I - Apresento hoje
a declaração da minha candidatura a Presidente da República.
Esta candidatura é
indissociável de um colectivo que a impulsiona e inseparável de uma memória
viva, de uma longa história de resistência e de projecto. Há uma memória
partilhada e vivida por tantos homens e tantas mulheres que não se resignam,
nem se renderam ao mal da resignação. Há uma longa marcha do sentido do
intolerável. Contrariando pretensos determinismos e diversas fatalidades,
existe uma imparável corrente de homens e de mulheres com a consciência de que
a História não pode ser parada. Muitas e inúmeras mãos querem a transformação
da História. Esse desassossego corresponde a um longo caminho de procura de
afirmação do humano, à construção de percursos concretos de libertação. É
porque reconheci, com a minha própria intervenção, que as causas e lutas de
cada um, por mais generosas e empenhadas que sejam, ganham mais força e sentido
material quando partilhadas colectivamente, que aqui cheguei a este espaço de
luta comum.
Assim, esta é a
nossa candidatura, a nossa, de uma extensa e funda energia transformadora. Esta
é, e será, a nossa candidatura a Presidente da República, a nossa, de um amplo
movimento vital para a libertação de todos e de cada um dos homens e de cada
uma das mulheres.
Este é um tempo em
que, no Mundo, cresce uma perversa desigualdade económica entre os indivíduos e
entre os países. Multiplica-se a degradação social. Acentuam-se as chagas
ambientais e agravam-se os problemas dos trabalhadores e alastra a pobreza,
tudo na decorrência directa do domínio absoluto dos grandes grupos económicos.
Deste modo, degrada-se a injusta ordem internacional assente na despótica
lógica dos mercados que, por cima dos Povos e dos Estados, se vai apropriando
de todas as decisões e escolhas, multiplicando focos de tensão e de guerra,
espalhando os terríveis flagelos das migrações forçadas e dos refugiados, do
desemprego, da fome e da miséria, que mergulham grande parte da Humanidade em
indizíveis carências e intoleráveis sofrimentos.
Este é um tempo em
que, em Portugal, depois de décadas de governação em confronto com os valores
de Abril, se aprofundam as injustiças sociais e a exploração, e medram a
corrupção e a concentração da riqueza. Conhecemos esta trajectória de
descaracterização do regime democrático, de ataque à soberania e independência
nacionais.
Este é um rumo
inaceitável.
Não podemos ficar
indiferentes ao acentuar do processo de regressão social, de acumulação e
polarização da riqueza. Não podemos aceitar a continuada alienação do
património público e a destruição da nossa estrutura produtiva. Não podemos
tolerar que se dissimulem os níveis dramáticos de desemprego, das gritantes
desigualdades sociais, de negação a milhões de Portugueses, em particular às
camadas jovens, da perspectiva de terem direito a condições de vida dignas e de
realizarem os seus projectos pessoais e profissionais no País que é seu.
Não nos podemos
resignar à actual subordinação de Portugal aos centros do capitalismo, expressa
pela União Europeia através de pactos e programas que só agridem as condições
de vida dos Portugueses e comprometem o futuro do País.
Este é um caminho
inaceitável.
Não podemos
aceitar que Portugal deixe de ser senhor da sua própria História. A História
mostra-nos períodos vários de efectiva subordinação a terceiros das nossas
condições de decisão política. Nos nossos dias, o País está a ser saqueado e
destruído pelos especuladores, e os responsáveis pela governação decretaram a
subordinação de Portugal aos mercados, a subserviência ao grande capital
estrangeiro, a submissão à Troika, a subjugação aos especuladores e agiotas.
Este é um caminho
inaceitável.
O Presidente da
República, símbolo da unidade do Estado e da independência nacional, tem a
particular responsabilidade na defesa de uma estratégia capaz de nos garantir a
independência num mundo de grandes interdependências, em que os grandes poderes
e os grandes interesses tendem a impor hegemonias limitativas da soberania dos
Estados e da liberdade dos Povos.
Não podemos
capitular perante o intolerável ataque às funções sociais do Estado, face ao
corte no investimento público e à desagregação da Administração Pública. Não
podemos ser cúmplices do ataque ao Serviço Nacional de Saúde e à Escola
Pública. Não podemos aceitar a ofensiva contra o trabalho com direitos. Não
podemos pactuar com o corte nas prestações sociais, com o roubo aos rendimentos,
com a brutal injustiça fiscal, com o desemprego, a precariedade, a violação de
direitos, enquanto se refina a protecção e apoio ao grande capital, que não
pára de aumentar os seus colossais lucros.
Este é um caminho
inaceitável. Este não é o Portugal que a Constituição configura. Um outro
Portugal é possível e está nas nossas mãos alcançá-lo. E é em nome da luta por
esse futuro que assumo esta candidatura.
II - Quem acolhe o
grito dos pobres?
Quem, nesta
República, tem em conta os direitos fundamentais dos mais desfavorecidos? Quem
escuta o clamor dos excluídos deste mundo? Quem responde por milhões de pessoas
indefesas face aos “interesses do mercado divinizado, transformado em regra
absoluta”? Quem responde por tanta gente sacrificada pela desenfreada especulação
financeira? Quem acolhe o grito das vítimas dos poderes económicos e dos seus
interesses predominantes que arrasam tanta vida e a fonte da vida? Quem se
compromete com a justa causa daqueles que estão a ser sufocados pelo domínio
absoluto do lucro?
Existem práticas
de exploração, de injustiças e de rapina, benefícios que só a alguns poucos
aproveitam, formas de dominação em função do lucro, que são a raiz profunda da
desordem.
Urge encetar
caminhos novos. O sistema de injustiça precisa de ser substituído, com uma
viragem à altura das circunstâncias. O domínio despótico do poder financeiro, e
a sua perversa ordem, requer a tomada de decisões para inverter a desordem
estabelecida.
A injustiça não é
invencível!
Na Constituição do
nosso País, o Presidente da República não governa. Mas o Presidente da
República não poderá ser indiferente às carências que os Portugueses sofrem,
não poderá ser insensível à exploração que a pobreza comporta, não pode fechar
os olhos aos dramas de milhões de pobres, ao desânimo e à desesperança de cada
rosto, e de tantos rostos relegados para o silêncio das margens, expulsos,
neste País, para as ultraperiferias sociais.
Como Presidente da
República, estarei sempre ao lado dos que defendem a Justiça Social. Como
Presidente da República, lutarei contra a injustiça. Tanto no exercício de
poderes de decisão, como no uso do diálogo e da palavra, assumo e assumirei o
compromisso da opção preferencial pelos mais pobres, pelos explorados. Não é um
compromisso de agora. É um compromisso que tem orientado toda a minha vida.
III - Quem atende
ao clamor dos trabalhadores deste País?
Quem, em nome da
República, dá expressão aos interesses dos trabalhadores e aos seus direitos no
emprego? Quem responde por milhares de desempregados e pelas condições de vida
e de trabalho?
Quando o grande
patronato aumenta o seu poder sobre os trabalhadores, generalizam-se as formas
de precariedade no trabalho, é brutal a violência do ataque aos direitos
laborais, aumenta a exploração e a liquidação de direitos e conquistas - como
se verifica em relação ao direito à contratação colectiva. Desvalorizam-se os
salários e cresce a insegurança na vida de quem vive do trabalho e do seu
salário. Desregulam-se horários, rouba-se o direito ao lazer e à família,
precariza-se a organização da vida de centenas de milhares de trabalhadores.
Nestes nossos dias, há uma outra realidade inquietante, boa parte dos
trabalhadores vivem na pobreza. Para milhares de trabalhadores não basta que
tenham emprego para que se libertem da pobreza.
Como candidato a
Presidente da República e como Presidente da República, defenderei um outro
rumo para Portugal que comporte a valorização do trabalho e dos trabalhadores,
de afirmação dos seus direitos, que combata a precariedade e o desemprego, um
rumo que tenha no aumento dos salários, na elevação do poder de compra, um
factor decisivo de justiça social e de contribuição incontornável para reduzir
as desigualdades na distribuição do rendimento.
IV - Quem, nesta
República, ouve o clamor da Terra? Quem acolhe o grito da Natureza? Quem
responde pelos danos humanos e ambientais, como o das aldeias sem vida, da
desflorestação, dos fogos florestais, dos mares e dos rios poluídos, da
destruição das fontes de água doce e dos obstáculos ao fundamental acesso à
água potável e pública? Quem escuta as vítimas do actual modelo de
desenvolvimento, produção e consumo? Quem assume responsabilidades pelas
nocivas alterações dos ecossistemas e pela perda da biodiversidade?
Há o mito do
progresso, a sacralização dos mercados, apostando num ganho imediato, uma
lógica férrea, uma lógica de dominação, que se invoca omnipotente, de certos
interesses económicos sobre a Natureza, deixando um rasto de danos humanos e
ambientais.
Para uma
responsável utilização dos recursos nacionais, o Estado não se pode demitir das
obrigações de planificar, coordenar, vigiar e sancionar, tal como prevê o texto
constitucional.
Na Constituição da
República, o Presidente da República não governa, mas não renuncia à sua
cidadania e, muito menos, aos deveres de defesa do interesse nacional. Está,
por isso, obrigado, também nesta área, ao dever de incentivar boas práticas,
promover a busca de novos caminhos, estimular iniciativas, projectos e
políticas alternativas.
V - O Presidente
da República tem um papel determinante na percepção pública de aspectos
essenciais da evolução da situação nacional. O seu enquadramento no contexto do
regime democrático constitucional, a responsabilidade acrescida que resulta da
sua eleição directa apontam para uma intervenção política e institucionalmente
activa. O respeito pelos outros órgãos de soberania e a salvaguarda da
interdependência de poderes que a Constituição define, obrigam a que o
Presidente da República, quer recorrendo aos poderes de decisão que lhe são
constitucionalmente conferidos, quer sabendo usar os seus poderes de
influência, tem tarefas inalienáveis e está incumbido de deveres indeclináveis.
O Presidente da
República não pode deixar, no âmbito das suas competências e responsabilidades
próprias, de defender a mobilização do Povo Português na busca de um outro rumo
de desenvolvimento.
E é neste sentido
que consideramos que os poderes do Presidente da República podem e devem ser
usados ao serviço da ruptura com o rumo das últimas décadas.
Se é verdade que o
Presidente da República não é governo, no entanto, deve actuar no quadro das
funções que a Constituição lhe confere, usando os seus poderes para determinar
a mudança, para influenciar um rumo de desenvolvimento, justiça e progresso
social para Portugal.
Esta candidatura
que assumo exprime essa exigência de uma profunda ruptura e de viragem em
relação às orientações políticas que tanta desordem e tanta regressão impuseram
ao nosso País.
Esta é uma
candidatura que afirma que há um outro rumo e uma outra política capazes de
responder aos problemas de Portugal.
Esta candidatura
está comprometida com os valores de Abril, para impulsionar o caminho do
desenvolvimento, da Justiça e do progresso social, da soberania e independência
nacionais.
Esta candidatura
está vinculada, inabalavelmente, ao projecto de Abril, inscrito na Constituição
da República Portuguesa, que comemora, em breve, o seu 40.º aniversário, que
incorpora uma base programática e constitui uma plataforma política capaz de
unir os Portugueses no abrir das novas avenidas de esperança e de futuro para
Portugal.
VI - A candidatura
que hoje apresento compromete-se, enquanto opção fundamental, com as seguintes
10 grandes linhas de actuação:
1. Defender,
cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa.
Questão central
dos tempos que vivemos é o empenhamento na defesa da Constituição da República.
Defesa contra a sua constante violação e o desrespeito pelo que ela contém de
positivo, e muito é, mas igualmente contra a permanente ameaça e os projectos
latentes para a sua liquidação definitiva.
É na Lei
fundamental, e no respeito e efectivação dos seus princípios e normas, que se
podem e devem encontrar as saídas para a dramática situação com que o País está
confrontado.
A lei
constitucional ratifica e acolhe o inapagável acervo de conquistas e valores
desse momento maior da história de Portugal que foi a Revolução de Abril. Podia
não ter sido assim. Mas foi de facto assim, e esse facto deve ser reconhecido
se queremos honrar a memória histórica, ou seja, a memória viva do Povo
português.
Por isso, a
exigência do cumprimento e respeito pela Constituição tornou-se um factor
crucial na defesa do regime democrático, um referencial para qualquer política
que se assuma como patriótica e de esquerda. E também por isso, numa situação
politica particularmente grave e muito perigosa, a unidade e convergência dos
trabalhadores, dos patriotas, dos homens e mulheres democratas em torno da sua
defesa deve constituir um imperativo, bem assim como a afirmação de uma
política alternativa que respeite os valores de Abril.
2. Defender e
aprofundar o regime democrático.
A República
Portuguesa é definida no artigo 2.º da Constituição como “um Estado de direito
democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e
organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos
direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de
poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o
aprofundamento da democracia participativa”. Seguramente que ninguém encontrará
muitas semelhanças entre esta definição e o panorama actual da sociedade
portuguesa.
Existem em muitos
aspectos da realidade presente desfiguramentos e retrocessos, e uma clara
degradação do regime e da ética democráticas a que é necessário dar resposta.
A alternativa à
democracia existente é mais e melhor Democracia.
A afirmação de um
Portugal livre e democrático constitui um objectivo que exige a defesa do
regime democrático, o respeito pela separação dos poderes, uma justiça
independente, democrática, acessível e igual para todos, o combate decidido à
corrupção e ao crime económico, o combate à promiscuidade entre o poder
político e económico. A par de uma política de Defesa Nacional ao serviço da
soberania e independência nacionais, que garanta o respeito pelo princípio
constitucional de separação entre Forças Armadas e segurança interna e uma
política de segurança pública que defenda os direitos dos cidadãos e a
tranquilidade pública.
A minha
candidatura defende o aprofundamento da Democracia como um factor
imprescindível de desenvolvimento e transformação, vê na participação
democrática dos cidadãos em todos os planos da vida colectiva, e na defesa dos
direitos, liberdades e garantias, constitucionalmente consagrados, uma pedra
angular do reforço, do enraizamento e do aprofundamento do regime democrático.
3. Defender os
direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores.
A degradação do
regime democrático é inseparável de uma intensa e prolongada ofensiva contra os
direitos económicos, sociais e culturais dos trabalhadores, e de uma
persistente desvalorização do trabalho.
Se a Constituição
da República Portuguesa reconhece um amplo leque de direitos, liberdades e
garantias aos trabalhadores, no plano individual e no plano colectivo, fá-lo no
quadro do reconhecimento de que esses direitos constituem não apenas um
elemento estruturante do regime democrático, mas também que o seu exercício é
parte integrante do seu desenvolvimento, e do desenvolvimento económico e
social do País.
Comprometo-me,
pois, a tudo fazer quanto à salvaguarda da “Constituição Laboral”, naquele que
é o capítulo sobre os direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores.
4. Defender os
direitos sociais.
Os direitos – que
a Constituição consagra para todos – à saúde e à protecção social, à cultura, à
educação e ao ensino, o acesso ao direito e aos tribunais, nomeadamente, são
crescentemente negados.
O Estado tem hoje
um papel muito limitado na promoção do acesso à habitação. As famílias são
afectadas por múltiplas formas, do desemprego e da precariedade à carência de
apoios sociais, à altíssima taxa de dependência dos jovens e às dificuldades
que defrontam para conseguir uma vida independente. Sobre as mulheres, as primeiras
a ser atingidas pelos despedimentos, recaem as consequências da ausência de
apoios, nomeadamente à maternidade e à primeira infância. Está ausente uma
política de apoio aos cidadãos portadores de deficiência. Mantém-se por
realizar uma política de integração social, económica e cultural dos
imigrantes. E a pretexto de que a base de defesa dos direitos sociais se
encontra em crise, a política de direita descapitaliza a Segurança Social e
favorece as seguradoras e os fundos de pensões privados, altera de forma
injusta e desumana a idade da reforma, penaliza ainda mais os desempregados e
os jovens à procura de primeiro emprego, mantém em condições de pobreza extrema
a grande massa dos reformados, pensionistas e idosos.
Estas políticas
violam tão frontalmente direitos sociais elementares, atingem tão duramente uma
tão grande massa de Portugueses e Portuguesas, entre os mais desprotegidos e
pobres, constituem uma tão implacável violência social, que nenhum responsável
político, e muito menos um Presidente da República, lhes poderá ser
indiferente.
5. Promover o
crescimento económico e o desenvolvimento.
Ao arrepio das
incumbências constitucionais (nomeadamente as contidas nos artigos 80.º e
81.º), através das privatizações e dos compromissos assumidos no quadro da
integração europeia, foram subtraídas ao Estado alavancas essenciais de
intervenção e regulação, e de concretização de políticas capazes de promover um
desenvolvimento equilibrado.
Defendo que um
outro Portugal é possível. Com uma economia mista que defenda os recursos e a
produção nacional e o emprego, que promova a ciência e a tecnologia, que
desenvolva e modernize as capacidades produtivas nacionais, que desenvolva a
economia do mar e apoie os pescadores, apoie e incentive as micro, pequenas e
médias empresas. Com uma perspectiva de desenvolvimento que não abandone o
interior, que apoie os pequenos e médios agricultores, nem promova uma
desequilibrada concentração de populações, equipamentos, actividades e serviços
em áreas desordenadas e entregues à especulação imobiliária. Com um modelo de
desenvolvimento que não hipoteque, nem degrade, nem mercantilize os valores
ambientais e naturais, mas que os salvaguarde e garanta a sua sustentabilidade.
E enfrentando decididamente os constrangimentos externos que dificultam e
impedem o desenvolvimento soberano de Portugal.
6. Lutar contra a
exclusão social e pela erradicação da pobreza.
Não olhamos a
pobreza e os pobres em Portugal ao nível da crítica moral ou da superficial
denúncia ética, mas ao nível da economia política. Os pobres e a pobreza são
uma realidade estruturalmente enraizada na forma como se organiza determinado
desenvolvimento. A pobreza não é apenas consequência das contradições de
algumas más vontades individuais, mas das contradições estruturais da
organização económica.
Portugal apresenta
dos maiores índices de pobreza da Europa. As políticas dos últimos anos
agravaram ainda mais as desigualdades sociais e a pobreza. Um modelo económico
assente em baixos salários e em baixos níveis de qualificação, a crescente
desresponsabilização do Estado das suas funções sociais, o forte agravamento do
desemprego, a contenção dos rendimentos, os cortes nas pensões e salários,
somados à redução dos apoios sociais, provocaram danos profundos que
comprometem o futuro do País e da nossa vida em comum.
Comprometo-me com
a causa da libertação das amarras da pobreza, encarando-a como dever do
Presidente da República, na imperiosa tarefa de intervenção na defesa dos
direitos humanos, na promoção de uma sociedade democrática assente nos valores
da dignidade humana, da Justiça Social e da responsabilidade colectiva.
7. Garantir toda a
prioridade às crianças e combater o crime da pobreza infantil.
Vivem-se hoje dias
de retrocesso objectivo na garantia e cumprimentos dos direitos das crianças.
As crianças são
uma das principais vítimas da crise, ou seja, das políticas dos governos e da
União Europeia para lançar dinheiro para os bancos e acumular lucros, atirando
milhares de crianças na pobreza.
As causas são: a
diminuição dos montantes e a abrangência das prestações sociais como o Abono de
Família, a Acção Social Escolar, os Subsídios Sociais de Parentalidade, o
Rendimento Social de Inserção e o Subsídio Social de Desemprego. Entre 2009 e
2012, o Governo Português retirou a 30% das crianças um dos seus direitos
intrínsecos – o direito ao Abono de Família. A falta de resposta séria de
políticas dirigidas à atenuação do risco de pobreza e exclusão social
expressa-se na clara fragilidade e vulnerabilidade das crianças portuguesas.
Os impactos desta
situação no futuro das crianças, e no futuro do País, são imprevisíveis e podem
ser mesmo, para muitas, irreversíveis.
Comprometo-me com
esta justa causa, que não é de hoje, a qual, em última instância, visa uma
outra cultura dos direitos.
8. Afirmar um
Estado participado e descentralizado, no respeito pelo seu carácter unitário.
A afirmação das
autonomias regionais, a defesa e valorização do poder local democrático e a
regionalização administrativa, constituem elementos insubstituíveis da
organização democrática do Estado.
É preciso defender
a Autonomia, reedificar o edifício autonómico, tornando-o leal às aspirações
das populações e fazendo dele o reflexo dos ideais que, durante séculos,
nortearam as lutas dos Povos insulares, lutas essas que tiveram expressão em
1976, na Constituição da República Portuguesa, com o reconhecimento do direito
à autonomia político-administrativa dos Açores e da Madeira.
É preciso inverter
o processo de ataque e desfiguração do poder local democrático, e reconduzi-lo
por via das condições que lhe são devidas de autonomia administrativa e
financeira ao papel que são chamadas a preencher na promoção das condições de
vida, na coesão territorial e na dinamização da actividade económica das
comunidades locais.
Comprometo-me a
defender uma política determinada pela valorização do poder local democrático,
pela criação das regiões administrativas, como determina a Constituição, e em
favor das regiões insulares distantes pela vitalização da Autonomia e pelo
aperfeiçoamento dos instrumentos adequados ao seu aprofundamento.
9. Atender à
diáspora portuguesa.
As comunidades
portuguesas constituem um vector estratégico para a afirmação e projecção de
Portugal no mundo.
Nos últimos anos,
as políticas praticadas pelos vários governos ficaram marcadas pela aplicação
de medidas lesivas tanto dos interesses e direitos das comunidades portuguesas
como dos interesses nacionais. Do encerramento de consulados à ausência de
acções diplomáticas que respondam aos inúmeros casos de pobreza que atingem
muitos compatriotas, foram políticas sem justificação à luz de nenhum critério
que não seja o de discriminar, castigando quem já tem de ultrapassar tantas
vicissitudes, e que ademais são potenciadoras do definhamento dos laços
identitários da comunidade portuguesa com Portugal.
Comprometo-me,
entre outros objectivos, a promover a participação cívica e política e o
diálogo com as estruturas representativas da Diáspora e a respeitar a autonomia
e a legitimidade institucional do Conselho das Comunidades Portuguesas.
10. Defender a
independência nacional.
Intensificou-se o
ataque à democracia e à soberania nacional. Os Portugueses têm sido
expropriados do seu poder soberano de decisão sobre as questões essenciais da
vida do País. São cada vez mais as decisões transferidas para estruturas
supranacionais em colisão com a Constituição da República. Sucessivos governos,
do PS, do PSD e do CDS, têm assumido como legítima a intervenção estrangeira
sobre o País, esvaziando e amputando o regime democrático e a soberania
nacional.
É tempo de virar a
página.
A ruptura com a
dependência e subordinação externas - nas suas variadas expressões, dimensões e
domínios de política de Estado – constitui uma condição crucial para a
afirmação da independência e soberania nacionais.
Aqui me comprometo
com políticas que recusem a submissão do País a ditames e políticas
atentatórios dos direitos e interesses do Povo português e da democracia, com
políticas que confiem na força e capacidades do Povo para recuperar para Portugal
os instrumentos de soberania necessários ao progresso e desenvolvimento do
País.
Aqui me
comprometo, tendo como referência o artigo 7º da CRP, a intervir no âmbito dos
poderes presidenciais, a que Portugal pratique uma politica diversificada de
relações internacionais de paz, amizade e cooperação com todos os Povos.
VII - Com esta
candidatura assumo plenamente o exercício de todos os direitos, desde a
apresentação até ao voto, e afirmo a total disponibilidade para exercer as
funções que o Povo Português entenda atribuir-me nesta eleição.
Com toda a
confiança esta minha, e nossa, candidatura irá avançar por todo o País.
Como candidato ou
como Presidente da República defenderei, intransigentemente, os ideais
libertadores de Abril, a nossa Constituição da República e o regime democrático
que ela consagra e projecta.
Viva a Liberdade e
a democracia!
Viva o 25 de
Abril!
Viva Portugal! (fonte: PCP)
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