segunda-feira, janeiro 25, 2021

Presidenciais: A "vitória" de Edgar Silva na derrota do PCP

 


O PCP tem um problema complicado entre-mãos. João Ferreira, o principal "protegido" de Jerónimo Sousa, actual eurodeputado, ex-candidato à Câmara de Lisboa e agora candidato presidencial derrotadíssimo, colocado por vários observadores e analistas na calha da sucessão, teve um duro revés nestas eleições, já que os seus resultados questionam a sua capacidade para liderar o PCP e, mais do que isso, a sua capacidade para ganhar eleições.

Com um discurso repetitivo, calcado do discurso do PCP - embora fosse o candidato apoiado pelo PCP - Ferreira não conseguiu construir alguma diferença, demarcar-se minimamente e construir um espaço próprio, apesar de todo o protagonismo mediático que teve. 

Algo que não aconteceu em 2016 com Edgar Silva, o tal "vilão" da Madeira que Jerónimo escolheu para candidato presidencial do PCP,  um desconhecido do pais político continental, que acabou, concorrendo também contra Marcelo, por obter um excelente resultado nas Madeira, mas um mau resultado a nível nacional.

Em 2021 João Ferreira obteve 179.495 votos e 4,3%, enquanto que em 2016 Edgar Silva alcançou 3,95% (menos) mas alcançou mais votos que Ferreira, 182.465 votos.

Isto significa, e fiquei satisfeito com  isso, que nesta derrota copiosa do PCP, a vitória de Edgar Silva foi importante, porque deixou de ser uma espécie de "ovelha negra" das opções presidenciais dos comunistas. Mesmo que Jerónimo Sousa, que nunca sabe assumir e explicar as derrotas eleitorais do PCP, tenha valorizado nas declarações na noite eleitoral, e com aquela cara de carrancudo a precisar de urgente substituição,   uma ténue subida face a 2016 quando na realidade o PCP teve apenas uma ligeira melhor percentagem (4% em 20146 e 4,3% em 2021) mas menos votos agora do que em 2016. Por isso Edgar Siva deixa de ser o tal, aquele "vilão" da Madeira que obteve o pior resultado do PCP em presidenciais. Felizmente até para isso estas eleições foram úteis e fiquei satisfeito por isso. E se compararmos os resultados de Edgar em 2016 e Ferreira em 2021 na Madeira tudo fica ainda mais negro porque não há comparações possíveis.

Mas a minha satisfação é maior - até pelo respeito que tenho por Edgar Silva e pela sua coerência política e entrega a uma causa - quando, por exemplo, se percebe que em 2016 Edgar Silva teve melhor resultado que João Ferreira em Évora, Beja e Setúbal, zonas tradicionalmente dominadas eleitoralmente pelo PCP. E que este ano as perdeu até para Ventura! (LFM)

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