segunda-feira, novembro 30, 2020

Sondagem: Mão dura no ataque à pandemia faz crescer popularidade de Marcelo e Costa

 


Presidente dispara nas avaliações positivas e chega aos 74% (apenas 9% lhe dão nota negativa). Primeiro-ministro inverte tendência de queda que vinha desde o verão e marca agora 56% de avaliações positivas.

Estes são dados do barómetro de novembro da Aximage para o JN e a TSF, feito nos dias seguintes ao anúncio da renovação do estado de emergência e ao anúncio de várias restrições à liberdade de circulação.

A popularidade de Marcelo Rebelo de Sousa disparou neste mês de novembro. E arrasta consigo António Costa. O presidente sobe 14 pontos percentuais nas avaliações positivas e chega aos 74%, batendo todos os recordes. O primeiro-ministro não só inverte a tendência de queda contínua dos três meses anteriores, como sobe cinco pontos, para 56%.

Parece um paradoxo que, quando a pandemia regista a sua máxima força, os dois principais responsáveis políticos pela estratégia de combate estejam em alta. Parte da explicação estará no facto de os inquéritos terem sido feitos no início desta semana, ou seja, no rescaldo da comunicação ao país de Marcelo Rebelo de Sousa e do impulso que António Costa conseguiu para impor restrições mais duras do que as precedentes.

A prova de que a análise à popularidade do presidente e do primeiro-ministro não pode ser desligada das suas decisões no âmbito da pandemia são os resultados do barómetro que o JN divulgou ontem: 67% dos portugueses concordam com a imposição do estado de emergência; 57% com a proibição de circular entre concelhos e fechar escolas nas pontes; 67% com o recolher obrigatório aos fins de semana; e, finalmente, aceitam restrições que dificultem as viagens e as reuniões familiares no Natal (71%) e no Ano Novo (78%). Conclusão: a maioria que apoia e pede medidas muito restritivas é a mesma que premeia os políticos que as põem em prática.

Socialistas mais satisfeitos

Tal como nos meses anteriores, a popularidade de Marcelo e Costa tem património em comum, mas também apresenta divergências, como é visível ao analisar os diferentes segmentos da amostra. A comunhão mais evidente é o empurrão que ambos recebem dos eleitores socialistas: 90% de avaliações positivas para Costa, 83% para Marcelo. Mas também fica claro que o primeiro-ministro está ancorado à Esquerda (à Direita o saldo é sempre negativo), enquanto o presidente tem uma popularidade transversal ao espetro político-partidário (o saldo só é negativo entre os liberais).


Outra prova do bom momento comum é que, no jogo da confiança, estão ambos em alta. Ainda que, como sempre, Marcelo valha bastante mais (três vezes mais em novembro) do que Costa. E, desta vez, também bate Costa entre os eleitores socialistas (a exceção são os comunistas, que confiam mais em S. Bento do que em Belém). Um outro traço distintivo, quer nas avaliações, quer na confiança, é que o primeiro-ministro tem um suporte mais sólido entre os escalões mais velhos (em particular nos que têm 65 ou mais anos), enquanto o presidente tem consigo a força dos mais novos (sobretudo nos 18 a 34 anos).

Oposição também está em alta

Não são apenas o presidente e o primeiro-ministro que estão em alta. Também a Oposição consegue em novembro um saldo positivo (um acontecimento raro). Embora uma avaliação única a um conjunto tão díspar de atores políticos exija cautela, como prova o facto de, entre os segmentos partidários, serem os eleitores socialistas os mais satisfeitos com a Oposição. E se o saldo também é positivo entre os que votam PSD e BE, entre os restantes partidos é negativo.

Na análise aos segmentos da amostra, percebe-se que os mais satisfeitos com a Oposição são os homens (51%) e os eleitores entre 50 e 64 anos (63%). Ao contrário, os mais críticos são os inquiridos com 65 anos ou mais (53% de avaliações negativas).

Rio, Ventura e Catarina

O barómetro da Aximage também perguntou quem é a principal figura da Oposição. Sem surpresa, o mais citado foi o líder do PSD, Rui Rio (35%). Mas a distância para outros dois atores políticos não é muito grande: Catarina Martins, do BE, e André Ventura, do Chega, empataram nos 20%.

À proeminência do líder do partido de Direita radical não será alheia a notoriedade que lhe deu a polémica do acordo com o PSD nos Açores (ver texto ao lado). Aliás, para os eleitores dos 18/34 anos, como para os que votam nos partidos mais pequenos, Ventura é a principal figura da Oposição (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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