sábado, janeiro 30, 2021

Nota: Irineu Barreto (80 anos e 10 anos no cargo) ainda quer continuar? Seria demasiado mau...

Eu peço muita desculpa mas com 80 anos e dois mandatos cumpridos, não tenho dúvidas que é chegado o momento do madeirense Irineu Barreto abandonar o cargo de Representante da República e ser  substituído por quem MRS entender. Aliás  é-me absolutamente indiferente por quem, confesso. 

A continuidade em funções ficaria mal, desde logo ao sistema político-constitucional e ao PR. Uma pessoa com 80 anos, mesmo que esteja na plena posse de todas as suas faculdades, tem que  perceber que deve tomar a iniciativa para ser ele próprio a facilitar essa substituição. Se o fez, muito bem, felicito-o por isso. Se não o fez, acho mal e lamento profundamente, porque que em vez de facilitar as escolhas do PR, no início de um novo mandato, isso transmite uma imagem de apego excessivo e intolerável ao lugar e às suas mordomias. Espero por isso que Irineu Barreto, repito, com 80 anos julgo que a cumprir em Fevereiro deste ano, perceba que o seu mandato tem que chegar ao fim. Não faz sentido manter silêncio - repito, salvo se já tomou alguma iniciativa junto de MRS. Embora discreto e eficaz, quando foi obrigado a intervir, acho que seria lamentavelmente a sua continuidade. Peço desculpa pela forma como abordo o tema, mas acho que as coisas devem ser feitas de forma frontal e séria - e isto não é nenhum ataque a Irineu Barreto, que nem conheço, nem nenhuma crítica ao seu mandato, mas apenas a constatação de factos irrefutáveis - e antes de serem tomadas decisões que seriam tão absurdas quão patéticas.

Acresce que MRS tem o dever moral de usar neste caso o mesmo critério que utilizou quando aceitou a mudança do Presidente do Tribunal de Contas e da Procuradora-Geral da República propostas pelo governo de Costa. Espero que a sua habitual memória curta não o faça adoptar medidas diferentes para situações iguais, só porque lhe convém e o livra de chatices das quais foge como o "diabo da cruz". E para a Madeira, com o devido respeito e ainda por cima a braços com um tempo novo, carregado de dúvidas e incertezas, acho que seria uma provocação não mudar o Representante da República há 10 anos no cargo, por muito empenho que ele coloque em manter-se no cargo e continuar a beneficiar das mordomais a ele associadas.

Uma nota pessoal final: sou, por princípio, frontalmente contra a existência desta figura, tal como sempre fui contra a existência do Ministro da República. Sei que alternativas possíveis, no quadro constitucional, nunca foram discutidas, consciente de que isso passa também pela concordância dos Açores e da Assembleia da República que é quem terá sempre as última palavra neste processo. Julgo também, segunda nota pessoal, que o PSD-M, que esteve sempre contra este cargo, dificilmente acetaria envolver-se, directa ou indirectamente, no exercício do mandato, expondo-se ao ridículo e à contradição que daí resultaria. É o que eu acho, mas hoje já não sei mesmo nada... (LFM)

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