Seis anos após a resolução, créditos e ativos tóxicos ainda pesam nas contas do Novo Banco. Com imparidades de 833 milhões de euros, o banco avisa que o número vai continuar elevado. Instituição confirma, entretanto, que está mesmo a vender a sua sucursal em Espanha. O Novo Banco continua a ser uma pedra do sapato do sistema bancário nacional. O banco da Lone Star apresentou prejuízos de 853 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, o que representa um agravamento de 49% em relação aos 572 milhões alcançados no mesmo período de 2019, segundo revelou o banco esta sexta-feira, 13 de novembro
O resultado líquido negativo alcançado pela instituição financeira liderada por António Ramalho é suficiente para praticamente anular os lucros da restante grande banca nacional. A CGD, BCP, Santander e BPI tiveram lucros de 898 milhões de euros que, subtraídos aos prejuízos de 57 milhões do Banco Montepio, ficam em 841 milhões. Montante que se eclipsa com os prejuízos do Novo Banco na panorâmica geral do sistema bancário dos primeiros nove meses de 2020.
“Os
resultados e atividade do Grupo Novo Banco, nos primeiros nove meses de 2020,
foram condicionados pelos efeitos do contínuo processo de reestruturação,
desinvestimento de ativos legacy, descontinuação do negócio em Espanha, das
provisões adicionais dos ativos não produtivos (em especial, neste trimestre,
para ativos internacionais) e do impacto da pandemia covid-19, com o resultado
líquido a situar-se em -853,1 milhões de euros”, indica o comunicado enviado à
Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A parcela tóxica do banco (o chamado banco legacy) gerou perdas de 835 milhões de euros, mais intensas do que as de 712 milhões entre janeiro e setembro de 2019. Mas mesmo na parte recorrente do banco, o Novo Banco perdeu resultados. Conseguiu gerar 98,2 milhões de euros, número que corresponde a uma descida homóloga de 30%.
IMPARIDADES
DE 833 MILHÕES E BANCO AVISA QUE NÚMERO VAI CONTINUAR ELEVADO
Ao todo, o banco constituiu imparidades e provisões de 833 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, das quais 383 milhões para crédito e 423 milhões para outros ativos e contingências. São perdas antecipadas nesses ativos. A pandemia é uma das causas, mas Espanha também pesa fortemente, bem como a desvalorização dos fundos de reestruturação decidida no primeiro semestre.
“É esperado que o nível de provisionamento se mantenha elevado no próximo trimestre”, avisa ainda o Novo Banco. O nível de crédito malparado continua elevado. Representa 9,7% da carteira total de crédito (que se fixou em 25,9 mil milhões de euros).
NOVO BANCO
CONFIRMA VENDA EM ESPANHA COM PROVISÕES DE 455 MILHÕES
Na
apresentação de resultados dos primeiros nove meses do ano, o Novo Banco
confirma que se está a desfazer da operação que tem em Espanha, como foi já
noticiado pela imprensa espanhola. “No terceiro trimestre de 2020, o Novo Banco
procedeu à transferência da sucursal de Espanha para operações descontinuadas,
em linha com a estratégia de descontinuação do negócio em Espanha”, avança o
comunicado.
A venda deste
negócio, conjugada "com o agravamento do nível de incumprimento de alguns
clientes (crédito a clientes, garantias e instituições de crédito), conduziram
à constituição e imparidades e provisões no valor total de 455 milhões de
euros”, segundo adianta o banco.
SEM SABER
QUANTO PEDE AO FUNDO
Nestes
resultados, o Novo Banco não assinala qual o montante que necessita pedir ao
Fundo de Resolução para conseguir o rácio de capital de 12% que o mecanismo de
capitalização tem de assegurar no final do ano.
No primeiro
semestre, a estimativa era de 176 milhões de euros, mas o Orçamento do Estado
para 2021 estima que o Fundo de Resolução possa ter de injetar 476 milhões de
euros – sendo que o montante efetivamente solicitado pelo banco ao Fundo supera
sempre as previsões do Governo.
Certo é que,
desta vez, o Governo já disse que o Fundo terá de pedir um empréstimo aos
bancos e não ao Estado para cumprir estas responsabilidades. Será com base nas
contas fechadas e auditadas de 2020 que o Novo Banco fará essa solicitação,
sendo que, no máximo, o valor pode ser de 914 milhões de euros (Expresso, texto
do jornalista Diogo Cavaleiro)
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