O provedor recorda, a propósito desta primeira interrogação, a resposta enviada pelo editor da Opinião do PÚBLICO, o jornalista Álvaro Vieira, a propósito de uma questão semelhante colocada por um outro leitor: os leitores devem “utilizar o link ‘Sugerir correcção’ presente no final das nossas notícias e artigos de opinião online, uma vez que a mensagem aí gerada chega imediatamente às caixas de correio de todos os editores do jornal, e haverá sempre alguém em condições de fazer rapidamente a correcção que for necessária”.
A conclusão a que se pode chegar é que existe uma discrepância entre o que o jornal aconselha aos leitores e os resultados práticos que daí advêm. Regressando ao leitor Manuel Franco. Depois de afirmar que o “aborrecimento” causado pelas gralhas e erros o levam por vezes a desistir de ler o artigo, Miguel Franco coloca as seguintes questões a Manuel Carvalho: “Que medidas foram implementadas para melhorar a captura de gralhas?; o impacto dessas medidas já foi de alguma forma avaliado para confirmar que elas estão a surtir o efeito desejado? (…)”
Os jornalistas não se coíbem de criticar o divórcio entre os princípios professados pelos políticos e a sua aplicação na prática. Seria bom que, “como nos compete”, não lhes seguíssemos na peugada… Encaminhei as observações do leitor para Manuel Carvalho, que a elas responde: “Se no ano passado lamentava em nome da redacção do PÚBLICO o excessivo número de gralhas no jornal, reconheço que até à data não há razões para apagar esse lamento. Os leitores continuam a ter razão nas suas queixas e protestos porque a situação não melhorou.
O que posso garantir aos leitores e ao seu provedor é que a promessa de procurar respostas ao problema se mantém. Está em curso um plano para reorganizar e reforçar a equipa de copy-desk do jornal, que, apesar do seu extraordinário trabalho e dedicação, é insuficiente para responder às novas exigências do jornalismo digital ou ao acréscimo de trabalho de projectos como o Azul.”
“Portanto, sim, caro leitor, tem razão, a situação não está resolvida e, sim, mantemos o compromisso de a melhorar no ano em curso. Esperamos em breve ter condições para lhe proporcionar textos com menos erros ou gralhas, como nos compete.” O provedor faz uma única observação: os jornalistas, no número dos quais se inclui, não se coíbem de criticar o divórcio entre os princípios professados pelos políticos e a sua aplicação na prática. Seria bom que, “como nos compete”, não lhes seguíssemos na peugada…
Julian Assange
O provedor impôs a si mesmo a regra de responder tão depressa quanto possível ao correio que recebe. No entanto, há dois leitores que aguardam há meses por uma resposta a questões que me colocaram. Este atraso deve-se apenas ao facto de não ter conseguido obter, até agora, uma explicação dos autores ou editores das notícias questionadas pelos leitores e de o provedor dever ouvir os jornalistas antes de tomar uma posição. O leitor Manuel Rodrigues escreve a propósito de um artigo assinado pelo PÚBLICO, na edição de 25 de Janeiro de 2022, sobre a possível extradição de Julian Assange para os Estados Unidos: “O segundo período começa assim: A defesa do denunciante quer recorrer…. Como se sabe, pelo menos no nosso país, a palavra denunciante tem uma significativa carga pejorativa. Ora, por aquilo que tenho lido, Julian Assange é jornalista e terá sido nessa qualidade que conseguiu aceder a determinadas informações que divulgou. O mesmo têm feito, honra lhes seja feita, vários jornalistas do PÚBLICO, sobre assuntos cujo conhecimento tem sido importante para nós portugueses; e não estou sequer a imaginar que alguém veria com bons olhos que um qualquer outro órgão de informação se referisse a esses jornalistas como denunciantes. Tendo em conta os tempos que vivemos e a ‘via sacra’ de Julian Assange, isto não é, na minha opinião, um pormenor sem importância.”
Em bom rigor, Julian Assange pode ser identificado como “denunciante”. Remeto para a letra da Directiva 2019/1937 do Parlamento e do Conselho europeus: “Ao denunciar violações do direito da União lesivas do interesse público, essas pessoas agem como denunciantes, desempenhando assim um papel essencial na descoberta e prevenção dessas violações, bem como na salvaguarda do bem-estar da sociedade.” Todavia, nas versões em inglês e em francês da mesma directiva, bem como na imprensa anglófona e francófona, o “denunciante” é identificado pelos termos whistleblower e lanceur d’alerte, em vez de, respectivamente, denouncer e denonciateur, porque também nesses países a palavra “denunciante” tem uma carga negativa. No caso português, o termo é ainda mais pejorativo na medida em que ele recorda os delatores da PIDE que tinham como razão de ser denunciar todos os que “diziam mal” do Estado Novo. Passando por cima da letra da Directiva Europeia – que, em minha opinião, resulta de uma tradução infeliz – e ficando apenas pelo seu espírito, penso que seria mais adequado chamar a Julian Assange “vigilante social” ou “sentinela social”, embora admita que tanto um como o outro termo possa não transmitir uma imagem fiel do que se pretende dizer. Talvez os leitores queiram ajudar…
Setúbal
O leitor Miguel Alves questiona uma afirmação produzida no artigo “SEF suspende ligações a associação pró-Putin”, publicado na edição de 29 de Abril de 2022. Os jornalistas escrevem “‘o autarca comunista’, referindo-se ao presidente da Câmara de Setúbal, eleito pela CDU e militante do Partido Ecologista Os Verdes. Logo, a frase é factualmente falsa”. O leitor tem razão e o provedor não percebe os motivos que impediram os jornalistas José Volta e Pinto e Francisco Alves Rito de reconhecer o erro cometido e, eventualmente, pedir desculpa aos leitores (Público, artigo de opinião de José Manuel Barata-Feyo, publicado em 23.7.2022 neste jornal)
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