Julgo que apesar de toda a especulação
feita em torno dos quase 500 mil votos obtidos nas presidenciais por André
Ventura, dificilmente teremos o Chega, tal como acontece com o Bloco, envolvido
no processo eleitoral das autárquicas a uma escala nacional. Nada disso.
O Chega é um partido com
dimensão sobretudo nacional, se quiserem aqui ou além de dimensão distrital,
não sendo por isso uma força autárquica, e dificilmente o será. Acho que tanto
o Bloco como o Chega vão selecionar algumas autarquias para concorrerem com
listas próprias, apenas para marcarem presença. No caso do Chega e de Ventura,
penso que essa selecção das autarquias a concorrer com listas próprias será
reduzida e visará, pensando nas legislativas de 2023 (caso não haja uma crise
política antes disso...) e para projectar uma nova realidade eleitoral.
Os resultados de Ventura nas
presidenciais deixaram alguns sinais, as sondagens colocam o Chega entre os 4
principais partidos nacionais, ora 3º ora 4º. Não me espanta que no caso da
Madeira o Chega possa concorrer a 1 ou 2 Câmaras Municipais para testar a sua
realidade eleitoral enquanto partido, ou seja, saber se a votação que o seu
líder obteve nas presidenciais, terá prolongamento nas autárquicas.
Admito que a "fama"
extremista do Chega dificulte a formação de listas, já que uma coisa é dar
publicamente a cara pelo partido, outra coisa é termos os eleitores a votarem
com a segurança do voto secreto no Chega ou em Ventura, certos que ninguém sabe
qual foi a sua opção eleitoral.
Isto faz-me lembrar o que se passou com o PSD, CDS e nalgumas zonas do país com o PS e nas dificuldades então existentes num Portugal revolucionário, entre 1974 e 1976, para que fossem, constituídas listas de candidatos tal a pressão e a perseguição que se verificava. Eu lembro-me muito bem desses tempos.
Uma coisa é certa: em minha opinião, o Chega de Ventura não vai arriscar nas autárquicas porque não têm estrutura para isso, não tem pessoas que garantam uma multiplicação de candidaturas, não têm um partido preparado para esse tipo de eleições. E isso tranquiliza PSD e CDS, sobretudo o PSD, porque é mais do que evidente que os votos que alimentam o Chega emagrecem desde logo o centro e a direita, com uma penetração também no eleitorado do PS, e mesmo mais á esquerdas mas com menos dimensão (LFM)
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