No passado dia 18 de Junho, muito antes do
40º Congresso do PSD, escrevi no meu blogue, com o titulo
"PSD-Madeira: E se Miguel Albuquerque for convidado a encabeçar a lista do
PSD às europeias de 2024?", o seguinte texto:
"É sabido que Luis Montenegro, novo líder do PSD, tem o seu primeiro desafio eleitoral nas europeias de 2024, prevendo eu que, depois do que aconteceu ao CDS, após as legislativas de Janeiro deste ano, cada partido concorrerá sozinho, sem coligações que pelos vistos estão longe de garantirem mais-valias eleitorais. Por isso Montenegro precisa de apresentar uma lista forte, reunindo pessoas politicamente conhecidas e experientes, com alguma renovação, embora não sejam as europeias que convidam a essa renovação, muito menos agora em que uma crise global não se compadece com "patos" em Bruxelas. Pelo contrário. Lembremos o que aconteceu ao PSD nas europeias de 2009 (ganhou), 2014 (derrota) e 2019 (derrota):
2009
PSD, 1.129.243 votos, 31,7%, 8 deputados
PS, 946.475 votos, 26,6%, 7 deputados
Bloco, 382.011 votos, 10,7%, 3 deputados
PCP, 379.707 votos, 10,7%, 2 deputados
CDS, 298.057 votos, 8,4%, 2 deputados
Votantes, 3.561.502 eleitores, 36,8%
2014
PS, 1.033.158 votos, 31,5%, 8 deputados
PSD-CDS, 909.932 votos, 27,7%, 7 deputados
PCP, 416.446 votos, 12,7%, 3 deputados
MPT, 234.603 votos, 7,1%, 2 deputados
Bloco, 149.628 votos, 4,6%, 1 deputado
Votantes, 3.283.610 eleitores, 33,8%
2019
PS, 1.106.345 votos, 33,4%, 9 deputados
PSD, 727.207 votos, 21,9%, 6 deputados
Bloco, 325.534 votos, 9,8%, 2 deputados
PCP, 228.157 votos, 6,9%, 2 deputados
CDS, 205.111 votos, 6,2%, 1 deputado
PAN, 168.501 votos, 5,1%, 1 deputado
Votantes, 3.314.423 eleitores, 30,7%
É perfeitamente possível que o Presidente do Governo
Regional possa ser a alternativa de Montenegro - que duvido queira ser
candidato ao PE - para liderar a lista social-democrata ou pelo menos ocupar um
dos dois primeiros lugares, até porque o político madeirense foi o mandatário
nacional da candidatura de Montenegro ao PSD. O Congresso social-democrata
daqui a alguns dias e o discurso que o Presidente do Governo Regional ali faça
- provavelmente deverá ser o mais importante de todos os discursos proferidos
até hoje em reuniões partidárias nacionais... - será muito importante na
abertura desse caminho.
Julgo que existem condições políticas e pessoais
para que esse cenário comece a adquirir alguma consistência. De acordo com
informações que discretamente fui obtendo hoje em Lisboa, nada impede que
Montenegro opte por Miguel Albuquerque e Jorge Moreira da Silva como os dois
primeiros nomes da lista europeia social-democrata em 2024.
Quadro difícil para o PSD-M
Mas trata-se de um quadro que coloca problemas ao
PSD-Madeira. Desde logo, se Albuquerque for mesmo a solução de Montenegro para
as europeias - este cenário só depende da decisão de Albuquerque que sabe que a
não ser em 2024 dificilmente terá outra oportunidade para um mandato europeu
que admito se encaixa no seu perfil político e pessoal - deixa de fazer sentido
que o actual líder do PSD-M seja candidato nas regionais de 2023 - que deverão
realizar-se em Outubro - para, sendo eleito, renunciar ao mandato pelo menos
até Janeiro de 2024, ano de realização das europeias em Junho.
Sendo assim, repito, estamos a falar de cenários
puramente especulativos por que embora o tema ainda não seja abordado
publicamente - o PSD aguarda pelo Congresso nacional que se vai realizar no
final de Junho - quem estaria em melhores condições para liderar a candidatura
laranja nas regionais de 2023 seria indiscutivelmente Pedro Calado, nº 2 do
partido, autarca do Funchal, líder da estrutura social-democrata funchalense.
O problema é que Calado garantiu no ano passado que
cumpriria o mandato na cidade, mas a verdade é que a ser confirmar este novo
cenário - e tenho a convicção absoluta que Albuquerque não rejeitaria um
mandato europeu de cinco anos ainda por cima numa altura em que se prevê
grandes mudanças na Europa e em que as exigências políticas dos eleitos serão
reforçadas, dados os problemas e persistências que se colocarão aos futuros
deputados, incluindo na defesa da ultraperiferia, algo que paulatinamente tem
vindo a ser esquecida por Bruxelas em nome de outras prioridades mais complexas
e mais recentes, comparativamente com o que acontecia no passado recente.
Qual a solução?
Se se confirmasse a candidatura de Miguel
Albuquerque em 2024, estamos perante uma realidade nova e o PSD-M teria que
resolver, e resolveria, fazendo avançar Pedro Calado para uma candidatura nas
regionais de 2023. O problema, outro problema, é que a CMF, perante a saída de
Calado - que facilmente explicaria aos eleitores do Funchal o que se passou e o
que obrigaria à sua saída da CMF - é que a edilidade funchalense ficaria
entregue, tudo leva a crer a uma "independente", Cristina Pedra,
vice-presidente, com poucas ou nenhumas ligações ao PSD-M o que certamente
colocaria problemas novos.
Isto é uma consequência da demagogia patética e
populista dos partidos que andam todos com a mania que esgotaram os seus
recursos humanos e precisam de ir à sociedade civil contratar pessoas sem
vínculos partidários para se candidatarem com a garantia de lugares elegíveis.
Não sendo assim, essas "vedetas" nunca assumem os lugares. O costume!
E depois dá-se isto. E não precisa ser uma situação destas, por que a qualquer
momento pode aparecer a qualquer momento um caso extremo que obrigue a
substituição de pessoas eleitas, acabando os partidos por ficar a braços com um
problema difícil que não esperavam, mas que a qualquer momento podia acontecer
Basicamente estamos a falar de um cenário potencial,
mesmo que seja ainda especulativo - estamos a dois anos das europeias - e que
as pessoas envolvidas recusam aceitar como plausível. Pessoalmente mantenho
este quadro com alta probabilidade, sabendo que tudo depende da vontade dos
protagonistas em aceitar as mudanças e sobretudo da decisão de Montenegro em
avançar com a candidatura de Albuquerque, que obviamente nunca poderia aceitar,
dadas as funções que hoje desempenha e o seu perfil político um dos dois
primeiros lugares na lista europeia. Julgo mesmo, é a minha opinião pessoal,
que com a hipótese Jorge Moreira da Silva o Presidente do Governo seria sempre
o cabeça de lista nessa lista europeia de 2024.
Poder sem ganhar as eleições
Há que ter presente, e o PSD-M precisa ter isso
presente, que depois do que aconteceu em 2015 na Assembleia da República com a
geringonça de esquerda, e nas últimas eleições regionais nos Açores, com a
geringonça de direita, podem os partidos conquistar o poder mesmo sem ganhar
eleições. Num regime parlamentar, como é o nosso, incluindo na Madeira e nos
Açores, o essencial deixou de ser a vitória eleitoral mas antes a eleição de
mandatos. E com a proliferação de novos partidos, os cenários político-parlamentares
de coligações alargaram-se, embora a estabilidade política e governativa esteja
nalguns casos longe de estar sempre garantida (LFM)".
Hoje depois do 40º Congresso fui à procura de dados
novos. E apurei, junto da mesma fonte que me soprou a possibilidade acima
referida, que nada mudou. Segundo ela "nada mudou. A única coisa que
obriga a mudanças, prende-se com a posição irredutível de Jorge Moreira da
Silva que tendo recusado qualquer convite de Montenegro para integrar os órgãos
nacionais do PSD, foi posto completamente de lado na hipótese de uma reforçada candidatura
europeia, quando crescem no PSD os que acham que Rangel, enquanto candidato
europeu, já se esgotou. A queda eleitoral do PSD com ele é disso exemplo, o que
exige mudança. Há contudo, quem ache que Rangel – que poderá ter-se aproximado
de Montenegro apenas a pensar na continuidade em 2024, poderá forçar a uma
continuidade tachista pelos corredores do PE. O que seria demasiado
surreal.
No caso concreto de Miguel Albuquerque - e abro uma janela
para garantir que me estou absolutamente nas tintas para o que pensam ou não
deste tema e para o que possa ou não decidir a seu tempo, e que isto fique
claro como água – sublinho apenas que os nomes aqui referenciados são cenários
pensados cenários mas não confirmados pelo que tudo depende, repito, tudo
depende apenas e só de dois factos: em primeiro lugar de Montenegro apostar no
líder madeirense para ter uma lista forte em 2024 e travar as derrotas do PSD
(recomendo que vejam o quadro de resultados…), escolhendo um político com
responsabilidades governativas na área social-democrata e, em, segundo lugar,
pela recusa de Miguel Albuquerque em troca a RAM, que terá eleições em Outubro
de 2023, por um projecto europeu em Junho de 2024, numa altura em que as
regiões e a ultraperiferia parecem estar a perder força e terreno numa Europa
cada vez mais centralizadora e em crise e com outras prioridades políticas e
económicas.
Pessoalmente acho que Albuquerque desejaria abraçar
um projecto parlamentar europeu de 5 anos que poderia até abrir portas na
política nacional do PSD. O problema é que havendo regionais em Outubro de 2023
e europeias em Junho de 204, a proximidade dos dois actos eleitorais “arruma”
Albuquerque porque nisso implica escolhas. Pelo que admito como plausível que o
líder do PSD madeirense fique arredado de uma candidatura europeia, mesmo que
seja esta a sua única oportunidade para tal. Na minha vida profissional,
apesar de não ser necessário lembrá-lo, nunca inventei nada. Ou tinha sempre alguma
segurança nas fontes e dava a notícias, ou não tinha. Podem não gostar, podem
incomodar-se por ser incómoda, podem desmentir, mas a verdade é que esta
hipótese, repito, hipótese, continua de pé. Até que seja desmentida ou
confirmada.
E depois do desastre que foi a gestão da eleição da nova liderança do grupo parlamentar do PSD em São Bento, e do comportamento intolerável com o PSD-Madeira, muito sinceramente não me parece que o novo líder do PSD tenha mais oportunidades para repetir as asneiradas idiotas que fez nesse processo eleitoral que desvalorizou o líder parlamentar eleito (LFM)
Nota: tudo depende de dois factores, de Montenegro manter a ideia de Albuquerque como potencial candidato às europeias e de Albuquerque aceitar esse cenário (o PSD não ganha as europeias desde 2009). Nada mais é importante neste quadro noticioso. Um desmentido ou a recusa de um deles, acaba imediatamente o assunto, em vez de se fazerem de "tontinhos" e quererem enganar as pessoas veiculando a ideia de que o assunto nunca foi pensado e não existe. Existe até que se confirme ou seja desmentido. Se for desmentido, é tema encerrado e sem qualquer importância. A confirmar-se, passa a ser um dado novo, muito importante, no xadrez político regional. O resto é conversa fiada. E mantenho tudo o que atrás escrevi.
Sem comentários:
Enviar um comentário