Marcelo Rebelo de Sousa
pareceu-me em queda nos últimos dias e algumas sondagens apontavam nessa
direcção apesar de não questionarem a sua vitória
O problema é que, de repente,
começaram todos a preocupar-se com a abstenção e com a vergonha de Portugal
poder vir a ter um presidente da República eleito por uma margem de eleitores
que o envergonha e nos cobre a todos de ridículo. Isto se se confirmarem as
previsões de uma abstenção superior a 65% - e nem falo de previsões ainda mais
catastrofistas quanto à participação de eleitores.
Uma eleição que não colocará
em causa a legitimidade de quem for eleito, mas que evidenciará uma
representatividade que poderá ser, vai ser, repetidamente questionada por
todos.
Marcelo cometeu uma primeira e
grave asneirada, muito à imagem pindérica que ele alimenta e à infantilidade
que caracteriza a sua acção política em determinados momentos. E fê-lo porque
desvalorizou as eleições e pelo convencimento de que seriam "favas
contadas". Acho que se esta campanha tivesse sido normal, no terreno, e
sem os condicionalismos que a ridicularizaram, MRS teria passado por muitas
dificuldades.
A grande asneirada que falo
tem a ver com o facto de ter prescindido de ocupar os seus tempos de antena.
Afinal o que é que MRS disse ao povo eleitor, que ideias deixou, que propostas
defende? Bastaram os debates nas televisões? Os mesmos debates que eu acho que
marcaram o princípio da queda de MRS, porque as pessoas perceberam que uma
coisa é um porreirão em Belém que gosta de selfies e que fala de tudo
até fartar-nos, outra coisa é ter uma espécie de "rainha de
Inglaterra" em Belém que tem a mania, errada, de que manda em tudo e em
todos, quando não tem poderes para coisa nenhuma.
Eu não votei nesta personagem
em 2015 e voltarei a não votar nele este ano. Nada mudou e não tenho pachorra
para dar o "agrément" a este tipo de protagonismo político que
assenta na vulgaridade, na construção mediática, na manipulação, na
contradição, nos avanços e nos recuos, na conversa da treta por tudo e por
nada, como se fosse não um Presidente mas antes um comentador televisivo com
saudades dos tempos em que ocupava espaços nas televisões, sem contraditório,
impondo a sua verdade absoluta e única. Todos os dias ele fala, todos os dias
comenta, fala de tudo e sobre tudo, protagoniza idiotices como aquela cena dos
cinco ou seis testes covid19 em dois dias, quando há portugueses que nem um
teste fizeram mesmo com sintomas, etc. E nem falo do comentador das decisões do
governo, nem da frequente invasão de
áreas que são reserva absoluta da governação. Mas também acho que as pessoas,
apesar de fartas, gostam deste teatro, desta fanfarronice, deste faz-de-conta,
deste vazio, etc.
Estas serão eleições falhadas,
se a abstenção subir a mais de 60%, que elegerão um presidente eleito falhado
em termos de necessária representatividade.
Segundo alguns sustentam, MRS
terá sido um dos responsáveis por este esvaziamento eleitoral, graças às
cumplicidades que construiu com Costa e o PS amansados...
Lembro as eleições anteriores:
2001 - Jorge Sampaio, eleito
com 53,9% dos votos (abstenção de 33,7%)
2006 - Cavaco Silva, eleito
com 50,5% dos votos (abstenção de 38,5%)
2011 - Cavaco Silva, eleito
com 53% dos votos (abstenção de 53,5%)
2016 - Marcelo Rebelo de
Sousa, eleito com 52% dos votos (abstenção de 51,3%)
Finalmente, gostaria de
sublinhar que tenho a certeza, a minha certeza, que o desfecho eleitoral no
próximo domingo vai trazer muitas surpresas, algumas inesperadas. Falo dos
resultados eleitorais (LFM)
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