sábado, agosto 26, 2023

Portugal: Há cada vez menos casas a serem executadas

Os bancos registaram o pico mais baixo de imóveis em sua posse para venda desde 2012. O número de casas com que os bancos ficam para venda posterior tem vindo a diminuir e no segundo trimestre de 2023 “atingiu o valor mais baixo de toda a série histórica, acumulando um total de apenas 690 unidades”. A conclusão é da empresa Confidencial Imobiliário, que monitoriza todos os trimestres informação facultada pelos principais bancos a operar em Portugal. Trata-se de imóveis residenciais que entram nos bancos como dação em pagamento. Para o decréscimo de habitações nas carteiras dos bancos contou a “forte descida no fluxo de receção de novas frações por parte dos bancos” (ver gráfico), a par de um volume de vendas superior às novas entradas. Um cenário que revela que os bancos estão a executar menos imóveis e também a conseguir vender mais, apesar do aumento das taxas de juro no último ano. No segundo trimestre de 2023, a banca recebeu mais 101 imóveis residenciais devido a incumprimentos dos créditos para habitação, o que face aos 1083 que tinha recebido em igual período de 2013 correspondeu a uma descida de 90,6%.

É igualmente significativo o decréscimo registado no segundo trimestre de 2023 face a igual período de 2022: menos 60%. E se recuarmos para o período antes da pandemia, face a 2019 a queda foi ainda maior, de 89%. É na região centro que há maior concentração de imóveis em posse dos bancos, seguida da área metropolitana de Lisboa e da região norte. Em sentido contrário estão a área metropolitana do Porto, o Algarve e o Alentejo.

No quarto trimestre de 2012, quando pela primeira vez foram contabilizados estes dados junto dos bancos, pela Confidencial Imobiliário, o número de novas casas que chegaram à posse dos bancos ascendia a 2988, consequência da crise financeira iniciada em 2008, durante a qual muitas famílias tiveram de entregar a casa aos bancos. Deu-se depois uma quebra acentuada no número de casas que foram parar aos bancos.

Já se compararmos a carteira global de imóveis na posse dos bancos — e não as entradas — do segundo trimestre de 2013, que era então de 7610 imóveis — a evolução face a igual período deste ano mostra um decréscimo de 90,6%. São estes os dados que constam do Sistema de Informação Residencial — Desinvestimento Bancário facultados pela banca ao Confidencial Imobiliário, desde o final de 2012. Entre os bancos que reportam informação estão a CGD, BCP, Santander, Novo Banco, BPI, Banco Montepio e Crédito Agrícola.

Tendo em conta a carteira global nas mãos do conjunto dos bancos — 690 imóveis —, verifica-se que no segundo trimestre de 2023 se registou uma redução de 46% face a igual período de 2022, quando havia em carteira 1276 imóveis residenciais. E se compararmos com igual período de 2019, antes da pandemia, o decréscimo foi ainda maior: 79%, quando os bancos tinham em carteira 3343 imóveis residenciais para venda.

Os dados recolhidos mostram que “até 2016 o número de casas à venda pelo lado dos bancos esteve entre as 7 mil e as 8 mil unidades, caindo desde então de forma sucessiva, até ao mínimo atual de 690 unidades”.

Para Ricardo Guimarães, responsável da Confidencial Imobiliário, “estes números têm especial relevância no contexto atual” — de subida das taxas de juros e consequentes aumentos nas prestações em créditos de taxa variável —, já que “não há sinais de um aumento da carteira de imóveis na posse dos bancos em resultado de processos de incumprimento de crédito” (Expresso, texto da jornalista ISABEL VICENTE)

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