quinta-feira, janeiro 21, 2021

Sondagem: Marcelo vence Presidenciais à primeira e Ana Gomes é segunda

 


O atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, venceria as eleições para Belém à primeira volta e com uma maioria confortável (63%), caso as eleições fossem esta quarta-feira, de acordo com uma sondagem do CESOP da Universidade Católica para a RTP e o Público. O inquérito dá Ana Gomes num segundo lugar destacado (14%), com mais quatro pontos percentuais do que o terceiro, André Ventura. Sem previsão de abstenção, sabemos apenas que 62% dos inquiridos dão por garantido que irão votar no próximo domingo.

O inquérito da Universidade Católica, realizado entre os dias 11 e 14 de janeiro, há uma semana, portanto, traduz de alguma forma um pouco de tudo o que vem acontecendo de politicamente relevante e que poderá, de uma forma mais ou menos profunda, influenciar o voto dos portugueses aqui representados pela amostra.

À cabeça dos resultados desta sondagem surge desde logo a vitória do Presidente e candidato Marcelo Rebelo de Sousa com uns 63%. Trata-se de uma percentagem confortável para o atual inquilino de Belém, apesar do deslize de cinco pontos percentuais face aos 68% que garantia ainda no mês passado. Contas feitas e temos, apesar da queda, uma reeleição à primeira volta.

Não constituindo surpresa esta vitória de Marcelo à primeira volta, um dos principais pontos de interesse da sondagem tem a ver precisamente com a disputa do segundo lugar depois de André Ventura ter afirmado aquando da apresentação da sua candidatura que se demitiria da liderança do partido Chega se ficasse atrás de Ana Gomes. Os quatro pontos percentuais de vantagem da ex-eurodeputada (14%) seriam, caso as eleições se realizassem hoje, uma porta a abrir-se para a saída de André Ventura, que apenas garante 10% da preferência dos inquiridos.


Um facto peculiar é ainda o facto de os dois candidatos mais bem posicionados na sondagem não serem candidatos de partido, no sentido de terem sido apontados pelo seu partido natural (Marcelo pelo PSD e Ana Gomes pelo PS).

Essa marca partidária inequívoca aparece apenas com André Ventura e, aqui, por mais do que uma razão. Logo a seguir na preferência dos inquiridos surge João Ferreira (candidato da CDU - PCP e Verdes) com 5%, Marisa Matias (BE) na quinta posição com 3%, Tiago Mayan Gonçalves (IL) também com 3% e Vitorino Silva (RIR) com 2%.

Pandemia e abstenção

Apesar de referir que, “do que sabemos da comparação entre sondagens e resultados eleitorais em eleições anteriores, poderíamos afirmar que, com grande probabilidade, a percentagem de votos em MRS não será muito diferente da que esta sondagem indica”, o CESOP assinala que “este é um ano atípico (…) e a situação de pandemia poderá fazer crescer a abstenção ainda mais do que seria de esperar”.


Trata-se de um cenário que, de acordo com os técnicos da Católica, tende a ser prejudicial a Marcelo Rebelo de Sousa: porque “é o vencedor antecipado”; porque “não faz campanha e, assim, desvaloriza estas eleições”; “o crescimento de casos, mortes e caos nas urgências poderá ser considerado pelos eleitores como responsabilidade sua”; o risco de abstenção com o facto de ser “o candidato que recolhe mais apoio entre os eleitores com mais idade e entre os eleitores com maior receio de ir votar”.

Risco pandémico e abstenção

Este é um período – com uma pandemia galopante e recomendações das autoridades de saúde para se manterem em casa – em que faz sentido, mais do que nunca, questionar os portugueses relativamente à sua intenção de votar.

Entretanto, apesar da gravidade da situação, 62% dos inquiridos respondeu que “de certeza que vai votar” e outros 19% que “em princípio vai votar”, o que perfaz um total de 81% de inquiridos determinados em participar na escolha do próximo Presidente da República. Fora destas contas ficaram outros 19% (4% “de certeza que não vai votar”, 3% “não tenciona ir votar” e 12% “ainda não sabe se vai votar”).

O CESOP deixa uma nota no sentido de que não é possível prever um valor para a abstenção a partir destas respostas.

A amostra foi ainda questionada sobre “o medo de votar”. Responderam que não tinham “nenhum receio” 57%, “pouco receio” 8%, “algum receio” 24% e “muito receio” 9%.

O CESOP pega nestes dados para fazer uma nova estimativa de votos, afirmando que Marcelo Rebelo de Sousa é “o candidato mais prejudicado pelo ‘receio de votar’ [não indiciando contudo] que a vitória à primeira volta esteja em risco”.

Por outro lado, “a distância de 4 pontos percentuais entre AG [Ana Gomes] e AV [André Ventura] desce para 2 pontos percentuais entre as pessoas sem receio. Tendo em atenção a semana difícil que se antevê nos hospitais portugueses, não se pode excluir que a diferença entre AG e AV possa diminuir ou mesmo virar. Claro que, com sinal oposto, poderemos assistir a uma concentração de votos à esquerda com benefício para AG e prejuízo para MM [Marisa Matias] e JF [João Ferreira]”.

Marcelo pesca de tudo um pouco

Com base na intenção de voto em Legislativas e naqueles que responderam que iriam votar “de certeza”, o inquérito permite ainda perceber que (cruzando intenções de voto em presidenciais e legislativas) Marcelo Rebelo de Sousa “acumula neste momento intenções de voto vindas de todos os quadrantes políticos”.

Ainda assim, “a sua maior força reside no eleitorado PSD, CDS e PS”, com a preferência socialista evidente no grupo de “67% do eleitorado PS [que] pensa votar” no Presidente-candidato. O ecletismo da candidatura de Marcelo permite-lhe ainda contar com 29% de eleitores do BE, 44% do PAN, 71% do CDS-PP e 71% do PSD.

Este voto híbrido tem igual manifestação em Ana Gomes, com a candidata independente a ir buscar votos ao eleitorado do BE (24%), CDU (16%), PAN (28%) e PS (18%). Os restantes candidatos contam essencialmente com uma forte base de apoio dos partidos que os lançaram.

Ficha Técnica

Este inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a RTP e para o Público entre os dias 11 e 14 de janeiro de 2021. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 2001 inquéritos válidos, sendo 46% dos inquiridos mulheres, 29% da região Norte, 20% do Centro, 38% da A.M. de Lisboa, 6% do Alentejo, 4% do Algarve, 2% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários, região e voto nas legislativas2019. A taxa de resposta foi de 44%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 2001 inquiridos é de 2,2%, com um nível de confiança de 95% (RTP, texto do jornalista Paulo Alexandre Amaral)

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