São
conhecidas as trafulhices associadas à empresa Strawberry, hoje a braços com
uma sucessão de processos judiciais em curso. Estamos a falar de burla, de uma
roubalheira descarada, de dívidas milionárias, de apropriação indevida de
dinheiro de terceiros, muito dele pago por turistas à Strawberry e reportado ao
pagamento de transferes (muitos deles feitas por taxistas que ficaram a chupar
no dedo) e estadias em hotéis, na Madeira e no estrangeiro, mas que acabaram
por ser pagas duas vezes pelos clientes. Uma vergonha.
O
que é caricato - mas na Madeira por vezes nada me espanta - é que o proprietário
desta empresa falida e fechada, não perdeu tempo rapidamente aparece envolvido
na abertura do Café Ritz, em plena baixa citadina, como se nada se tivesse
passado. Para além de um evidente proteccionismo, a verdade é que directa ou
indirectamente este indivíduo obteve as licenças para abrir o negócio em causa,
aliás todos os dias por lá andam.
É-me
indiferente saber se o mesmo está ou não em seu nome, como alegadamente se
questiona, mas nesse caso seria recomendável que as autoridades tomassem a iniciativa
de esclarecer o assunto, se necessário for envolvendo o ministério público e as
autoridades policiais competentes numa investigação da situação porque a culpa
não pode morrer solteira. Não podemos tolerar que empresários, sejam eles quem
for, roubem ali, fiquem a dever milhões e abram um negócio acolá, como se nada
se tivesse passado, como se qualquer crápula não tivesse nada a ver com o que
se passou e não devesse ser penalizado por isso, concretamente na recusa da
atribuição do licenciamento para um negócio de trampa.
E
quanto à Strawberry não me venham com amuos idiotas como aconteceu, situação
que não me incomoda rigorosamente nada. Concretamente, o que se passa é que os
cidadãos têm obviamente o direito de se interrogarem sobre tudo o que se passa,
por muito incómodo que seja. As pessoas têm todo o direito de se interrogarem
como é que estas coisas podem acontecer e se ninguém esclarece, como deviam, é
natural que apareçam suspeições, especulações ou distorções, pelo menos até que
a verdade seja conhecida. Quanto a esses amuos idiotas, que revelam bem o
carácter de quem assim se comporta, pergunto se lhes tivessem metido a mão no
bolso, se numa dessas infindáveis viagens ao estrangeiro, se constatasse que o
erário público era obrigado a pagar duas vezes pela mesma despesa, por causa da
aldrabice de um estrangeiro da treta que provocatoriamente se pavoneia pela
cidade, graças, só pode ser assim, a cumplicidades diversas, o que é que
fariam? Amuavam com a tesouraria regional?! Se essas pessoas, que amuam
rapidamente, provavelmente não o fariam caso fossem elas as ludibriadas por
esquemas mafiosos e aldrabices que renderam milhões, cujo paradeiro é
desconhecido, sempre gostaria de ver qual a reacção que elas teriam.
No
caso da Strawberry, e conhecidas as patifarias, é estranho – ou talvez não… -
que este letreiro ainda por lá continue, nas costas do edifício onde funcionou
a empresa – na rotunda frente ao Monumental Lido - contrastando com imagem
propiciada pela porta principal, tapada com jornais, mas coberta de inúmeras
notificações dos tribunais a reclamar dívidas de milhares de euros num
espectáculo deprimente. Não houve ninguém que se preocupasse com isto e
obrigasse esta empresa aldrabona a retirar aquele letreiro que é o símbolo de
uma roubalheira descarada e que pelos vistos continua impune pois ninguém ousa
chamar um dos muitos chico-espertos estrangeiros que arribaram a esta terra e
que por aí andam?
Do
que é que estão à espera para obrigarem a retirada imediata deste letreiro? Que
as pessoas, lesadas ou não, voltem a especular sobre pretensas justificações
para o injustificável? TENHAM VERGONHA.