"Pela primeira
vez, desde que a troika aportou, Passos Coelho admitiu estar a negociar
um alívio da pressão exercida pelos credores. O primeiro-ministro quer
passar o objetivo do défice para 2014 de 4% do PIB para 4,5%. Este alívio,
como fica claro, permitira deitar fora a célebre 'TSU dos reformados', como lhe
chamou Paulo Portas, e aliviar as tensões na coligação.
Ou
seja, Passos está a fazer o que muita gente lhe recomendava que fizesse.
Porém a reação da troika não está a ser tão fácil como quase todos
previam. BCE, UE e FMI, sobretudo estes últimos, apesar dos bons alunos que
temos sido, não veem razões concretas para nos amenizar o caminho.
No
âmbito da oitava avaliação, que vai começar em julho, o Governo português vai
assestar baterias neste objetivo. É possível que o obtenha, mas não deixa de
ser significativo que já na sétima avaliação tenha tentado este alívio sem o
conseguir.
Curiosamente,
isto prova duas coisas distintas. A primeira, é que ao contrário do que
Passos dizia, não é impossível fazer frente ou discordar da troika
tentando obter prazos e condições mais razoáveis e dos quais resultem um
pequeno alívio para os já muito sacrificados contribuintes portugueses. A
segunda, é que ao contrário do que dizia António José Seguro, isso não é tão
simples como pedir. É preciso muito trabalho para convencer os credores
internacionais (a presença hoje em Lisboa do líder do Eurogrupo, o socialista
holandês Jeroen Dijsselbloem é uma boa oportunidade).
Daqui
se conclui que, acaso houvesse menos gritaria e mais construção em conjunto
de uma estratégia para o país - não a bem de Passos ou de Seguro, do PSD ou
do PS, mas daqueles que ambos devem servir, os cidadãos - talvez tudo fosse
menos penoso. Um país que fala a uma voz aos credores tem mais hipóteses de
sucesso do que um onde a confusão política é geral. Portugal pode ter
condições menos gravosas, mas para isso é preciso ter mais inteligência e menos
barafunda.
Mas
será que eles aprendem? Não me parece... A escola das jotas não é uma boa
escola. Ensina-se muita intriga mas pouca política.
ATUALIZAÇÃO
- De acordo com notícias chegadas de Bruxelas, a UE rejeita, para já, a a
flexibilização do défice, como se pode ler aqui . Mais uma prova de que
isto não é simples" (texto de Henrique Monteiro,
Expresso com a devida vénia)