Caixa, BCP, Santander Totta, novobanco e BPI apresentaram lucros de 3.877 milhões nos primeiros meses do ano. Crédito e depósitos subiram, mas comissões não ficaram atrás. Os cinco maiores bancos a operar em Portugal – Caixa Geral de Depósitos, BCP, BPI, Santander Totta e novobanco – apresentaram um resultado líquido de 3.877 milhões de euros até setembro. Feitas as contas dá mais de 14,2 milhões de euros por dia. A Caixa Geral de Depósitos (CGD) voltou a bater recordes, mesmo num cenário de descida das taxas de juro que está a penalizar a margem financeira da maioria das instituições do setor. Nos primeiros nove meses, o banco registou um lucro de 1,4 mil milhões de euros, um aumento de 2,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Só a atividade doméstica foi responsável por 1,29 mil milhões de euros do resultado líquido consolidado, enquanto a atividade internacional contribuiu com 106 milhões de euros.
A margem financeira caiu quase 10% milhões de euros para 1,91 mil milhões. Já o volume de negócios cresceu 10 mil milhões em Portugal face a setembro de 2024, atingindo 172 mil milhões de euros na atividade consolidada penalizada.
Por seu turno, as comissões estabilizaram nos 440 milhões de euros, apesar de o volume de negócios ter crescido 10%, segundo o banco liderado por Paulo Macedo. Os recursos totais permaneceram acima de 100 mil milhões, crescendo 5 mil milhões face a setembro 2024, «reforçando a liderança nos depósitos e nos produtos fora de balanço». Os custos de estrutura recorrentes registaram um acréscimo de 34 milhões de euros (+5%) face a igual período do ano passado. Por sua vez, os custos com pessoal recorrentes estabilizaram face ao período homólogo, evidenciando uma gestão eficiente de tecnologia e recursos humanos.
Em 2024 e 2025, a Caixa já pagou ao Estado mais de 1,5 mil milhões de IRC e irá ainda entregar cerca de 200 milhões em pagamentos por conta de IRC do atual exercício, superando os 1,75 mil milhões. Já o BCP foi, dos privados, aquele que apresentou o maior resultado referente a estes primeiros nove meses do ano, ao ver o lucro fixar-se em 775,9 milhões de euros, um aumento de 8,7% face a igual período do ano passado. A operação em Portugal subiu 8% para 654,5 milhões de euros, já as operações internacionais aumentaram quase 20%, atingindo os 230,7 milhões. «Têm sido nove meses complexos, com um enquadramento mais complexo do que tínhamos antecipado, marcado pela incerteza de duas guerras. Apesar de tudo, o banco tem vindo, trimestre após trimestre, a apresentar uma evolução muito favorável», disse o CEO Miguel Maya.
A margem financeira (diferença entre juros cobrados no crédito e juros pagos nos depósitos) subiu 2,6% para 2.166,6 milhões, enquanto as comissões (líquidas) cresceram 4% para 628,8 milhões de euros. Os custos operacionais do banco subiram mais de 9% para 1.032,5 milhões de euros com os custos com pessoal a atingiram o 575,3 milhões, um aumento face aos 522,7 milhões de euros registados em igual período do ano passado. O BCP fechou os nove meses com menos 51 trabalhadores (6.224) e com menos três sucursais (394) no mercado nacional.
Já o Santander Totta registou uma queda de 6,4% nos lucros, atingindo os 728,2 milhões de euros. De acordo com o banco ainda liderado por Pedro Castro Almeida, esta queda continua «a refletir o ciclo de descida das taxas de juro implementado pelo BCE, e que se traduziu na descida da taxa de depósito em 150 pontos base, para 2%, por sua vez transmitida à carteira de crédito».
A margem financeira recuou 17,3% para 1.029,5 milhões de euros. Nos primeiros nove meses, as comissões aumentaram 5,9% para 365,2 milhões de euros, uma subida atribuída ao crescimento da base de clientes. Por seu lado, os custos operacionais recuaram 0,4% para 388,4 milhões de euros, fruto do aumento da oferta através dos canais digitais e da simplificação de processos. A carteira de crédito cresceu 7,3% junto de particulares e 10,7% junto de empresas e instituições para, respetivamente, 26.976 milhões de euros e 25.187 milhões de euros.
Até setembro, o banco contava com 4.674 (mais 94) e 327 balcões (menos dois face a igual período do ano passado).
Venda em marcha
Praticamente inalterado ficou o resultado do novobanco face ao período homólogo ao lucrar 610,5 milhões de euros até ao final de setembro. «Os resultados dos primeiros nove meses de 2025 reforçam a robustez do nosso modelo de negócio e mantêm-nos alinhados com os objetivos estabelecidos para o ano», disse o CEO, Mark Bourke, acrescentando que o banco continua a executar o plano estratégico «com disciplina».
A margem financeira totalizou 829 milhões, enquanto o s recursos totais dos clientes aumentaram 7,9%, para 45,9 milhões de euros, com os depósitos a somarem 3,8%, para 30,9 milhões. Quanto aos empréstimos, a carteira de crédito a empresas subiu 14.430 milhões, já o crédito a particulares aumentou para 12.917 milhões. As comissões cresceram 10,7% para mais de 266 milhões.
Nos primeiros nove meses, a instituição financeira registou um incremento de 5% nos custos, face ao período homólogo, ascendendo a 384,2 milhões, em que parte deste agravamento está relacionado com o aumento dos custos com pessoal, que superaram a média de 2024 em 7,4%.
Até ao final de setembro, o grupo novobanco tinha 4.111 colaboradores (menos 84 colaboradores vs dezembro de 2024: 4 195) e 289 balcões (menos um relação a dezembro do ano passado).
A instituição financeira deixou ainda uma palavra em relação à venda do banco: «A operação com o Grupo BPCE segue o curso normal nos processos regulatórios, com ambas as partes focadas na conclusão da transação esperada para a primeira metade de 2026. Esta operação irá reforçar a nossa capacidade de inovar, crescer e apoiar as famílias e empresas portuguesas».
Uma garantia que surgiu depois de ter sido assinado o acordo entre o Ministério das Finanças e o Fundo de Resolução com o grupo BPCE (Banque Populaire et Caisse d’Epargne) e a Nani Holdings, acionista maioritário do novobanco para a venda das participações minoritárias detidas na instituição: 11,5% pelo Estado Português e 13,5% pelo Fundo de Resolução. Um negócio realizado no mesmo dia em que o banco foi alvo de buscas da PJ.
Já o BPI registou lucros de 389 milhões de euros até setembro, uma quebra de 12% quando comparado com o mesmo período do ano passado. Só em Portugal, a atividade caiu 5% em termos homólogos, para 362 milhões de euros. «O BPI continua a apresentar um crescimento consistente do volume de negócios, sustentado pela nossa dinâmica comercial e pelo bom desempenho da economia portuguesa. Após o impacto da descida acentuada das taxas de juro, assistimos agora a uma estabilização da margem financeira na variação trimestral», explicou o CEO João Pedro Oliveira e Costa.
A margem financeira recuou 11%, para 657 milhões de euros. O produto bancário recuou 9%, para 914 milhões de euros, tendo as comissões líquidas baixado 7% para 227 milhões de euros. Já a carteira de crédito, em termos brutos, aumentou 8% em termos homólogos, enquanto os custos de estrutura aumentaram 2% para 383 milhões de euros. Só os custos com pessoal fixaram-se nos 191 milhões de euros. O número de colaboradores do BPI aumentou para 4.430 no final de setembro de 2025, mais 175 do que no ano passado.
Queda de resultados
No campeonato dos mais pequenos, o Montepio apresentou um lucro de 86,4 milhões de euros até setembro, o que representa uma quebra de 10,1% face a igual período do ano passado. A margem financeira da instituição financeira liderada por Pedro Leitão fixou-se nos 249,3 milhões de euros, uma descida de 15,8% face ao mesmo período do ano passado, «em consequência da normalização das taxas de juro no crédito a clientes e do aumento dos custos de financiamento, que foram parcialmente compensados pelo maior rendimento da carteira de títulos e pela gestão ativa de liquidez», disse em comunicado.
Os depósitos de clientes atingiram 15,7 mil milhões de euros (mais 8% em termos homólogos), enquanto o crédito a clientes (bruto) cresceu para 12,7 mil milhões de euros (mais 6,3%). Já as comissões líquidas totalizaram 98,3 milhões de euros, um aumento de 2,9% face aos 95,6 milhões registados no período homólogo de 2024. «Esta evolução foi determinada essencialmente pelo aumento da atividade, refletindo o dinamismo comercial e a expansão do negócio, uma vez que não se registaram aumentos materiais nas comissões praticadas», explicou (Sol, texto da jornalista Sónia Peres Pinto)

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