segunda-feira, novembro 02, 2020

Sondagem: Marcelo acumula 45 pontos de vantagem na corrida a Belém


O Presidente tem votos socialistas no bolso e via aberta para segundo mandato em Belém (62%). Ana Gomes surge num distante segundo lugar (17,2%). André Ventura em terceiro (7,6%). Marcelo Rebelo de Sousa está a um passo de conseguir um segundo mandato como presidente da República. Quando faltam três meses para as eleições, a sua projeção é contundente (62,7%) e representa uma vantagem esmagadora de 45 pontos percentuais para Ana Gomes (17,2%), de acordo com uma sondagem da Aximage para o JN e a TSF. Num distante terceiro lugar aparece o candidato da Direita radical André Ventura (7,6%).

A popularidade do atual presidente ao longo de sucessivos barómetros, incluindo o que publicámos no fim de semana (60% de avaliações positivas) fazia prever uma vitória folgada. E a explicação é sempre a mesma: Marcelo tem no bolso os eleitores socialistas. No caso desta sondagem, dois terços (66%) anunciam que lhe entregarão o voto em janeiro de 2021. A eurodeputada socialista só consegue captar, nesta altura, pouco mais de um quinto (22%) dos que votam no PS.

Imitar Eanes e Soares

Se o atual inquilino de Belém mantiver o fôlego, tem ao seu alcance um resultado ao nível de Ramalho Eanes (61%), nas primeiras presidenciais do período democrático, em 1976. Os 70% de Mário Soares, em 1991, parecem mais difíceis. A comparação faz sentido, mesmo com tantas décadas de intervalo. Tal como agora, o chamado bloco central (PS + PSD) confluiu para o mesmo candidato. No caso de Eanes, o apoio foi explícito. No de Soares, o PSD liderado por Cavaco deu apoio tácito. Marcelo, por sua vez, pode contar com apoio tácito do PS de Costa.

Apesar de usufruir de um apoio transversal, há segmentos que se destacam. As áreas metropolitanas, em particular a de Lisboa, são o terreno mais fértil para Marcelo, bem como os eleitores no fundo da escala de rendimentos e as mulheres (mais 13 pontos percentuais que os homens). Finalmente, atinge o pico entre a faixa etária mais jovem (18/34 anos), para perder gás à medida que os eleitores envelhecem.

Ana Gomes "bloquista"

Com o PS oficialmente neutral, Ana Gomes contará com a sua combatividade. E com a possibilidade de reivindicar votos à Esquerda, que a análise aos diferentes segmentos partidários demonstra estar ao seu alcance. Há até dois casos em que a antiga eurodeputada fica à frente de Marcelo: entre os eleitores da CDU e do PAN. Outro dado crucial é que atrai mais eleitores do BE do que Marisa Matias - o que ajuda a explicar a má projeção da eurodeputada bloquista (4,6%).

Marisa Matias está a três pontos de André Ventura, que é, depois de Marcelo, o candidato mais eficaz a reter os votos do partido de origem: cerca de 75% dos eleitores do Chega votarão no seu líder. A má notícia para o candidato da Direita radical é a sua elevada taxa de rejeição (ver texto ao lado), que lhe limita o potencial de crescimento. Estando tão dependente dos mais fiéis, não surpreende que Ventura se destaque, como o Chega, pelo eleitorado quase exclusivamente masculino: teria 14,2% se votassem apenas homens.

Comunistas e liberais

Com uma votação residual estão o candidato comunista João Ferreira (1,6%) e o liberal Tiago Mayan (1,5%). O primeiro não convence sequer os eleitores da CDU (pouco mais de um terço está nesta altura disposto a entregar-lhe o voto), o segundo só chega a metade dos que votam no Iniciativa Liberal. Tino de Rans (Vitorino Silva) não passa, por enquanto, de ruído estatístico.

Marisa, Ana Gomes e Marcelo com margem para crescer

Com a notável exceção de Marcelo Rebelo de Sousa, o ponto de partida dos restantes candidatos para as próximas eleições presidenciais não é brilhante. Mas ainda há três meses para conquistar eleitores. E há pelo menos três candidatos que têm um "mercado" amplo, como revela a taxa de voto potencial, ou seja, a percentagem de portugueses que não dá, mas admite dar o seu apoio a um determinado candidato.

Neste campeonato destaca-se Marisa Matias, uma vez que 32% dos eleitores que escolhem outro candidato indicam que "poderiam votar" na bloquista. Também Ana Gomes junta à sua projeção eleitoral a simpatia adicional de 30% dos inquiridos. Curiosamente, nesta disputa virtual a bloquista atrai mais socialistas (54%) do que a antiga eurodeputada do PS (32%). Esta, em contrapartida, revela ser uma personalidade atrativa para muitos eleitores do PSD (40%).

Como não podia deixar de ser, também Marcelo está na disputa do voto potencial (30%). Se o conseguisse somar ao que já tem (não vai acontecer), poderia aspirar a uma votação para lá dos 80 pontos percentuais. É sobretudo entre os eleitores do Chega, do PAN e do Iniciativa Liberal que o atual presidente tem maior margem de crescimento.

Rejeição a André Ventura

O outro lado do espelho do voto potencial é a taxa de rejeição, ou seja, a percentagem de eleitores que "nunca" votaria num determinado candidato. Nessa matéria (e deixando de lado o protocandidato Tino de Rans), destaca-se André Ventura, com 63%. São os eleitores mais velhos (65 ou mais anos) os que mais rejeitam (74%) o líder do Chega. Pior só entre os que votam CDU ou BE (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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