domingo, outubro 18, 2015

Luis Miguel Rosa deverá ser um dos braços-direitos de Barreto e Ricardo Vieira vai defender que o CDS debate o futuro e não se limite a uma mudança de liderança

O dirigente do CDS, Luís Miguel Rosa, jurista e membro dos centristas na Assembleia Municipal do Funchal - conhecido também pela participação no programa prolongamento da RTP-Madeira dadas as suas ligações ao Marítimo - deverá ser "puxado" por Rui  Barreto para uma posição de destaque na sua candidatura à liderança do partido. Embora nenhuma decisão tenha sido tomada, admite-se que Rosa possa ser um dos vice-presidentes do partido apesar de haver quem me tivesse confidenciado que ele "tem todas as condições para ser o candidato a secretário-geral" de Rui Barreto, substituindo o deputado Lino Abreu que não está disponível a  continuar no exercício de cargos partidários e se encontra agastado com a evolução de um recente processo judicial que contra ele foi instaurado.
Também a antiga deputada e Presidente da Juventude Centrista, Luísa Gouveia, psicóloga, parece ter um lugar reservado na futura comissão política que Rui Barreto necessariamente terá que apresentar quando formalizar a sua candidatura. Luísa Gouveia é considerada uma peça fundamental na mobilização dos sectores mais jovens do partido, entre os quais garantem-me desfrutar de assinalável popularidade.
Rui Barreto parecer apostado em recuperar alguns quadros ligados ao CDS e que não têm neste momento qualquer actividade política, sendo certo que a primeira prioridade, depois da sua eleição - caso se confirme a candidatura e eleição para a liderança - serão as eleições autárquicas de 2017, antes das regionais de 2019.
Barreto tem confidenciado em círculos próximos muito restritos que pretende ter o partido organizado e pacificamente "montado" - o Congresso deverá ser marcado para 12 e 13 de Dezembro - na expectativa até de uma evolução da situação política nacional que implique novas eleições legislativas já em 2016.
Embora Rui Barreto tenha decidido adoptar uma estratégia muito reservada sobre o que vai fazer e como vai fazer - limitando-se a dar algumas indicações como fez recentemente em texto de opinião publicado no DN-Madeira - sabe-se que não pretende envolver-se em disputas internas que enfraqueçam ainda mais o CDS e que não estará disponível para ser apenas um líder novo eleitos em condições muito concertas. Barreto acha que o CDS precisa, depois de José Manuel Rodrigues, de entrar num novo ciclo o que necessariamente implicará alguns protagonistas novos.
A comunicação é importante
Nesta dança de nomes sabe-se ainda pouco ou quase nada de concreto. Mas aceitando como normal alguma especulação associada a indicações que timidamente vão sendo dadas por Barreto, sabe-se que na perspectiva dele a comunicação social é uma área importante na qual o CDS deverá continuar a apostar, porventura de uma outra forma, por exemplo envolvendo mais os eleitos e dirigentes e não apenas apostar na lógica institucional. Nessa perspectiva António Jorge Pinto, jornalista, candidato ao  CDS nas autárquicas de 2013 e promovido a dirigente regional por JMR no último congresso regional, deverá ser um potencial candidato a integrar a comissão política e ter um papel importante neste domínio. Gonçalo Santos, antigo assessor parlamentar do CDS, antigo jornalista e que se encontra presentemente no estrangeiro a trabalhar numa empresa de consultoria, é também apontado como um possível regresso à estrutura regional do CDS que poderá apresentar uma novidade.
Secretariado?
Embora sem confirmação foi-me garantido que Rui Barreto, caso formalize a candidatura à liderança do CDS-M estaria disposto a instituir a criação de um secretariado regional do partido, órgão a quem caberá a responsabilidade pela gestão quotidiana do CDS, libertando a comissão política para outras tarefas mais consentâneas com as suas responsabilidades. Este secretariado seria liderado pelo Secretário-Geral  e dele poderão fazer parte, para além do líder da JP - por inerência - mais 3 ou 4 membros escolhidos pelo SG e não eleitos em Congresso. Se a aposta for nesse sentido Luís Rosa poderá ser, definitivamente, o candidato de Rui Barreto ao cargo.
JMR em silêncio absoluto
José Manuel Rodrigues, depois da derrota eleitoral de 4 de Outubro e da demissão da liderança do CDS, remeteu-se a um silêncio absoluto, não mantendo qualquer contacto com outros dirigentes centristas.
No CDS-Madeira há um desconhecimento quase absoluto das intenções de Rodrigues - que ficou agastado com os resultados por entender que foram imerecidos - e apesar de assumir a responsabilidade total pelo desaire, confidencia que terão sido cometidos erros, particularmente de discurso político adoptado e cénicos, que deram do partido uma outra imagem que não correspondia, como se constatou, à realidade. Perda de 12 mil votos, passagem a 4ª força política nas legislativas - apesar de continuar a ser o partido que lidera a oposição regional - são o resultado, segundo alguns dirigentes do CDS, do erro de ter desvalorizado o impacto negativo da governação nacional no CDS regional, e elaboração do consequente plano B. Aliás, dizem, o PSD ao perder mais de 20 mil votos e 1 deputado foi também vítima desse impacto que conseguiu conter por ser o partido maioritário e se encontrar ainda numa espécie de "estado de graça" associado à liderança de um novo protagonista. O impacto da lista no resultado eleitoral do PSD foi também abordado e admitido pelo CDS que, segundo alguns dirigentes, deveria ter apostado numa outra orientação para capitalizar a seu favor os efeitos previsíveis da pouco força política e eleitoral dos candidatos laranjas e não o fez.
O silêncio de JMR impede que se possa perspectivar qual será a sua decisão, mas fontes próximas do ainda presidente do partido - que admitem possa não comparecer ao Congresso Regional para não condicionar os trabalhos, embora haja quem entende que JMR deve ir, fazer uma intervenção inicial de balanço, falando "de tudo, sem condicionalismos" e depois sair - asseguram que JMR se prepara para abandonar todos os cargos, incluindo o de deputado regional e de membro do elenco da Câmara do Funchal.
Crítiucas
Embora não tenha referido nada, uma fonte muito próxima de JMR e da sua amizade pessoal, garantiu-me que o ainda presidente do CDS está agastado com o facto de ter sido obrigado a realizar uma campanha eleitoral centrada na sua pessoa - o que acelerou a demissão depois do desaire - e que muitos dirigentes regionais, incluindo deputados, se limitaram a marcar presença nalguns eventos públicos, sem que tivessem tido uma lógica de envolvimento, com convicção, na campanha.
Desconheço se isso foi assim ou não. De facto - outra das críticas que sei que são feitas a JMR e que ele acabou por aceitar embora sem o assumir publicamente - tem a ver com a lógica elitista da lista, com uma acentuada imposição de uma visão urbana (funchalense) restrita o que provavelmente distanciou o partido de sectores eleitorais flutuantes, descomprometidos, que tanto deram ao CDS quase 20 mil votos, como o colocaram na fasquia dos 7 mil. Ou seja, JMR reconhece que cometeu o erro que não alargar mais o campo de selecção dos dirigentes e candidatos a deputados a outros concelhos rurais e que deveria ter pressionado mais essa componente.
Uma das apostas de JMR que causou estupefacção no partido e foram contestadas fortemente pela surdina teve a ver com a inclusão do médico Mário Pereira, que apareceu ligado a CDS apenas pouco antes das regionais de 2011 e depois de ter protagonizado alguns problemas com a estrutura dirigente do SESARAM de então e que não constitui, garantem essas pessoas afectas ao CDS, qualquer mais-valia eleitoral.
Veja-se como foi constituída  a lista de candidatos do CDS nestas legislativas-2015:
- José Manuel Rodrigues, deputado regional, líder do partido
- Margarida Maria Ferreira Diogo Dias Pocinho, docente universitária UMa e também militante recente do partido
- Mário Jorge de Sousa Pereira, deputado regional e médico
- Martinho Gouveia da Câmara, antigo deputado regional
- Diana Belinda Barradas Dinis, socióloga, dirigente de associações de solidariedade social, voluntária em Câmara de Lobos e que poderá um dos novos rostos do CDS pós-JMR.
- Ricardo Manuel Jardim Teixeira, Presidente da Junta de Freguesia de Santana.
JMR convidado e Vieira longe
De acordo com as minhas fontes, conhecedoras privilegiadas da realidade interna do CDS mas que não ousam dar como adquiridas estas informações, José Manuel Rodrigues poderá ser convidado por Rui Barreto para liderar o Conselho Regional. Contudo, dizem-me, é mais do que provável que JMR não aceite o convite de Barreto que assentaria na lógica de que é preciso dar uma ideia concreta e prática de unidade do CDS e que JMR não pode ser o único sacrificado na praça pública pelos mais resultados do partido a 4 de Outubro.
Ricardo Vieira, antigo líder do partido e que regressou à política com JMR, tendo sido eleito nas regionais de Março passado - o advogado não esconde que aceitou apenas depois das mudanças ocorridas no PSD - e que alguns apontam como interessado no regresso à liderança do CDS-M nega tal hipótese embora esteja a ultimar uma moção de estratégia muito pessoal que, segundo pessoas próximas do advogado e deputado regional, pretende colocar em cima da mesa várias questões importantes para a reflexão do partido e que estão sobretudo voltadas para o futuro, para o que é preciso fazer para que o CDS se prepare para um novo ciclo. Ou seja, Ricardo Vieira quer apostar mais no suscitar do debate e envolver-se nele de forma activa, do que disputar a liderança ou constituir um atrapalho seja a quem for. Neste quadro, refira-se que Barreto é adepto da necessidade das estruturas de base do  CDS partirem, logo depois do congresso, para uma vasta recolha de novas adesões, alargando a sua base de apoio mas preparando assim o partido para as autárquicas de 2017 e para as mudanças que necessariamente terão que ser feitas.

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