Segundo
o site da RTP,
"a Procuradoria-Geral da República decidiu abrir um inquérito sobre o
conteúdo de uma entrevista de Miguel Sousa Tavares publicada na edição desta
sexta-feira do Jornal de Negócios. Na primeira página, o jornal titula Beppe
Grillo? “Nós já temos um palhaço. Chama-se Cavaco Silva”. Esta porção das
declarações do escritor, que já reconheceu ter sido “excessivo”, levou o
Presidente da República a pedir ao gabinete de Joana Marques Vidal que
procedesse a uma análise ao abrigo do artigo do Código Penal sobre a “ofensa à
honra” do Chefe de Estado. Questionado pelo Negócios sobre o cenário de uma
convulsão no edifício democrático do país, Miguel Sousa Tavares respondeu que
“o pior que nos pode acontecer é um Beppe Grillo, um Sidónio Pais. Mas não por
via militar”. Seguidamente, o jornalista comenta palavras atribuídas a José
Pacheco Pereira sobre a possibilidade do advento de “um ditador populista, um
palhaço”.“Nós já temos um palhaço. Chama-se Cavaco Silva. Muito pior do que
isso, é difícil”, afirma então Sousa Tavares. E foram estas as palavras que
suscitaram a diligência de Belém junto da Procuradoria-Geral da República.“Em
face das afirmações hoje publicadas no Jornal de Negócios pelo Dr. Miguel Sousa
Tavares, o Presidente da República contactou a Procuradora-Geral da República
com vista a que as referidas afirmações sejam analisadas à luz do artigo 328.º
do Código Penal”, adiantou ao início da tarde uma fonte de Belém, citada pela
agência Lusa. Nos termos de um subsequente comunicado da Procuradoria-Geral,
“as expressões proferidas são susceptíveis de integrar a prática do crime de
ofensa à honra do Presidente da República, previsto no artigo 328.º do Código
Penal”.“Tendo o crime natureza pública, o Ministério Público procedeu à
instauração de inquérito”, confirmou o gabinete de Joana Marques Vidal
“Excessivo”
Entretanto
ouvido pela Lusa, Miguel Sousa Tavares admitiu ter sido “excessivo” nas
palavras que empregou durante a entrevista ao Negócios. Sublinhando que
enquanto político Aníbal Cavaco Silva não lhe merece respeito, o escritor
afirmou que o mesmo não sucede relativamente ao Chefe de Estado.“Perguntaram-me
não teme que apareça um palhaço aqui e eu disse já temos um; fui atrás da
pergunta, mas reconheço que não o devia ter feito, não pelo professor Cavaco
Silva enquanto político, mas pelo Chefe de Estado que é uma entidade que eu
respeito”, explicou. A frase em causa, sustentou ainda o jornalista, foi
proferida “no contexto de uma entrevista e posta num título garrafal em que
toda a gente vê”. O que “aumenta o efeito”: “Não sou responsável sobre isso,
nem sou responsável pela frase porque eu não disse o Presidente da República é
um palhaço”.“É muito simples, eu não tenho nenhuma consideração política pelo
professor Cavaco Silva, conforme é público, mas tenho pelo Chefe de Estado,
seja ele quem for, e nesse sentido reconheço que não devia ter dito aquilo, mas
de facto fui arrastado pela pergunta, não é uma coisa que me tenha saído a mim
espontaneamente”, insistiu. “Quem me conhece sabe que não sou do género de
fazer ofensas nem por escrito e até já defendi na televisão, quando o
Presidente foi insultado não sei onde, que achava lamentável”, acentuou Miguel
Sousa Tavares" (vejaaqui o vídeo da RTP)