“O trabalho que o José Manuel Bolieiro tem feito, que este governo do PSD tem feito, corresponde àquilo que queremos para o país. Nós queremos menos impostos, nós queremos mais aposta na capacidade empreendedora da sociedade”, afirmou, não deixando de defender o património do partido: “é isso que tem sido feito aqui, sem ferir os valores e princípios do PSD”.
Já depois do discurso, aos jornalistas, Montenegro reforçou a posição, mesmo quando confrontado com as próprias declarações no congresso nacional, em que afirmou que o PSD “nunca” se vai associar a “qualquer política xenófoba ou racista”, o que foi visto como um afastamento do Chega. A nuance, aparentemente, está na palavra “política”: nos Açores, apesar do apoio do Chega, não existem políticas “xenófobas” ou “racistas”, portanto, os princípios do PSD não foram afectados. “Nós nunca ultrapassaremos a linha dos nossos princípios e dos nossos valores. Portanto, como isso aqui [nos Açores] não aconteceu, nem é sequer tema”. Ainda nas referências regionais, Montenegro defendeu uma lei de finanças regionais “mais estável” e uma gestão partilhada no mar, na semana em que o Tribunal Constitucional considerou inconstitucional a Lei do Mar, aprovada em 2020 na Assembleia da República, que defende a co-gestão do espaço marítimo.
“Vamos esboçar em conjunto a forma de, ou na lei ou na própria Constituição, termos um mecanismo que permita aos Governos Regionais, do ponto vista ambiental, do ponto vista económico, ter intervenção no mar”, avançou. Depois, vieram as críticas a António Costa e ao seu governo que “denota cansaço, esgotamento e confusão dentro de si”. Primeiro, a propósito dos incêndios, criticando a “reforma florestal”, que “não está a funcionar no terreno”.
“Não é retirar aproveitamento político dos incêndios. É cuidar do que é público, do que é de todos”, afirmou, atirando as culpas da “vulnerabilidade da floresta” e da “falta de meios” para o Governo. Além disso, Montenegro denunciou que António Costa não concluiu a compra de dois aviões de combate aos incêndios em 2016, iniciada pelo governo de Passos Coelho, quando agora está preocupado em adquirir novos meios.
“O doutor António Costa em 2016 recebeu do governo anterior um projecto para comprar dois aviões, financiado pelo Portugal 2020. Eram 50 milhões de euros de euros, mas entendeu que era mais rentável alugar do que comprar”. Depois, foram as críticas à “insensibilidade social” do executivo, que ignora o desespero das famílias perante o aumento generalizado dos preços devido à inflação. “O governo está a ganhar dinheiro com a inflação”, atirou, voltando a insistir na criação de um programa de emergência social para ajudar os “mais vulneráveis”.
Do lado do anfitrião, José Manuel Bolieiro assegurou que o Governo Regional está “estável” e “unido”, uma tónica que norteou o congresso do PSD-Açores, talvez perspectivando as eleições regionais de 2024, uma vez que acordo firmado entre PSD, CDS-PP e PPM prevê uma coligação pré-eleitoral. “Os paladinos das crises desejam que haja uma crise governativa a cada esquina. Isso não fortalece o presente nem o futuro dos Açores, em transformação para melhor”, atirou o líder açoriano. Veremos se o exemplo açoriano vai ter força para atravessar o atlântico (Publico, texto do jornalista Rui Pedro Paiva)
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