quarta-feira, agosto 23, 2023

Regionais-2023: Albuquerque promete firmeza contra “radicais” e estabilidade já a pensar nas eleições

Em ambiente de pré-campanha eleitoral, o presidente do Governo da Madeira discursou no Dia do Funchal para alertar para o risco dos radicalismos e os perigos da instabilidade política. Na qualidade de presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque ensaiou nesta segunda-feira, no Dia do Funchal, duas mensagens que prometem nortear a campanha do PSD às eleições regionais de 24 de Setembro. O homem que lidera o executivo regional desde 2015 alertou para os radicalismos que ameaçam a democracia e louvou a estabilidade governativa na região, que contrasta com a “desgraça” vivida no continente.

“Estabilidade, confiança e previsibilidade.” Foi assim que o presidente do PSD-Madeira definiu os “pilares” da governação regional, aproveitando as comemorações do 515.º aniversário da cidade do Funchal para fazer um balanço do mandato à frente dos destinos do arquipélago. Na Madeira, ao contrário do que acontece no continente, existe “estabilidade” e “confiança nas instituições”: “Temos um governo que está estável, que governou sem sobressaltos, em que não houve alterações de políticas e que cumpriu com a estabilidade o que era necessário.”

Miguel Albuquerque puxou pelos números para fazer o paralelismo entre a governação do PSD na Madeira e a do PS na República. “Nós aqui temos os serviços de saúde a funcionar e temos os transportes a funcionar”, exemplificou, lembrando que a Comboios de Portugal (CP), “onde os contribuintes já meteram quatro mil milhões de euros, teve 111 greves em 365 dias”. Já os mais de três milhões de portugueses com seguro de saúde revelam a ineficácia do Serviço Nacional de Saúde. “Isso é a desgraça a que estamos sujeitos”, criticou.

Por outro lado, na Madeira, os enfermeiros, os médicos e os professores viram as carreiras regularizadas e estão a ser aplicadas medidas para responder ao “desafio da habitação”, que não passam pelo fim do alojamento local, numa alusão ao pacote Mais Habitação, vetado pelo Presidente da República. “Não acabamos com a economia para resolver um problema social.”

Numa altura em que as sondagens reforçam a possibilidade de a coligação PSD/CDS-PP chegar à maioria absoluta nas próximas eleições (a última da Aximage para o Diário de Notícias e TSF-Madeira atribui uns expressivos 49,6% às forças que governam a região contra 13,5% do PS), Miguel Albuquerque não vacilou, contudo, nos reparos aos “radicais ruidosos”.

“Os democratas não podem ceder ao radicalismo destas forças do ressentimento, destas forças da submissão das instituições”, defendeu Albuquerque, que, até ao momento, nunca recusou entendimentos entre o PSD e o Chega.

Ajustando o discurso ao momento pré-eleitoral, o chefe do Governo da Madeira apelou aos democratas para reagirem aos “radicais que querem subverter a sociedade”. “Os democratas e os partidos do centro têm de estar firmes contra as radicalizações e não ter medo do ruído dessa gente. Quem tem medo não vai para a política.”

Enquanto o presidente do governo regional discursava, ouvia-se como som de fundo o protesto organizado pelo Bloco de Esquerda em frente à câmara municipal. A concentração foi motivada pelas intervenções da autarquia na praia Formosa, mas os manifestantes souberam adaptar as palavras de ordem aos discursantes no interior da sala: “Albuquerque, escuta, o povo vai dar luta.”

Esta foi a segunda vez em que Miguel Albuquerque discursou como presidente do governo regional no Dia do Funchal. A primeira foi no ano passado, já depois de a câmara ter voltado ao domínio do PSD, após dois mandatos presididos pelo PS – o actual presidente, Pedro Calado, foi "vice" de Albuquerque tanto na autarquia como no executivo regional.

No encerramento do discurso, o presidente do governo regional agradeceu o convite para estar presente e deixou um recado à oposição. “Sei que esse convite incomoda certa gente. Muito obrigado por me convidarem porque não tenho problema em incomodar.” A pré-campanha está aí.

Presidente da Câmara do Funchal critica Governo

Afinando pelo mesmo diapasão de Albuquerque, o presidente da Câmara do Funchal foi ainda mais duro nas críticas ao Governo da República e assumiu as despesas das críticas ao executivo socialista. “Portugal parece ter entrado num ‘burnout’ governativo”, atirou Pedro Calado, defendendo que a “degradação e descredibilização” do Governo de António Costa “não tem paralelo na cultura democrática”.

Calado, que saiu da vice-presidência do Governo Regional para reconquistar o Funchal para o PSD nas autárquicas de 2021, condenou ainda o “avolumar de situações que há muito extravasaram os limites da decência”, considerando que o país sofre de um “síndrome de esquerda”, que “enfraquece, estrangula e amedronta aqueles a quem devia servir”.

Os restantes partidos que discursaram no Dia do Funchal (CDU, MPT, PAN, BE e PS), à excepção do PSD, criticaram Calado por não estar preocupado com os funchalenses. O PS acusou os sociais-democratas de “atropelo às regras democráticas” na autarquia e considerou que “tudo o que foi feito nos últimos dois anos” teve origem no anterior executivo camarário do PS.

A CDU alertou para o “fosso de desigualdades” existente no Funchal, enquanto o PAN fez a defesa do aprofundamento da autonomia regional. E o BE desafiou o presidente da Assembleia Municipal, José Luís Nunes, a manter-se em funções após as eleições, a que se candidata como número três da lista PSD/CDS-PP (Publico, texto do jornalista Rui Pedro Paiva)

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