A popularidade de Marcelo Rebelo de Sousa é superlativa, quando comparada com a dos adversários que vai enfrentar nas eleições presidenciais do próximo domingo. De acordo com uma sondagem da
Aximage para o JN, DN e TSF em que se avalia a adesão do eleitorado às
personagens e às suas políticas, dois terços dos portugueses (66%) gostam do
presidente e do que defende. No outro extremo, está André Ventura: dois terços
dos inquiridos (65%) não gostam nem da personalidade, nem das ideias do líder
da Direita radical.
O alcance do atual presidente
e recandidato vai claramente para além da projeção de resultados eleitorais que
lhe tem sido atribuída nas várias sondagens. Aliás, quando se mede apenas o
gosto pela personagem (independentemente das políticas), Marcelo chega aos 83%
de adesão. Mais 35 pontos do que Vitorino Silva (Tino de Rans), o único
adversário do atual presidente que não tem um ponto de partida negativo.
Em todos os restantes cinco candidatos, a base estatística, ou seja, a resposta mais escolhida pelos inquiridos, aponta para uma dupla rejeição (não gosto do candidato, nem das suas políticas): oscila entre os 32% de Ana Gomes e os 65% de André Ventura. No caso do liberal Tiago Mayan, soma-se outra contrariedade: 39% ou não sabem ou não respondem, o que revela um défice de notoriedade. O comunista João Ferreira tem um problema semelhante, ainda que um pouco menos agudo (32%). Ao contrário, Marcelo e Ventura não deixam quase ninguém indiferente.
Personalidade conta mais
Uma das conclusões que resultam da análise aos resultados do barómetro é a de que a personalidade dos candidatos consegue sempre maior adesão do que as suas políticas. Quando se faz a soma das diferentes parcelas, a percentagem dos que gostam de um candidato, independentemente das políticas, é sempre maior do que a percentagem dos que gostam das políticas do candidato, independentemente das qualidades pessoais. Mas há algumas diferenças.
Onde é mais evidente o peso da
personagem sobre as ideias é em Vitorino Silva: há uma diferença de 28 pontos
percentuais em favor do apelo da figura. Onde a importância do carisma pessoal
tem menor peso é em André Ventura: são apenas mais dois pontos percentuais
quando se compara a importância do líder com aquilo que defende. Outra
candidata que se destaca pela adesão à personagem, mais do que às políticas, é
a bloquista Marisa Matias.
Mesmo quando se analisam os
diferentes segmentos em que se divide a amostra (género, idades, classe social,
região), a personalidade tem preponderância sobre as ideias. Com duas notáveis
exceções, ambas entre os mais jovens (18 a 34 anos), para Ana Gomes e André
Ventura, com uma proporção maior de eleitores a aderir às políticas,
independentemente da personagem, do que a aderir à figura, apesar do que
defendem.
Socialistas com Marcelo
Quando se faz o cruzamento
entre o voto em legislativas e a avaliação aos candidatos, confirma-se, mais
uma vez, que Marcelo Rebelo de Sousa faz o pleno no chamado Bloco Central. É,
aliás, mais popular entre os socialistas do que entre os sociais-democratas:
80% dos que votam PS gostam da personagem e das suas políticas, face a 74% dos
que votam no PSD. É só entre o eleitorado do Chega que o atual presidente tem
um ponto de partida negativo.
Entre os restantes candidatos,
a regra é que a origem partidária faça a diferença, incluindo no caso da
socialista Ana Gomes, que é a única que não tem o apoio explícito do seu
partido (44% dos que votam no PS gostam da personagem e das suas políticas). A
ex-eurodeputada consegue também valores de adesão muito semelhantes nos
partidos à sua Esquerda (BE e CDU). O comunista João Ferreira faz praticamente
o pleno entre o eleitorado da CDU, um pouco melhor do que Marisa Matias no BE.
Mas a bloquista tem melhor cartaz entre o eleitorado socialista, seja na
personalidade, seja nas políticas.
À Direita, André Ventura
sustenta-se sobretudo no eleitorado do Chega, embora haja uma fatia razoável de
votantes do partido que aprecia as políticas, mas não a figura do líder. Entre
os restantes segmentos partidários, a rejeição é muito elevada (sempre acima
dos 60 pontos percentuais). Mas vale a pena notar a relativa complacência de
uma parte do eleitorado social-democrata: 15% gostam das políticas e do
candidato da Direita radical; 28% gostam da personagem, independentemente das políticas;
e 23% aderem às ideias, mesmo que não apreciem a figura (Jornal de Notícias,
texto do jornalista Rafael Barbosa)
Sem comentários:
Enviar um comentário