interessados em eleições antecipadas em 2016 não só porque não sabem como vão reagir os descontentes que votaram à esquerda, mas que não se identificam com a solução encontrada pelos partidos da esquerda. Além disso têm presente o que se passou com a queda do governo minoritário de Cavaco Silva (X governo constitucional empossado a 6 de Novembro de 1985 com base nos resultados das eleições de 6 de Outubro de 1985, tendo terminado o seu mandato depois da aprovação, pela Assembleia da República, de uma moção de censura) que depois das eleições antecipadas obteve uma das maiores maiorias absolutas de sempre, quer em votos, quer em mandatos. E durou pouco, muito pouco tempo, um dos partidos - o PRD de Eanes - que foram protagonistas dessa situação.
Contudo, reconheço, o processo evoluiu de tal forma que um recuo acabará por penalizar quem for o seu causador. Acresce que ninguém sabe, cá fora, em, que situação se encontram as negociações, sendo de registar que PS, PCP e Bloco, ao contrário do que se podia prever, conseguiram até hoje blindar as reuniões, já que ninguém sabe concretamente o que tem sido falado e onde há acordo. Tudo o que tem sido publicado nos media não passam de palpites ou suposições.
Registo contudo que nos últimos dias começaram a multiplicar-se as declarações de contestação à solução de Costa - embora provenientes dos chamados "seguristas" - bem como há quem pareça disposto a liderar uma corrente de opinião interna, Francisco Assis, que vai dramatizar as consequências deste acordo e que poderá introduzir no seio do PS um discurso de amedrontamento das suas bases e simpatizantes, o qual pode criar problemas complicados a Costa. Penso contudo que, neste momento, e caso o acordo se confirme, nem seguristas nem Assis vão querer ser responsabilizados por qualquer fracasso, nem estão em condições de aguentarem com o consequente ónus politico associado a uma tentativa de boicote as negociações que Costa tem mantido à esquerda (LFM)
Registo contudo que nos últimos dias começaram a multiplicar-se as declarações de contestação à solução de Costa - embora provenientes dos chamados "seguristas" - bem como há quem pareça disposto a liderar uma corrente de opinião interna, Francisco Assis, que vai dramatizar as consequências deste acordo e que poderá introduzir no seio do PS um discurso de amedrontamento das suas bases e simpatizantes, o qual pode criar problemas complicados a Costa. Penso contudo que, neste momento, e caso o acordo se confirme, nem seguristas nem Assis vão querer ser responsabilizados por qualquer fracasso, nem estão em condições de aguentarem com o consequente ónus politico associado a uma tentativa de boicote as negociações que Costa tem mantido à esquerda (LFM)
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