Faz-me
uma enorme confusão esta perseguição constante aos feirantes, impondo-lhes a
obrigatoriedade de encerramento dos
espaços utilizados e impedindo-os de exercer a sua actividade, sempre
que são adoptadas medias restritivas da mobilidade dos cidadãos. Sou pouco
tolerante, para não dizer nada tolerante, para com todos os abusos e a
libertinagem selvagem que em tempos de pandemia e de restrições sanitárias -
que existem e que são tomadas a pensar na defesa de todos nós e no interessa de
uma sociedade que tem que combater esta pandemia com determinação - são uma
ameaça para os demais cidadãos.
Mas
não entendo como é que os feirantes - por que não controlam os espaços deles em
termos de limpeza e aplicação de rigorosas medidas sanitárias e defesa
colectiva? por que não controlam os acessos, limitando a presença de pessoas,
evitando assim grandes acumulações excessivas como na F1 ou naquela cena
patética das ondas na Nazaré? por que não reduzem horários de funcionamento,
caso queiram, e colocam a fiscalização municipal ou mesmo policial no local?
por que não reduzem o número de espaços de venda a funcionar impondo, caso seja
necessário, uma rotatividade entre os feirantes? - são uma ameaça. Por serem
ciganos, muitos deles? Por serem pessoas simples e de fracos recursos? Por
obedecerem, por natureza, às instruções que lhes são impostas?
E as
tascas abertas pela noite fora provocando o ajuntamento de centenas ou mais de
pessoas nos copos, ou as discotecas com lotação hiper-cheia e sem cumprimento
de regras sanitárias (e que parecem estar a pedir novo encerramento unilateral,
mesmo que elas consigam fugir à fiscalização policial, sanitária e económica),
ou os centros comerciais que são espaços fechados (ao contrário das feiras) não
são uma ameaça para a saude pública, em termos pandémicos, mas os feirantes
são? Não entendo e estou solidário, 100% com eles, com os seus protestos,
repito, desde que cumpram as regras impostas pelas autoridades de saúde e
autárquicas e tenham a consciência das suas obrigações perante o momento que
vivemos. Ao poder só se pede que sejam coerentes e respeitem essa gente. E não
apliquem medidas diferentes para situações iguais, tratando uns e outros de
forma diferenciada. Assim não (notícia aqui) (LFM)
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